2.2. Hierarquia e estilos de vida
Como funciona a hierarquia no Budismo? E a ordenação? rinpoches ordenam lamas que ordenam monges?
(Essa pergunta se refere ao budismo tibetano, já que Rinpoche e Lama são títulos apenas no budismo tibetano.)
Não é assim. E varia de templo para templo. Cada um desses títulos quer dizer uma coisa em particular. Todo rinpoche é um lama. Nem todo rinpoche ou lama é um monge. Nem todo monge é lama, muito menos rinpoche. Rinpoche significa "precioso", e é alguém que é um professor do darma por várias vidas. Lamas são professores, e monges são pessoas que tomam certos votos.
Estritamente falando, só existe ordenação monástica. Não há ordenação de lamas ou rinpoches. Rinpoches são tulkus entronizados, isto é, que passaram pelo treinamento e recebem seus bens e alunos da vida passada. Como uma pessoa vem a ser chamada de lama varia bastante, algumas tradições exigem que certos pré-requisitos sejam completados (um retiro de 3 anos), outras apenas uma nomeação por parte do professor é suficiente. Qual a diferença entre o caminho do lama e o do monge? Por que o monge não pode fazer sexo e o lama pode?
Monge vem de "monos", que quer dizer "sozinho". O caminho monástico implica o celibato e uma série de outros votos que visam simplificar a vida do praticante.
Por exemplo, a maioria das pessoas perde a parcialidade quando tem atração sexual por alguém — então isso pode com certeza dificultar o caminho, dificultar a uma pessoa dar um ensinamento com isenção, ou mesmo desenvolver compaixão adequadamente. Algumas pessoas conseguem se manter imparciais perante seus objetos de desejo — estas talvez não precisem tomar votos monásticos. Outras pessoas seriam incapazes de manter os votos monásticos, mesmo que não sejam isentas — então essas praticam o que conseguem praticar.
Os professores em todas as formas de budismo podem ser monges ou não. Nem todo monge é um professor, nem todo professor é um monge. Um lama é um professor do budismo tibetano que demonstrou realização em pelo menos alguma prática e tem, por isso, uma qualificação muito maior em ensinar sobre aquilo. Seu ensinamento é, portanto, considerado muito mais efetivo.
Todos no budismo praticam para se tornarem budas — sejam monges ou não. Como a maior forma de generosidade é oferecer o darma, todos aspiram poder fazer isso um dia. Nem todos vão conseguir receber autorizações nessa vida e poder fazer isso de forma extensa, mas todos o fazem de alguma forma, em alguma medida, nem que seja bem restrita. Nós consideramos lamas aqueles que são exemplos consumados da prática, e monges aqueles que seguem os votos. Uma pessoa pode achar que precisa e consegue seguir o caminho monástico, então isso possivelmente vai ser bom para ela. Outras pessoas não precisam, ou não conseguem. Isso não impede o caminho budista em nenhum dos casos. De acordo com a capacidade, a pessoa pratica o que consegue. Não é necessariamente melhor ser monge, embora com certeza seja muito bom para algumas pessoas — e bom para a comunidade budista, já que eles mantém as instituições que mantém os ensinamentos e o critério de pureza dos ensinamentos.
Ser monge facilita, mas não garante, progresso espiritual. Também ajuda, mas não garante que a pessoa se torne um professor. O único caminho para se tornar um exemplo, é... se tornar um exemplo: fazendo boa prática. Não devemos buscar um título, mas nos tornar um bom exemplo. Como um praticante se torna um lama?
Todos os praticantes no budismo praticam para se tornarem Budas. Se eles atingem algumas qualidades, e essas qualidades são reconhecidas, eles algumas vezes recebem títulos — principalmente de seus próprios professores, que são quem está mais atento a se essas qualidades estão presentes ou não.
É importante assinalar que praticar para obter o título é materialismo espiritual. Pratica-se para revelar as qualidades, e atingir o estado de buda para benefício de todos os seres. Alguns grandes bodisatvas permanecem praticantes secretos, sem título algum, sem reconhecimento algum, sem nenhum tipo de reconhecimento público, ou mesmo fama mundana, por toda sua vida. Algumas vezes eles até mesmo escolhem renascer em situações degradadas, para poder ensinar — totalmente escondidos — em locais tais como prostíbulos, prisões e hospitais psiquiátricos.
Por outro lado, infelizmente, algumas das pessoas que se dizem lamas não tem nenhuma boa qualidade espiritual. Algumas vezes elas são até desprovidas de boas qualidades mundanas. Por isso é bom averiguar com cuidado antes de tomar alguém como seu professor espiritual. Um professor do darma pode dar orientações para a prática particular de cada aluno ou isso é reservado aos lamas?
