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HomeBudismoArtigosPerguntas & Respostas5.1. Ética prescritiva

5.1. Ética prescritiva

Todos os casos em que são necessárias decisões éticas são tomadas sob consulta aos ensinamentos? Os votos e prescrições estão acima da consciência e critério imediatos da pessoa?

Em todos os casos, antes de meramente se fiar na ética prescritiva, isto é, em regras e votos, é preciso avaliar a situação como uma especificidade, e não como uma generalidade, e agir de forma que seja benéfica e efetiva — até se pessoa possa avaliar com a maior atenção, cuidado e dedicação possíveis. Se não conseguimos uma boa avaliação cuidadosa, seguimos os votos e prescrições com confiança. Afinal de contas, não vamos contar com um professor que possa avaliar por nós mesmos, em todas as circunstâncias que encontrarmos. Precisamos desenvolver uma vida ética, e isso se faz tanto seguindo as prescrições e votos quanto refletindo compassiva e cuidadosamente sobre cada ação que produza impacto no mundo — isto é, toda e qualquer ação.

Em todos esses tipos de pergunta a resposta é "avalie o caso com interesse verdadeiro e faça o melhor que conseguir do ponto de vista que seja mais benéfico para todos os envolvidos". Os votos e prescrições são um ótimo croqui, um esboço que o Buda e os grandes praticantes ao longo do tempo nos deixaram, porém a interpretação da situação e de como adequar nossa capacidade e nosso entendimento dos ensinamentos com a situação é responsabilidade totalmente nossa. E o Buda sempre deixou bem claro que é necessário avaliar os ensinamentos e testá-los com cuidado, o que vale também para os votos e prescrições.

Como manter o preceito de não matar, quando alguém verdadeiramente quer lhe causar o mal através de violência ou morte?

Para defender vidas você pode matar. A virtude é mais forte que a desvirtude, isto é, se uma virtude maior compensar, então uma desvirtude menor pode ser realizada. Se conta nos Jatakas que o Buda matou o capitão de um navio que causaria a morte de 500 pessoas.

Agora, o que não pode haver é raiva. Na medida em que houver, raiva, nojo, medo, vingança, desprezo, aversão, nessa mesma medida o carma negativo da ação se acumula. Quando alguém mata livre de qualquer uma das aflições, aversão, apego ou indiferença, a ação, em si, não é uma desvirtude — em particular se ela produz virtude. Então o Buda ao matar o capitão não deve ter sentido mais que compaixão por ele como um possível assassino de 500, não guardou nenhuma má vontade para com ele. Foi como se submeter a uma cirurgia para tirar uma vesícula biliar muito problemática — nós não queremos agredir a nós mesmos, não temos raiva nenhuma da vesícula, não ganharíamos nada ao nos focar na vesícula como um inimigo — mas ela não pode ficar, caso contrário, pode estourar, inflamar, e se não estivermos próximos a um hospital, morreremos. Então, sem aflições mentais , tiramos de nós mesmos algo que não está funcionando bem, mas que não é errado por si só.

Poderia explicar melhor os conceitos de: conduta sexual inadequada, falar inutilmente e obtusidade mental?

Conduta sexual inadequada é aquela conduta que sexual que produz sofrimento para você ou para outra pessoa. Por exemplo, outra pessoa espera de você que você só faça sexo com ela, e você deixou suficientemente claro que iria ser assim, mas depois você trai a confiança dessa pessoa fazendo sexo com outra, e ela vem a saber. Nesse caso se configurou conduta sexual inadequada. Qualquer situação em que através do sexo você cause sofrimento para si ou para outro configura conduta sexual inadequada.

Falar inutilmente é se engajar em conversas que não digam o que é benéfico ou pode ser usado em benefício de outrem ou de si mesmo. Também se engajar em emoções inúteis, que não promovem hábitos mentais saudáveis para você e para os outros — como certos tipos de entretenimento, ou certa perspectiva passiva diante de determinados entretenimentos.

Obtusidade mental é ser indiferente ou não se importar com o ambiente ao redor, os outros ou a si mesmo — não se importar no sentido de não se engajar na virtude, e sim se engajar em pensamentos e hábitos mentais neutros ou negativos.

Qual a orientação budista sobre as práticas sexuais? Devemos fazer algum tipo de abstinência ou podemos nos engajar nelas à vontade?

Caminho do meio. Monges praticam abstinência. Praticantes em geral deveriam utilizar a sexualidade de forma que não seja perturbadora para si mesmos e para o parceiro.

É possível uma relação sexual sem amor (mas que também não seja "apenas desejo") gerar bom carma?