Quem tomamos como guru/lama ou amigo espiritual, ou quem pode nos ensinar o darma, depende exclusivamente de nós mesmos. Se vemos alguém como um Buda ou quase Buda, ele é um lama/guru. Se o vemos como alguém que é bastante virtuoso, mas essencialmente apenas um pouco melhor do que nós, alguém que pode nos orientar, mas que não está próximo da perfeição, então temos um amigo espiritual. E da mesma forma, até mesmo um igual que saiba uma informação ou outra que você não saiba, pode ser chamado de "professor" em certas circunstâncias. Essa categorização não existe formalmente na tradição budista, qualquer nome pode ser dado para qualquer das categorias, mas podemos ter esses três tipos de conexão de aprendizado: com alguém que realizou, com alguém que está no caminho há mais tempo e com alguém que é como nós mas que por acaso chegou mais rápido na informação.
É claro que não é indicado tomar como lama alguém que não recebeu respaldo público da linhagem, mas embora isso não seja indicado, isso é possível também. Mesmo as pessoas que recebem título de lama muitas vezes — 99% dos casos — não são fontes totalmente confiáveis. São fontes, na maioria dos casos — não todos — bastante confiáveis, suficientemente confiáveis. Mas a pessoa precisa, em todos os casos, verificar por si própria. Quando ela é capaz de dizer "entre o Buda e essa pessoa, para mim não faz diferença" então ela encontrou um lama.
O que a pessoa não pode fazer, em qualquer caso, é ensinar sem receber autorização de seus próprios professores. Isso é particularmente verdadeiro dos ensinamentos vajrayana, e bastante verdadeiro também com relação aos ensinamentos mahayana e hinayana — embora possa haver mais flexibilidade nos últimos. O que é um monge? As autoridades budistas são monges?
Estritamente falando, a palavra "monge" não existe no budismo. Ela é normalmente utilizada para indicar um Bhikshu, alguém que recebeu uma ordenação completa — isto é, tomou todo o conjunto de mais de duzentos votos. Um noviço é alguém que toma um conjunto consideravelmente menor desses votos. Ao respeitar esses votos o monge se torna digno de respeito, mesmo que não possua grande entendimento do darma ou realização espiritual. Porém, como a dedicação dos monges é exclusiva à prática do darma, é bastante comum que eles possuam erudição e um tanto comum que eles possuam alguma realização da prática espiritual.
Estritamente falando, em algumas formas de budismo as únicas autoridades são os monges. Isso chega a se inverter ao ponto de chamarem de monges qualquer autoridade espiritual, mesmo que ela não tenha feito ou sustente os votos — isto é algo comum no Japão, e talvez por isso a maioria das pessoas naturalmente assume autoridade no budismo através do mero ouvir a palavra "monge". Então é possível algumas escolas ou pessoas falarem de "monges casados", o que é uma contradição em termos.
Porém, em muitas tradições budistas, talvez a maioria delas, existem grandes professores que não são monges.
Muitas pessoas me perguntam, especialmente quando estou vestido com uma saia vermelha e um manto, se sou um monge — e algumas vezes quando digo que não sou, elas ficam tristes porque não estão falando com alguém importante no budismo (mesmo que eu fosse monge eu não teria importância alguma!)
Porém é preciso dizer que no budismo tomamos refúgio no Buda, no Darma e na Sanga. A sanga é a comunidade de praticantes. Estritamente falando, para algumas escolas, só os monges são a sanga digna de refúgio. Mas isto não é assim em todas as escolas — em algumas a sanga digna de refúgio é a dos "nobres", aqueles que reconheceram a vacuidade, sendo eles monges ou não. Monges budistas não fazem voto de pobreza?
Monges fazem voto de não trabalhar remuneradamente. Alguns conjuntos de votos impedem um monge de lidar com questões financeiras, ou mexer com dinheiro. Um monge tradicionalmente precisa esmolar comida de casa em casa, e só pode ter sete objetos pessoais, tais como suas roupas, uma tigela de esmolas etc.
Mas nem só de monges vive o budismo. Ao contrário do que normalmente as pessoas pensam, o budismo não tem nada contra prosperidade mundana, isto é, riqueza. O problema que o budismo vê é o apego: mas renunciar ao objeto do apego é uma forma muito superficial de lidar com o apego. Quando você possui um carro muito caro, e ele é destruído por uma árvore que cai, e por acaso você não fez seguro porque deixou para a semana que vem, e tem perda total, e ainda assim não tem sua mente perturbada, então você tem certo desapego. Nesse caso você pode ter objetos tais como carros caros e outros, e isso não vai prejudicar sua prática.
Nesse caso, os monges fazem votos para se proteger de todas as formas possíveis, e eles praticam de forma a não precisar se envolver com nenhuma questão "complicada" que possa desviá-los da prática. Alguns praticantes são mais corajosos, e conseguem praticar em meio a qualquer complicação. Outros, mesmo que não consigam praticar em qualquer situação, ainda assim não conseguiriam manter os votos. Nesses casos, eles praticam o que conseguem. Por que monges e monjas raspam a cabeça? Essa é uma prática obrigatória?
Para os monges, sim. Mas a frequência com que cortam o cabelo é mais ou menos rigorosa de acordo com a ordem monástica e a forma de budismo. Da mesma forma eles fazem o voto de vestir a roupa monástica, especialmente em público. É para tornar o monge menos individualizado e menos atraente (sexualmente) aos outros. Os votos que os monges tomam não lhes provocam sofrimento?
Os votos em geral são tomados para evitar sofrimento. Então, em geral, não. Claro que pode haver um ou outro monge que não tenha clareza suficiente sobre o que está fazendo.
Para mim, por exemplo, o maior sofrimento é estudar. Estudar, assim, algo que alguém me disse para estudar — não ficar diletantemente acumulando informação, isso eu gosto. Então eu realmente não compreendo alguém que tem prazer em estudar, naquele sentido institucional de estudar. Eu nunca tive prazer na escola ou na faculdade — pode parecer exagero dizer "nunca", mas, me dando alternativa, eu teria no mínimo algo melhor para fazer — algo melhor para ler, até mesmo.
Então, creio que você olha para os monges como eu olho para os estudantes que estudam voluntariamente. O que falta na nossa visão é que eles integram o que eles estão fazendo com o que eles esperam da vida, com o que eles são ou querem ser. Assim, o esforço na direção da virtude é cheio de alegria, para alguém que vê a virtude como uma alegria — sem nem tentar. Da mesma forma como alguém pode ficar feliz por ter a oportunidade de estudar algo que lhe foi proposto estudar, porque a pessoa quer completar seus estudos nesse ou naquele assunto — ou seus estudos básicos, para se considerar uma pessoa funcionalmente educada.
Os monges que conheci, em geral, são cheios de contentamento. A vida do monge é cheia de facilidades — a dificuldade está na vida desprotegida das artificialidades da vida monástica.
Agora, embora o monasticismo seja a base do budismo, ele não é a prática superior. Abaixo dos monges estão os leigos, devotos, que sustentam a sanga — então em certo sentido, são mais fundamentais — embora os monges é que mantém o estudo de forma tradicional. Acima dos monges estão os iogues, os que colocam o experimento budista em máxima prioridade. Alguns podem ser monges, mas outros são pais de família ou tem estilos de vida dos mais variados. Praticantes sem muita disponibilidade, de tempo ou de abertura mental, são "leigos". Praticantes que artificialmente produzem facilidades para a prática são monges. E praticantes que praticam com disponibilidade total e total abertura, em qualquer situação, são chamados de "iogues", aqueles que são "ricos do que é natural", como diz a palavra tibetana normalmente traduzida como iogue ("naljorpa"). Eles não criam situações artificiais para facilitar a prática, como o monasticismo. Mas isso é para quem pode, não para quem quer.
De uma forma geral os votos servem para proteger a pessoa. Portanto, se ela quer manter o voto, ela lembra do que ela está se protegendo. Se ela acha que não vale a pena, ela devolve os votos. Os votos monásticos podem ser devolvidos a qualquer momento para o monge de quem a pessoa tomou aqueles votos. Em geral a pessoa depois não os toma de novo, mas em alguns casos pode até tomar. Conheço um ex-monge que foi ordenado por Sua Santidade o Dalai Lama, que recomendou, após 14 anos como monge, que ele deixasse de ser monge. Ele é um homem casado hoje — mas no caso dele, Sua Santidade disse que ele pode voltar a ser monge quando quiser (se eles separarem, se a esposa morrer). Ele falou com grande alegria do seu período de monge, e disse que foi muito difícil para ele seguir o conselho de Sua Santidade (que ocorreu porque ele iria estudar num contexto não monástico — e é difícil ser monge vivendo sozinho numa cidade grande, sem outros monges, e sem sanga para apoiar). Só se pode ser budista sendo monge?