Sim, mas supondo que você esteja falando em amor romântico, não no amor com o budismo o entende. Numa relação consensual onde pelo menos uma das partes sente prazer, a(s) parte(s) que tinham a intenção e agiram de forma a causar essa felicidade temporária geram mérito. Porém essa é a definição de amor no budismo, desejar a felicidade do outro — mesmo que essa felicidade seja pequena e dure pouco (e desde que essa curta duração e pequena amplitude não implique em maior sofrimento depois). Na medida em que aflição surja, e principalmente, que haja intenção de causar aflição, nessa mesma medida, há carma ruim. Então na grande maioria dos casos o carma é misto. Apenas em casos raríssimos o carma é completamente bom (sexo entre meditadores que não desenvolvam aflições, nem tenham nenhuma intenção de gerar aflições). E em todos os casos em que não há intenção de proporcionar felicidade ao outro, nesses casos o carma é totalmente ruim.

Entre as aflições estão as aflições mentais, tais como o apego, a inveja, o ciúme. Também algo da provocação mútua – muitas vezes no âmbito monástico se faz a pergunta: “o que é melhor, coçar uma coceira ou não ter a coceira em primeiro lugar?” A sexualidade pode ser muito perigosa nesse sentido, quando queremos intensificar “a coceira” no outro, e não temos nenhuma clareza sobre como, por exemplo, usar a energia das aflições no caminho.

Há aspectos sadios e doentios daquilo que no ocidente chamamos de "amor" em seu sentido romântico. Há apego, dependência etc. Mas há também aspectos bastante positivos. Então nosso objetivo é desenvolver os aspectos sadios de empatia e vontade de ver o outro feliz, e abandonar os outros aspectos.

Gostaria de saber como o ato sexual entre duas pessoas de comum acordo, respeito e amor é visto no budismo. Qual a função dele? Gera carma positivo?

A ação pode produzir carma positivo, mérito, mas não necessariamente. Se houver amor como o amor é definido no budismo, sim — se for amor com apego, surgirá um mácula no mérito gerado, isto é, não será tão meritório — podendo até deixar de ser meritório de acordo com as aflições mentais que surgirem.

Em geral a ação sexual é engajada por desejo e apego, isto é, a pessoa deseja gratificação. Na medida em que ela oferecer gratificação ao outro, ela gera mérito. Então uma relação sexual quanto mais livre de egoísmo for, mais meritória será.

Em geral, no entanto, tendemos ao egoísmo, e no geral, portanto, a relação sexual não é meritória, e em alguns casos produz mesmo mais carma ruim do que bom. Por isso é necessário praticar o darma, de forma que todas as nossas ações possam ser cada vez mais virtuosas, sejam de que tipo forem.

Procurar sexo pago gera carma negativo?

Isso depende da sua motivação. Se você vai causar sofrimento aos outros e a si mesmo, sim, se não, não.

Pagar (ou receber) dinheiro por sexo é uma ação não virtuosa?

Tradicionalmente não. Mas barganhar e disputar (como num leilão), sim. Dizer que paga mais e assim frustrar outro cliente, por exemplo. E, óbvio, exploração sexual é uma desvirtude.

Porém numa relação consensual onde há troca de favores, inclusive dinheiro, não há nada de peculiarmente pior em isso envolver sexo. A não ser que a própria pessoa se sinta mal com relação a isso: mas ela não precisa se sentir.

Nas culturas tradicionais, machistas, da Ásia, não é considerado desvirtude nem mesmo para um homem casado. Nos dias de hoje e na cultura ocidental, evidentemente que, muitas vezes, nesse caso seria desvirtude. A não ser que seu cônjuge seja muito compreensivo caso fique sabendo. É desvirtude na medida em que haja sofrimento para alguém — e em muitos casos há exploração, e ao ficar sabendo de algo o cônjuge pode ficar perturbado. Assim é preciso avaliar caso a caso.

Algumas vezes se ouve, de professores, que pagar por sexo é melhor do que masturbação — porque seria menos egoísta. Mas isso, é claro, depende bastante de como o cliente trata o profissional do sexo.

Ter múltiplos parceiros não gera mau carma (mesmo que não haja sofrimento)? Ou ciúme e apego são piores do que isso?

Só há mau carma quando quatro condições estão estabelecidas: intenção embasada em um dos três venenos (1), objeto da ação é individualizado e reconhecido (2), a ação é posta em execução (3) e é efetivada (4). Se não há intenção com base em um dos três venenos, a primeira condição, não pode haver mau carma.

No caso da ação sexual, se há apenas desejo, sem consideração pelo que o parceiro sente antes, durante e depois, existe mau carma. Mesmo que haja algum sofrimento, mas no geral a intenção seja altruísta e boa, daí o carma positivo pode ser maior.