Claro que não. A grande maioria dos budistas não é monge. E não só a pessoa pode ser budista sem ser monge, ela pode se iluminar sem nunca ter sido monge. A pessoa vai ser monge se, pelas inclinações dela, e seu nível de comprometimento, vai ser mais fácil — para ela, de acordo com essas inclinações — praticar sem família, sem emprego, e assim por diante. Se a pessoa consegue praticar em meio a essas coisas, ótimo. Se ela não consegue praticar, e também não pode abandonar tudo e virar monge, então ela pode ao menos patrocinar o darma — isso também é de tremendo benefício. Os monges vivem das doações de pessoas que trabalham e admiram o budismo: sejam pessoas que conseguem praticar bem, sejam pessoas que não conseguem praticar muito, mas que podem oferecer algo.
Além disso a pessoa pode ser monge por um tempo, e deixar de ser monge. Em alguns casos, dependendo do professor e de como foram devolvidos os votos monásticos, a pessoa pode até voltar a ser monge mais tarde. De toda forma, ao contrário dos votos de refúgio, bodisatva e samaya, os votos monásticos são tomados por uma vida apenas. Então se a pessoa vai continuar sendo monge na próxima vida, ela precisa retomar os votos. Caso ela não os retome, ela deixou de ser monge meramente por ter morrido na vida passada. Vejo que no Budismo, algumas pessoas às vezes são reconhecidas como renascimentos de lamas, rinpoches, monges etc. Minha dúvida é de como é feito essa identificação. Seria através de intuição? Sonhos?
Cada caso é um caso. Algumas vezes os lamas antes de morrer deixam cartas bem específicas, ou mesmo apontam os pais da criança. Outras vezes eles apontam um lama que é responsável, e esse lama usa todos os métodos a seu dispor para encontrar essa criança. Depois essa criança é testada, e se ela se comporta como se espera que um lama se comporte — ou apresente sinais claros, tais como o Dalai Lama, que quando bem criança encontrou a dentadura do XIII Dalai Lama e disse que eram seus dentes — ela é confirmada como sendo o renascimento de um grande lama. Esse tipo de coisa.
Sonhos podem tomar parte nesse processo, como métodos de adivinhação, e visões de outros tipos. Mas isso varia de lama para lama. Em alguns casos não se consegue encontrar o lama, ou encontra-se e entrona-se a criança errada. Esse é um caso muito desafortunado — e um sinal de que o samaya, o compromisso dos alunos com o professor, e vice-versa, está enfraquecido. Em outras palavras, que as coisas andam mal de forma geral.
A tradição dos tulkus enfrenta muitas dificuldades no mundo moderno — e há lamas que propõem até mesmo a extinção dela. Há um documentário chamado "Tulku" onde vários tulkus são entrevistados. O documentário foi produzido por um tulku, Gesar Mukpo, que escolheu não participar do treinamento formal comumente aplicado aos tulkus. O que são níveis de realização? Li em algum lugar sobre "bodisatvas de 8º bhumi". O que é isso? Um Bodisatva não é sempre um Bodisatva? Existem hierarquias, graus de evolução?
Por exemplo, quando você passa a ser capaz de um ato de compaixão que não era capaz antes, essa é uma realização espiritual. Quando descreve-se os Bhumis, ou estágios dos bodisatvas, usa-se critérios mais gerais para especificar que tipo de compaixão e sabedoria alguém atingiu. Por exemplo, alguém que venceu completamente as aflições mentais grosseiras — esse é um nível particular. Qual a diferença entre grosseiro e sutil? Uma pessoa pode ainda ter uma latência de raiva, mas o corpo dela não reage mais e nem mesmo os pensamentos se encadeiam em termos de uma mera latência. No nosso caso, quando "apertam nossos botões", ficamos vermelhos, trememos, e assim por diante. A raiva é uma emoção grosseira no nosso caso porque produz reações fisiológicas, produz ações de corpo e fala — produz ruminação no nível da mente. Para uma pessoa que superou a raiva num nível grosseiro, existe o reconhecimento de um impulso, mas ele não se traduz em nenhum tipo de reação, interna, externa ou mesmo mental, no nível de ruminação. Podemos dizer que esse é um nível de realização bem diferente de eliminar completamente a raiva, onde não surge sequer o impulso, ou de agir de acordo com a raiva. Só o fato da pessoa não agir, ainda que esteja vermelha e tremendo, quando antes ela falava rudemente ou estrangulava o objeto da raiva, já é uma realização espiritual — mas como ela não é definitiva, ou até mesmo estável, é uma realização muito pequena.
Há 10 bhumis progressivos, graus de capacidade, evolução, no caminho do bodisatva. Evidentemente, alguém com mais compaixão do que eu é uma melhor pessoa do que eu, e, da mesma forma, um bodisatva com menos compaixão é menos capaz do que um bodisatva com mais compaixão. Em relação aos níveis dos bodisatvas (bhumis). Eles são de conhecimento público? Isto é, sabe-se em que nível cada praticante está, e se sim pode citar alguns conhecidos?
Não, seria falta de respeito catalogar mestres de acordo com ranking, e isso não é feito em local algum. Os bhumis são mapas inspiradores apenas. Como um praticante sabe que atingiu a iluminação? Um mestre sabe quando seu aluno atinge a iluminação?
A iluminação inclui onisciência, então não há nada que alguém iluminado não saiba. No caso de realizações inferiores, há um controle de qualidade por parte da sanga e do professor. As qualidades de uma pessoa com alguma realização podem ser bem evidentes, como por exemplo, constante corajosa compaixão e atitude diante de dificuldades. Mas existem também os praticantes que escondem sua realização, como parte de sua compaixão. Considerando isso, podem haver seres realizados que até mesmo professores de certa realização não reconheçam. Mas um professor experiente é capaz de inferir as necessidades dos alunos, então ele é capaz de situar aquela prática. No caso da meditação, existem muitas evidências, desde testemunhais até questões de postura física e conduta na vida que estão ligadas à prática, e estas coisas podem ser indícios. No caso de alguém que não é professor, não cabe ficar tentando avaliar a prática dos outros. O professor precisa descobrir as necessidades do aluno, então alguma avaliação ocorre. Esta avaliação é a mesma que ele usa com ele mesmo.
Como regra geral, um professor que não consiga inferir as necessidades de um aluno particular, não deveria ser professor daquele aluno. Então algumas vezes, por esse motivo e outros, um professor pode levar um aluno a outro professor, simplesmente mais capaz, ou apenas mais compatível.
Existe um trabalho de Paul Eckman sobre expressões faciais, sobre como elas são universais, portanto o sentimento de desprezo tem a mesma marca facial num aborígene e num alemão, por exemplo. Esse pesquisador também analisou a capacidade de empatia, ou seja, o quão rápido e eficientemente percebemos a emoção dos outros a partir de expressões faciais. Sabe-se que praticantes de meditação, shamata, por exemplo, são mais eficazes e eficientes em reconhecer as expressões dos outros. Dentro de contexto, essas expressões revelam, por exemplo, mentiras. Ao longo do tempo, no convívio com os alunos, um professor, pelas expressões faciais, mas também por todo o mundo onde o aluno está inserido, reconhece o grau de autoengano e hipocrisia do aluno. Quando um aluno torna-se relativamente honesto consigo mesmo e com os outros, consegue-se uma linha-base epistêmica, onde o que é falado é naturalmente reconhecido como é. Então quando um aluno fala de sua prática, o professor pode inferir o que dizer, o que recomendar. E não só isso, pode inferir o quanto da prática, até agora, foi efetivamente integrado.
Evidentemente, quando convivemos com certos professores, é corriqueiro parecer que eles leem nossos pensamentos. Se isso tem explicação no que eu disse acima, ou é ainda mais do que isso, não sei. Mas na minha experiência pessoal é muito comum. Nos primeiros dias na presença de um mestre assim, a pessoa pode ficar nervosa "ele sabe que estou cobiçando a mulher dele", ou algo assim. Depois, com o tempo, a mente vai ficando mais e mais transparente. Com os conteúdos expostos perante a onisciência dos Budas, tudo se corrige naturalmente, por que é como uma grande confissão.
Sem esse tipo de honestidade consigo mesmo, a pessoa não consegue fazer nem mesmo a mais simples prática, porque o autoengano é tal que ela não tem nem mesmo a capacidade de olhar objetivamente para seus próprios conteúdos mentais. A maioria de nós chega assim no budismo, e luta por anos para conseguir essa linha-base epistêmica, esse grau de integridade e honestidade para consigo mesmo, que permite avaliar objetivamente "sim, isto funciona, devo prosseguir nessa prática" ou "não, tenho que perguntar algo a meu professor". A maioria de nós passa muito tempo numa espécie de show autoconsciente, trabalhando enormemente apenas para manter uma imagem. As vezes só trocar duas palavras com um professor autêntico faz ruir milhares de autoarmadilhas. Quando um praticante sabe que atingiu a iluminação? Como saberei que estou livre do samsara? Será que o simples fato de reconhecer a vacuidade, de forma empírica, isso em si mesmo, já seria a iluminação?