Ter múltiplos parceiros sexuais não gera mais mau carma do que ter um único parceiro — se com os primeiros há menos aflições mentais, no total, do que com o único do segundo exemplo. Porém o mais comum é que a perturbação se amplie, e o sofrimento gerado por expectativas frustradas aumente, com o número de interações — se a pessoa não consegue usar a sexualidade de forma totalmente benéfica, nem olhar para o outro sempre com verdadeiro amor e compaixão, o que algumas vezes não conseguimos com um único parceiro. É preciso ser um grande praticante para coadunar um estilo de vida intenso assim com a prática — não é impossível, mas é extremamente raro.

Qual o ponto de vista do budismo sobre a masturbação? Como faço para superar o hábito de me masturbar?

Considerando a pergunta anterior sobre sexo pago, masturbação é considerado algo pior. Simplesmente você não beneficia ninguém e apenas vivencia uma felicidade muito pequena, segundo o budismo, aos custo de grande energia vital — sem falar que ao fantasiar e assim por diante, você treina em apego e desejo.

Porém, entendo que não seja algo fácil de se evitar, e acho que a maioria dos praticantes recorre a isso. Há instruções sobre como transformar isso pelo menos em parte numa prática espiritual, mas devem ser recebidas de um mestre qualificado.

Posso relatar algo que me ajuda muito. Quando fiz jejum alguns meses atrás percebi que me ajudava imensamente não pensar em comida. Quando eu começava a pensar em comida, imediatamente eu voltava meu pensamento para outra coisa — como eu estava fazendo prática, eu tentava voltar meu pensamento para compaixão. Então quando algo desperta nosso desejo, uma coisa que vemos ou lemos, podemos parar e escolher se queremos seguir isso com mais pensamentos do mesmo tipo ou pensar em outra coisa. Para ajudar em todas essas circunstâncias onde poderíamos ter mais espaço entre o pensar e o agir, a meditação é essencial. Assim a pessoa pode exercer liberdade, e não apenas seguir os próprios hábitos.

De outra forma, passo a passo. Não ajuda transformar o evitar da masturbação num foco constante. Ajuda focar em outras coisas, e a cada tropeço, se recolocar num caminho um pouco mais virtuoso.

Isso não é diferente de falar rudemente, ou qualquer outra desvirtude não tão cintilante quanto as de cunho sexual. Isto é, se você não ficar remoendo pensamentos contra alguém, é mais difícil que você venha a dizer algo que magoe essa pessoa. E se você diz, ajuda se arrepender e procurar deliberadamente evitar da próxima vez. E é certo que uma mera decisão não vai mudar hábitos arrebanhados por vidas incontáveis — então precisamos ter paciência com nós mesmos.

Qual é a visão do budismo sobre masturbação?

Para os monges, como toda forma de ação sexual, é considerada uma violação de voto — ainda que menor do que o intercurso. Um monge que pratique intercurso perdeu a condição de monge. Um monge que se masturbe ou seja masturbado por alguém, apenas comete uma violação de seus preceitos, que pode ser "remendada".

Para os leigos, vale o mesmo do que com as drogas. É preciso desenvolver um foco mental suficiente que nos torne capazes de observar cuidadosamente nossa própria mente em todas as nossas ações. Assim abandonamos o veneno quando reconhecemos que é veneno. Se não reconhecemos, podemos seguir um croqui, como o que os mestres prescrevem — e algumas vezes a masturbação é mencionada como desvirtude para os leigos. Mas a pessoa deve averiguar isso com cuidado.

Quais as consequências da pornografia e seu consumo na visão de mundo budista? Ela deveria ser combatida ou deve ser tolerada?

O praticante sempre deve observar como consegue, ou não, integrar algo em sua prática. Eu diria que é difícil, mas novamente, talvez não seja impossível. Embora há de se considerar que a indústria pornográfica como um todo tenha muito possivelmente um impacto bem mais negativo do que o possivel impacto positivo que cria.

Fora do escopo de um praticante, fica difícil determinar. Creio que há jurisdições: as sociedades mais tradicionais não aceitam bem a produção e o consumo de pornografia; já as sociedades modernas tem nichos, não de praticantes, em que precisamos talvez manter um grau liberal de flexibilidade para acomodar as diferentes visões dessa sociedade múltipla. Uma atriz pornográfica ainda é bastante estigmatizada, e podemos dizer que sofre um processo de degradação ao participar dos filmes, porém, isso já é bem menor na sociedade moderna. Em outras palavras, numa sociedade tradicional, essa atividade causaria um isolamento completo de qualquer possibilidade normal de interação social; já na sociedade moderna, uma pessoa assim é aceita em muitos ambientes. O budismo pode depor contra certos aspectos da produção cultural, mas em todo caso é temerário que o budismo assuma uma posição que se feche a uma visão mais liberal e plural da sociedade.

Por isso há diferença na questão quanto ao que um praticante deve pensar e fazer em termos de sua vida privada, e o que deve pensar e fazer em termos de ativismo na esfera pública.

Sexo fora do casamento é errado?

Não existem pecados no budismo, a pessoa precisa só avaliar, em qualquer coisa que ela faz, se isso produz malefício para ela ou para um outro ser. Se não faz, e, em particular, se traz benefício a longo prazo, a pessoa pode fazer.

Não há nada de errado com sexo fora do casamento, desde que não produza sofrimento para ninguém.

No Catolicismo o casamento é indissolúvel e quem se une a uma mulher que já foi validamente casada comete adultério. No Budismo há algum problema em se unir a uma mulher que já teve outros homens ou já foi casada?

Casamento é uma questão civil, baseada em costumes. O que quer que seja apropriado para uma época e local, está bem. Isso inclui poligamia e poliandria — em sociedades e épocas que as aceitam bem. Não há nenhuma noção especial vinculada a virgindade ou número de parceiros.

A união em família deve ser embasada na prática das perfeições, fora isso, não há nenhuma especificação quanto ao que é um bom núcleo familiar — ou um bom relacionamento entre as pessoas, quer envolva troca sexual, afetiva, ou de outro tipo.

A promiscuidade, no entanto, em geral é um indício de que ações não virtuosas (como desapontar os outros com promessas, ou criar falsas expectativas) estão sendo realizadas. Mas há casos de seres iluminados que pareceriam promíscuos a nossos olhos, como Drukpa Kunley, um mahasiddha butanês que conduziu oito alunas-namoradas à iluminação completa e criou interdependência positiva com os ensinamentos para outras 3.000. Esses casos são raros, mas há muitas histórias de seres iluminados que fogem completamente as convenções sociais de uma época, ou da maioria das épocas, e mesmo assim não estão cometendo desvirtude.

Com relação a postura pública, o budismo apoia os costumes da época e do lugar — e quando eles estão em transição, há tensões naturais entre conservadores e progressistas como em todas as formas de agregados de seres humanos não iluminados. As coisas podem mudar para mais rígidas ou mais soltas, e ambas as coisas podem ser boas ou ruins — na medida em que ambas as coisas podem levar os seres à desvirtude. Então não existe generalidade quanto a posturas de ética pública. Como praticantes, cada caso é visto como um caso. Budistas em posições proeminentes, formadores de opinião, precisam, portanto, estar mais perto da onisciência, para não apenas estarem aleatoriamente apoiando ou refutando estas ou aquelas tendências da cultura.

A ética budista é bastante simples, o que causa sofrimento para você e para os outros deve ser evitado — e você deve examinar cada ação e tentar fazer o melhor para evitar o que cause sofrimento para você e para os outros. Há croquis, como uma lista de desvirtudes, como mentir e matar — mas já vimos que há casos onde essas ações podem ser virtudes, ou pelo menos a menor entre duas desvirtudes inescapáveis. É bom lembrar também que a negligência e a indiferença também causam sofrimento. Sem causar dano algum, é só esse tipo de coisa que se pode dizer. Dizer algo do tipo "assistir Crimes and Misdemeanors do Woody Allen é condenado pelo budismo" não faz nem sentido do ponto de vista budista — mesmo numa coisa tão específica há tantas condições que podem tornar essa atividade positiva, neutra ou negativa que seria impossível para qualquer um, senão o Buda, dizer se para uma determinada pessoa, num determinado local, isto ou aquilo é correto. Pior do que isso, o Buda diria "mas você precisa reconhecer isso com os próprios olhos" — então mesmo que a dica do Buda seja perfeita, precisa, irreparável — a deliberação ética é sua, é essa a instrução essencial do Buda. Se o Buda deliberasse por você, aí ele seria culpado de muitas coisas — e os seres não teriam valor algum. A sua mente é o Buda, você precisa revelar isso, então você precisa despertar a onisciência latente, através de experimentos repetidos. O croqui é muito simples, causou sofrimento, sofreu, e sofrer não é bom. Mas tudo que o Buda faz é apresentar alguns conceitos genéricos, que você vai precisar, com seu trabalho intelectual e vivencial, verificar e aprender a usar em cada peculiaridade, cada momento, cada evento. O Buda pode te dar um prato de comida, mas ele não pode comer por você.

Mentir para poder praticar o Darma tudo bem?

Não é bem assim. Você precisa examinar as consequências da sua ação bem como sua intenção — e ser essencialmente honesto dentro de suas capacidades de entender o que pode acontecer e quais são suas verdadeiras motivações.

Assim, mentir que se está doente para faltar um dia de trabalho para ouvir ensinamentos que raramente são dados, de um professor que raramente vêm a sua cidade... em geral o carma negativo é irrisório perante do mérito gerado. Agora, se aquele era um dia importante no trabalho e você vai realmente deixar pessoas na mão, causar sofrimento efetivo, daí a situação é diferente. Digamos que você é um profissional da área médica — mentir ou não mentir (sobre estar doente e não poder trabalhar, por exemplo) não é o ponto, mas o impacto que isso vai causar nos pacientes e nos seus colegas de trabalho é o que importa.