A iluminação é exatamente o poder de autorreconhecimento da iluminação — em outras palavras, a única diferença entre seres sencientes comuns como nós e os budas é que eles reconheceram sua verdadeira natureza, e nós vivemos no autoengano das aflições mentais, em particular a crença e apego a um eu.
Estar livre do samsara é bastante anterior à iluminação. Iluminação é estar livre de samsara e nirvana. Para se encontrar livre do samsara basta não possuir aflições mentais, ou qualquer das forças latentes que produziriam aflições. Em geral há um reconhecimento quando isso ocorre, e este é o estado de arhat, não iluminação.
Reconhecer a vacuidade não é suficiente para a iluminação, ele é o começo da prática no caminho da visão (entre cinco caminhos, é o terceiro). Além disso, um mero instante de reconhecimento não é suficiente, é necessário cultivá-lo através da prática. Ademais, Sua Santidade o Dalai Lama diz que ele apenas possui um pequeno conhecimento intelectual com relação a vacuidade, então devemos duvidar, e verificar com nosso professor, quando estamos acreditando possuir uma realização maior do que a que o Dalai Lama diz ele mesmo ter. Há algum buda vivo atualmente? Alguém hoje possui realização no mesmo nível do Buda?
Isso só depende do mérito de quem olha. O Buda só existe na visão pura dos seres afortunados, para si mesmo ele não tem modo de existência. No treinamento do vajrayana consideramos nosso professor como o Buda.
Os Budas só existem no tempo de acordo com o nosso próprio mérito. Os praticantes do budismo vajrayana precisam ver seus professores como Budas, portanto para os praticantes do vajrayana com compromisso puro com a prática, há pelo menos um, e na maior parte dos casos, vários Budas — com que eles tem relação direta. Esse é o raro mérito de um praticante desse tipo de budismo. Outras formas de budismo se focam no grande mérito que é pelo menos reconhecer um Buda 2600 anos atrás. Já é bastante raro alguém reconhecer um Buda pelo menos na história. Todos os praticantes budistas precisam reconhecer pelo menos um Buda acessível, nem que seja pela história, mas a maioria dos praticantes budistas reconhece mais Budas e Budas mais acessíveis. Do lado deles, os Budas não estão nem no passado, nem no presente, nem no futuro. Uma pessoa com grande mérito, tem o Buda na palma da mão. Uma pessoa de mérito intermediário, tem o Buda na história. E a grande maioria de pessoas de pouco mérito só tem a palavra "Buda" para se referir a uma pessoa histórica — e há as que nem isso tem. Um lama pode ser considerado um bodisatva?
Se a palavra lama for interpretada como "compaixão superior", sim. Assim todos os lamas que fazem jus ao título seriam bodisatvas. É claro que os alunos, de toda forma, não devem vê-lo apenas como um bodisatva, mas como um Buda. No Budismo existe alguma autoridade espiritual, instituição ou pessoa, como a Igreja e o Papa são no Catolicismo, que supostamente tem autoridade para assentar quem tem razão quando surgem controvérsias na interpretação da doutrina?
A autoridade espiritual sobre nossa prática é o nosso professor. Portanto não há autoridade central.
Convém argumentar e tentar refutar, educadamente, algo que consideramos errado que nosso professor venha a dizer. Podemos fazer isso em privado, porque é mais educado. Os bons lamas respeitam muito esse tipo de feedback. Um ser iluminado, ou mestre, jamais dirá que atingiu a iluminação? Ele pode chegar e dizer para alguém: sei disso, pois já sou iluminado?
É raríssimo, mas acontece, de um mestre se autoproclamar — e ser levado a sério.
Agora, esse tipo de diálogo que você imagina é absurdo. "Você precisa acreditar porque eu sou iluminado", isto não existe. Muito mais eficiente é dizer algo como "você mesmo no fundo sabe disso, porque tem natureza de buda". Os bons professores ensinam eminentemente pelo exemplo — se usassem retórica, RP e publicidade (e não usam) pelo menos não seriam tontos. Existe, hoje, alguma pessoa que atingiu a iluminação e está dando ensinamentos?
No vajrayana vemos nossos próprios professores, todos eles, como Budas iluminados. Se não houver um Buda ensinando, não há ensinamento do vajrayana. No mahayana os Budas são um pouco mais raros, mas pode haver um ou outro hoje em dia. No hinayana a última pessoa completamente iluminada foi o Buda histórico, 2600 anos atrás. De lá para cá muitos, segundo o hinayana, atingiram o estado de arhat. O que é um bodisatva?