Agora, de fato se a pessoa tem consciência verdadeira e altruísta da raridade e profundidade dos ensinamentos, e compromete-se a aplicá-los — nesse caso, ela pode escolher gerar um grande mérito em detrimento de um pequeno demérito. Mas isso, como sempre, é caso a caso. E, em todo caso, a pessoa precisa reconhecer que está arcando com uma grande responsabilidade, porque ela não é onisciente e desconhece todas as ramificações de seus atos. Com consciência disso, ela age como for mais adequado — muitas vezes coisas pequenas podem se tornar grandes dilemas morais. Isso faz parte da prática.

Há escolas budistas que vão dizer que não se deve mentir em nenhuma hipótese, mas no mahayana, para salvar a vida de um animal, por exemplo, se pode e se deve mentir para um caçador. Um praticante do hinayana ficaria em silêncio — evitando de alguma forma mentir e também evitando ajudar o caçador — ou a presa. Porém o mahayanista assume para si todo o sofrimento do carma de uma mentira para ativamente proteger o animal. Isto é, se o animal foi para a direita, o mahayanista diz que ele foi para a esquerda. Ele nem mesmo fica em silêncio.

O que caracteriza "heresia" no budismo tibetano?

Na lista de 10 desvirtudes, a décima é normalmente traduzida como "manter visão errônea", e isso poderia, talvez, ser traduzido como "heresia". Por exemplo, manter a ideia de que produzir sofrimento nos outros pode trazer felicidade para nós mesmos — isso é uma visão errônea.

No caso do vajrayana, aceitar alguém como guru e depois não seguir suas instruções ou mesmo vê-lo (depois de aceitá-lo como guru, é bom enfatizar) como tendo defeitos, é uma "quebra de samaya". Então é preciso ter cuidado com os compromissos que se vai firmar no vajrayana. Tradicionalmente é adequado examinar alguém por pelo menos 8 anos antes de aceitar como guru.

Se uma pessoa está em desacordo com o seu professor, ou com alguém que você pelo menos gostaria de ter como professor, você não deve manter mais que uma relação cordial afastada com essa pessoa. Você deve evitar criticá-la, ou defender seu professor perante ela, mas também deve evitar manter associação de qualquer tipo com ela. Isso, novamente, vale para o vajrayana — mas vale para o budismo em geral se estamos falando do Buda como nosso professor maior.

Se alguém agride fisicamente um budista, o que ele deve fazer? Dar a outra face? Fugir? Tentar neutralizar o agressor?

Caso a caso. O próprio Buda num dos contos jataka (sobre suas vidas passadas antes de se tornar Buda) matou o capitão de um navio que causaria a morte de 500 pessoas. Embora matar seja uma desvirtude, matar 499 por negligência é uma desvirtude muito pior. Naquele caso, não matar seria não virtuoso.

Quando somos tratados de maneira rude, pode valer a pena repreender a pessoa que age assim?

Só se a pessoa repreendida tem respeito por você, em outras palavras, só se isso vai ser efetivo. É extremamente rara a situação onde isto é efetivo, e, em geral, a pessoa ganha esse respeito sendo mansa ao longo de incontáveis interações. Só daí ela vai dar um efetivo rugido de leão, quando isso for necessário e efetivo. O melhor é sempre ensinar por exemplo, sem impor nenhuma virtude de "cima para baixo" — o que é não só impossível, mas contraproducente.

Como devemos agir quando vemos alguém ofendendo ou agredindo injustamente outra pessoa?

Se algo efetivo e benéfico pode ser feito, é o que deve ser feito. Se você não está numa posição em que pode agir de forma benéfica numa determinada situação, o melhor é não agir, mas aspirar e continuar tentando achar uma solução para o problema.

O problema de retaliar é que isso só é efetivo se somos respeitados. Então o melhor é dar o exemplo e ser respeitado, de forma que quando precisemos agir, isso seja efetivo. Simplesmente responder com uma medida parecida, em geral, não funciona e produz mais problemas para todos envolvidos. Outra coisa que pode ser feita é contatar uma autoridade que possa interferir no assunto.

O ponto crucial é defender todos os envolvidos de maior sofrimento. O agressor virá a sofrer mais, portanto ele é o objeto de maior compaixão. Tudo que possamos fazer para evitar que alguém crie causas para sofrimento futuro deve ser feito.

Pode dar um exemplo cotidiano do que é uma fala inútil e uma fala útil?

Muito simples, o que é informativo, agradável, verdadeiro, é fala útil. Você fala no momento adequado, o que deve ser falado, sem usar mal o tempo dos outros. Alguém pergunta "você é fulano:" e você diz "não, não sou". Fala inútil é quando você fala de coisas sem propósito, no momento errado "você viu o jogo ontem?" Mesmo que a pessoa goste de futebol, mas esteja ocupada de outra coisa, e especialmente no caso onde uma pessoa não tem o menor interesse em futebol. Conversar sobre os outros, de forma geral "viu como fulana é louca?" e assim por diante.

Ser irônico e cáustico vai contra as leis do budismo?

Não existem leis no budismo, mas se você causa sofrimento aos outros com sua fala, isso resultará naturalmente em sofrimento para você. Se você usar sua fala virtuosamente, então isso lhe trará benefício.

Se a sua ironia, intensidade na fala, assim por diante, for benéfica as pessoas num sentido último, e em particular, se sua motivação for o benefício dos outros, nenhum ato de fala em particular precisa ser abandonado — caso estas condições estejam presentes.

Em geral é difícil coadunar a ironia com uma fala benéfica aos outros, mas isso não é impossível.

A ética budista tem algo a dizer sobre os downloads não autorizados de filmes, músicas, livros, etc.? Essa ação produz carma negativo?

Há grande debate nessa área. Porém, segundo o Cânone Páli, uma coisa só é roubada se é subtraída. Então cópia não é roubo. Mas, na medida em que causa sofrimento, há carma. O difícil é estabelecer o que é sofrimento causado e felicidade não causada – porque frustração de lucros não é exatamente sofrimento causado, e sim felicidade não causada. De toda forma, a prática de generosidade é muito importante, além da mera ética.

Com certeza, porém, isto não se enquadra no voto de não roubar, porque o objeto precisa ser “retirado”, você precisa privar a pessoa de um objeto ou serviço. O carma existe mesmo que ela não perceba, ou nunca venha a saber que foi privada. No caso de cópia, as expectativas de lucro dos criadores e distribuidores (!) são frustradas – em que medida essas expectativas são realistas, e o sofrimento é causado pela cópia, ou não são realistas e a cópia não influencia neles, nessa medida há carma ou não há carma.

De forma geral, se a cópia não é feita para lucro, não é considerada uma desvirtude – embora possa haver um carma residual, e mesmo um pequeno carma deve ser evitado. Nesse caso, o mérito envolvido na ação deve ser feito maior através da prática (regozijo, dedicação de méritos etc.).

Outra consideração quanto a esse ponto é obediência a leis. Modo geral, o Buda aconselhava que a Sanga obedecesse “ao rei”, desde que isso não entrasse em desacordo com os ensinamentos. Mas pode haver precedente para a desobediência civil no caso de alguém que faça, por exemplo, ativismo contra as leis absurdas de copyright ou patentes (de medicamentos, por exemplo) como uma forma de beneficiar os seres.

Com relação a cópias do próprio darma, mesmo que um autor tenha colocado muito trabalho em traduzir ou explicar as palavras do Buda, as palavras do Buda não devem ser vendidas em primeiro lugar. Então se alguém nos impede de copiar o darma, ou ela está sendo mesquinha com os ensinamentos, ou buscando lucro pessoal.

Personagens de jogos de videogame violentos são objetos de compaixão? Há algum problema em jogá-los? E em gostar de filmes violentos como os de Tarantino?

Personagens não são objetos de compaixão, apenas seres sencientes. Pode haver problema em treinar a mente para a desvirtude com entretenimento, mas isso depende unicamente de como a pessoa se envolve com o entretenimento. Se a pessoa regozija com uma vingança num filme, por exemplo, ela gera carma negativo — da mesma forma que se ela mata alguém em um sonho ela gera carma negativo — ele não é tão forte quanto um carma negativo que advém de outro lugar que a mente, mas em certo sentido, é essa criação de hábitos e envolvimento com tramas que nos colocou no samsara em primeiro lugar.

Então, com certeza há entretenimento mais fácil e mais difícil de integrar com a prática, e a pessoa deve ser criteriosa com relação ao que ela consegue integrar ou não. Em geral a motivação dos envolvidos na criação do entretenimento também importa, já que estamos nos envolvendo com eles, muitas vezes num pacto de mediocridade.

Um praticante excelente pode usar qualquer coisa na sua prática, já nós não somos capazes de praticar em certos ambientes, com certas pessoas, em certos momentos, e assim por diante — quando reconhecemos isto, evitamos aquilo que vai produzir aflições mentais em nós mesmos e nos outros. Quando estivermos num nível de prática em que tudo pode ser integrado, então não precisamos mais tomar esse cuidado — é como um elefante que toma banho na lama, e o outro que cai na areia movediça. Se ele não sabe distinguir, melhor não dar o primeiro passo.

Quem apoia ditaduras genocidas como as de Cuba e da China tem mau carma e vai pro inferno?