É alguém no caminho para se tornar um Buda, alguém que desenvolveu bodicita e é capaz de ao menos oferecer o próprio corpo como alimento para um ser faminto. Alguém pode ser um bodisatva sem ninguém saber disso, nem a própria pessoa?
Num sentido último, nós todos somos Budas, só não reconhecemos isto. A prática não visa nos transformar em Budas, mas reconhecer que sempre fomos Budas.
E, também, a prática do bodisatva não está vinculada ao nome "bodisatva". Então ela pode saber que é algo diferente, sem usar o nome bodisatva. Existem sinais corporais indicativos de um bodisatva?
Pode haver, mas eles estarem presentes e as pessoas serem capazes de reconhecê-los depende de causas e condições coletivas e individuais.
As marcas de um Buda, por exemplo, tem uma dimensão real e uma dimensão metafórica. Mas duas coisas que são afirmadas sobre essas marcas são: 1) um Chakavartim (um monarca universal) as possui também, e ele não é um Buda; 2) aquele que se prostra ao Buda pelas suas marcas não entende o ensinamento do Buda.
No Surangama Sutra há uma longa discussão sobre porque Ananda resolveu seguir o Buda em primeiro lugar, e ele diz algo como "ele exalava virtude pela postura (e demais marcas)", e o Buda se dedica, órgão do sentido por órgão do sentido, a desatar as concepções arbitrárias e fixações embasadas na reificação da existência inerente do próprio Buda e de cada uma de suas características aparentes. Minha dúvida é quanto a origem histórica dos bodisatvas que são mencionados nos Sutras, como, por exemplo: Kannon, Kanzeon, Manjushri etc. Como eles surgiram dentro do budismo, em que contexto e o motivo de eles serem mencionados nos Sutras como seres de grande realização, enquanto muitas vezes Buda Sakyamuni nem aparece em certos sutras?
Normalmente eles são mencionados em conjunto com Sakyamuni, ou outros Budas. Normalmente bodisatvas são alunos próximos de Budas. Alguns dos sutras em que eles constam vêm das lembranças e experiências meditativas dos redatores, embora alguns sutras digam ter mesmo origem "miraculosa". No mahayana há o voto de tratar bodisatvas como Budas, porque eles serão Budas no futuro — e em alguns casos essa noção de tempo não faz muito sentido. Isto é, um Buda "no futuro" é visto como sempre um Buda.
O problema dessas explicações é nosso apego por visões históricas. Nenhum sutra hoje em dia pode na verdade exigir qualquer dimensão de historicidade. As fontes mais antigas do páli são do ano mil, e do mahayana, do ano 200. Ou seja: pela história não vai se encontrar muito budismo.
Passado, presente e futuro são só elementos da ignorância, não tem realidade efetiva. Existe alguma diferença no traje e na cor dos monges budistas, em relação a hierarquia, Dalai Lama, lama, monge?
Não. Em geral os mantos se referem a tradição do praticante. A hierarquia também não tem muito a ver com os títulos que você usou. Lama é um título hierárquico sim, mas monge não é. É um título referente a uma ordenação, e não indica posição hierárquica, embora, de uma forma geral, o respeito pela sanga ordenada seja parte do voto de refúgio. Entre os monges há hierarquia, que depende do número de votos tomados, então noviço, completamente ordenado, e assim por diante. A pessoa não precisa fazer nada especial para se ordenar com mais votos, só permanecer na ordem tempo suficiente.
Há complicadores, no entanto, no Japão, no zen japonês, algumas vezes se usa a palavra monge para designar professor ou sacerdote, implicando aí hierarquia.
Já Dalai Lama é o nome de uma linhagem de renascimentos, que está ligada ao governo tibetano (hoje no exílio). Embora Sua Santidade seja um lama altamente realizado, ele não é considerado o lama mais realizado dentro de sua escola ou de outras. Ele é um lama realizado que por acaso é famoso e detém (ou deteve) uma posição política elevada.
Varia também de professor para professor a política quanto ao uso de roupas — algumas sangas evitam completamente o uso de roupas exóticas no ocidente, como a sanga do Trungpa Rinpoche. Eles apenas tem a obrigação de se vestirem bem, muitas vezes de terno e gravata. Outras permitem a qualquer um comprar qualquer manto e utilizá-lo. No zen há algumas etapas até a pessoa obter um manto completo — que a pessoa mesma costura.