Depende do apoio e depende da intenção. Se uma pessoa é ignorante dos fatos e apoia um governo corrupto (ou de alguma forma malévolo) numa mesa de bar, esse é um carminha negativo quase irrelevante – próximo à fala inútil. E claro, todo carma, não importa o tamanho, deve ser evitado. Agora, se a pessoa patrocina esse governo, e principalmente se ela comete desvirtude em termos desse governo, por motivação ideológica, então ela gera carma negativo. Na verdade, até se ela cometer desvirtude em nome de um governo bom, por um "faz de conta" ideológico, no qual ela acha que trará muito benefício, mas está considerando as coisas através de um viés muito distorcido, e com uma motivação aparentemente boa, mas na verdade bem torta, nesse caso ela produz bastante carma negativo também.

Digamos que uma pessoa leia 1984 ou Admirável Mundo Novo (que é um pouco mais semelhante ao caminho que foi trilhado no ocidente) e regozije com a forma de governo de uma dessas distopias. Mesmo em se tratando de um governo ficcional, ela gera carma negativo. Então, não seria necessário dar exemplos como Cuba e China, que, com certeza, são exemplos mistos, isto é, por mais que consideremos que muita coisa ruim, em especial a inexistência da democracia, ocorra nesses governos, não podemos ignorar que eles não são 100% ocupados de negatividade, e, com certeza, não foram criados com 100% de intenção negativa. Na medida em que a própria pessoa se envolva com ignorância, aversão e apego, nessa mesma medida ela vai gerar carma negativo. Exemplos específicos são extremamente difíceis, porque as campanhas de desinformação por todos os lados são enormes. Mas, de forma geral, se pode dizer que sim.

Se a pessoa "vai para o inferno" isso depende de uma série de circunstâncias outras, como os outros carmas da pessoa nesta e em vidas passadas. Se a pessoa acumular carma negativo suficiente, ela com certeza gera uma experiência de inferno. É isso, aliás, que se quer dizer por "carma negativo suficiente". Se um determinado carma negativo é suficiente, só um Buda pode dizer. Mas a acumulação de carma negativo, em geral, leva ao inferno.

Assistir notícias sobre assassinatos na TV, assim como, ver filmes de terror, gera carma negativo?

Não necessariamente. Se a pessoa regozija com uma morte, uma vingança, assim por diante, ficcional ou factual, aí existe algum carma ou pelo menos "carma de mente", que é a reificação de tendências habituais daninhas. Já se ela gera compaixão, então não. Ela pode nem mesmo gerar compaixão, mas simplesmente assistir a sua mente, e ver como ela se entrega perante a narrativa apresentada, e treinar em entrar e sair daquele sonho criado pelo diretor pode até mesmo ser um treinamento para a lucidez no cotidiano — quando temos medo e nojo, no caso de filmes de terror.

De fato tenho um certo desprezo por praticantes budistas que não assistam a filmes de terror (ou algum outro gênero específico). Se me dizem "ah, eu vejo para espairecer — terror não me deixa espairecer", então me irrita profundamente. Eu assisto todo tipo de filme para "espairecer", e embora eu abandone a prática o tempo todo, pelo menos estou ciente que ela nunca deve ser abandonada — então eu quero um dia ser capaz de ver qualquer tipo de filme, e não interessa se eu gosto ou não gosto. Algumas vezes assisto filmes ruins mesmo. Não tão ruins que são divertidos ou é irônico assistir. Filmes bestamente classe-mediamente boçais mesmo, sem nenhuma diversão ou ironia. Meu objetivo é encontrar um jeito de não perder tempo mesmo na mais profunda perda de tempo. Assim, alguns filmes são um desafio de clichês, que impedem qualquer tipo de reflexão, ou tomam tanto a mente em banalidade e tédio, que para mim pessoalmente é muito difícil de coadunar com a prática. Então é um bom exercício encontrar a prática no tédio. Algumas vezes eu até assisto com a coluna ereta, ou em postura de meditação.

O Budismo tem algum ensinamento sobre jogos de azar e loterias?

Jogos em geral, como fala inútil, são "emoções inúteis". Como todas as outras coisas, alguns praticantes são capazes de integrar estas coisas como prática, outros não. Aqueles que são capazes de reconhecer, ou pelo menos estão em dúvida, sobre sua capacidade de integrar algum entretenimento ou emoção inútil com a prática, devem abandonar isso e procurar priorizar seu uso do tempo — que é muito curto, com o futuro sendo muito incerto.

Da mesma forma, com relação ao modo de vida correto, ou, melhor dizendo, o modo correto de ganhar a vida, um budista deveria — a não ser que tenha elevada realização e consiga transformar essas atividades — abandonar uma atividade financeira que leve as pessoas a emoções negativas ou inúteis. Assim, budistas, em geral, não devem ser donos de bar, lotéricas, e assim por diante. Mas pessoas nessas circunstâncias não são levadas a abandonar suas atividades para poder abraçar a prática budista. Mesmo uma pessoa que trabalhe num abatedouro pode praticar o budismo, e, idealmente, não haverá pressão da sanga, apenas a pressão da própria consciência da pessoa.

Praticar artes marciais gera carma negativo?

Marcial é "de guerra". Mas se for um esporte, e não machuque ninguém, não há problema. Pessoalmente, acredito que não há muita coisa boa em esportes de risco como a Fórmula 1, e esportes que degeneram muito o corpo do atleta, como o boxe. Ou esportes de alto risco como a F1, onde parece que parte da emoção é saber que as vidas dos participantes estão por um fio — e onde já vimos tantos morrerem. Coisas como judô me parecem sensatas, mas outras artes marciais de impacto, daí não.

O Budismo tem alguma sugestão sobre castrar ou não castrar animais de estimação?

A maioria dos praticantes e professores budistas que conheço castram seus animais de estimação.

Do ponto de vista do budismo, tatuar e ser tatuado são consideradas práticas inapropriadas? Por quê?

Tatuagens com temas ligados ao darma são ruins porque a pessoa desrespeita esses símbolos com grande facilidade, e não pode se prostrar a eles. Além de gerar discursividade na mente dos outros. O mero deitar sobre a imagem, ou deixar alguém deitar sobre ela, e assim por diante, são desrespeitosos.

Tatuagens com outros temas, de forma geral, são desnecessárias e embasadas em vaidade, aumento de conceitualidade, e até mesmo, automutilação. No entanto, dependendo da circunstância e motivação, podem ser neutras ou até positivas. Não conheço professores budistas que impeçam alguém de se tatuar. Mas, com certeza, é muito rara a circunstância onde a tatuagem produz mais benefício do que malefício. Mesmo no caso onde ela seja essencialmente neutra, e não perturbe nenhuma mente, nem o portador, nem o tatuador — ela é uma perda de tempo e recursos. Algum pequeno mérito pode haver no regozijo temporário que alguém possa ter ao ver uma imagem bonita — mas a mesma imagem fora da pele possuiria a mesma beleza. A imagem na pele diz algo sobre quem a porta, e diz algo para quem a vê sobre quem a porta — essas mensagens são, no mínimo, arbitrárias — como arbitrárias, são perda de tempo.

Na resposta à pergunta sobre tatuagens, você falou em "gerar discursividade na mente dos outros". Poderia por favor falar mais a respeito? Especialmente: em que condições a arte ajuda/atrapalha o darma?

A pessoa que expõe uma tatuagem como que já abriu a boca sobre si mesma sem nem ter falado. É uma espécie de tagarelice. E mesmo que ela esteja um pouco escondida... ela é feita para ser vista, por alguém, e para dizer algo. É uma espécie de publicidade ideológica, uma forma de reforçar a identidade e de se colocar no mundo — aliás, é por isso exatamente que elas são prezadas por quem as fazem. Porém, dificilmente passam mais do que uma impressão de "olhe para mim", "veja o que eu fiz deliberadamente".

Mas você deveria perguntar sobre isso a um mestre qualificado. Eu não conheço nenhum que tenha tatuagens, mas seria melhor encontrar algum — mesmo que ele as tenha feito antes do darma — e investigar de onde surge esse impulso.

Penso em fazer uma tatuagem com o mantra do guru. É apropriado?

De forma geral, como já respondido, tatuagens não são recomendadas para praticantes — embora daí, no caso de tatuagens em geral, não ligadas ao darma, possa se analisar caso a caso, e com certeza possa existir situações de nicho onde haja benefício na prática de fazer tatuagens. Mas tatuagens com motivos do darma não são apropriadas de qualquer forma. A pessoa nunca conseguirá se prostrar perante a representação do corpo, fala ou mente do Buda tatuada, e possivelmente dormirá em cima dela, e assim por diante.

Existe de fato a instrução de não se sublinhar/marcar textos ou livros budistas? E a recomendação de se colocar os livros em lugares altos nas estantes, ou não caminhar sobre os textos? Não segui-las gera carma?

Sim, este é um treinamento da mente bastante estabelecido, faz parte do voto de refúgio (no darma). Com certeza gera mérito segui-lo, bem como uma interdependência desafortunada surge de não seguir essa simples etiqueta que protege a mente do praticante.

De fato, todos os textos devem ser bem tratados, em particular os religiosos, e em particular os budistas. Não se deve nem mesmo colocar uma estátua de Buda, um vajra ou um sino acima de um texto budista.

Ao tratar os textos com respeito, o conteúdo deles passa a ser lido dentro desse ambiente mental de respeito criado pela formalidade. Esse é o sentido de toda prática formal e de todo o treinamento da mente.

Retorne ao índice. Envie suas perguntas, correções e sugestões para padma.dorje@gmail.com. Última alteração em 2017-10-28 07:09:45.




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