No budismo tibetano os mantos vermelhos são usados por monges. Alguns leigos os utilizam quando tomam votos temporários, ou durante as cerimônias. A saia e a camisa são em geral diferentes para os monges, padronizadas de acordo com o mosteiro. Leigos que usam mantos usam uma camiseta sem estampa, de qualquer cor, e a tchuba (saia) de qualquer cor. Mantos brancos são considerados elevados, para grandes iogues, que vivem em cavernas inóspitas, e muitas vezes não são monges. Mantos com as três listras (vermelha, branca, e pequenas azuis) são para iogues de certas tradições nyingma e kagyu, que às vezes são casados. Mantos laranjas são usados por monges em várias tradições, principalmente no theravada, no sul da ásia, mas também pelos tibetanos e outras tradições. No zen se usa mantos pretos, e, algumas vezes, cinzas.
O Dalai Lama usa o mesmo manto que qualquer monge completamente ordenado na tradição gelugpa utiliza. Milarepa muitas vezes praticava nu.
O manto monástico, que o Buda próprio usava, e que é o que todos estes mantos representam, era feito de tecidos degradados: fraldas, tecidos usados para conter a menstruação, mortalhas. Eles eram cuidadosamente lavados, cortados em quadrados e costurados, sendo tingidos com açafrão: daí a cor laranja. O vermelho surgiu com corantes mais acessíveis que o açafrão. Percebo em alguns praticantes antigos uma certa cultura da humildade, em que negam suas realizações. Sogyal Rinponche disse que é importante falar sobre elas, sem se exaltar, para encorajar e até orientar outros praticantes. Você concorda com isso?
Sim, existe muita humildade fabricada no budismo, em particular no budismo tibetano. A pessoa essencialmente precisa ser honesta. Depois, ela precisa manter suas realizações em segredo até que estejam bastante estáveis. Então, misturando esses três aspectos, um ruim e dois corretos, temos no budismo, sem dúvida, os exemplos mais dramáticos de humildade.
Quando for benéfico para os outros, é claro que deve-se falar diretamente sobre as próprias qualidades. Melhor ainda do que isso é louvar um pouco as próprias qualidades, e, então, projetar os gurus para a estratosfera, de uma maneira quase inimaginável. Isso Sogyal Rinpoche faz como ninguém. Ele chegou a dizer que não tem, ele mesmo, muitas qualidades, mas que porque recebeu as bênçãos de tantos grandes lamas, ele até consegue entender que haja algum benefício em meramente estar presente no mesmo recinto com ele.
Chagdud Rinpoche disse que sua própria capacidade de benefício era como a luz de um vagalume, em comparação com a capacidade de benefício de Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche. Quando Khyentse Rinpoche então sentou em um trono uns 20cm mais alto do que Chagdud Rinpoche, ele disse "esses grandes lamas mais velhos, eles nos colocam nesses tronos altos para que todos vejam como estamos nervosos. É um teste." O que há de especial no Dalai Lama?
Sua Santidade o Dalai Lama é uma emanação de Avalokiteshvara, e também é um dos mais populares e conhecidos professores do budismo. Sem falar que é alguém que possui erudição inigualável, tendo conquistado o título de Geshe Lharampa aos 18 anos, debatendo com mais de 50 dos maiores professores tibetanos, também sendo o líder político dos tibetanos no exílio.
Além dessas credenciais, Sua Santidade é um exemplo consumado da humildade e calor humano — tendo sido reconhecido dessa forma pela maioria da elite intelectual mundial que entrou em contato com ele. Além disso, ele é talvez, nesse momento no mundo, o maior porta-voz do diálogo inter-religioso, tanto entre as diferentes religiões, como entre as religiões e as outras áreas, e mesmo dentre as diversas formas de budismo. O Dalai Lama já encontrou a iluminação?
Sua Santidade diz ele mesmo que ainda tem apenas um parco entendimento meramente intelectual da vacuidade. Sem uma realização direta da vacuidade, a iluminação não é possível. Por outro lado aqueles que tem fé, entre eles eu, olhamos para Sua Santidade como não diferente de um Buda, assim como olhamos para nossos próprios professores da mesma forma. Se o Dalai Lama é a emanação do buda Avalokiteshvara, então ele já não seria iluminado?
Avalokiteshvara é tido tanto como um Buda quanto como um Bodisatva, isso só depende da prática. Os Budas e os Bodisatvas surgem de acordo com as necessidades dos seres, e não pelo "seu próprio lado". Portanto as características que reconhecemos nos Budas são inseparáveis das nossas próprias características. Por isso treinamos em reconhecer nosso lama como um Buda.
Além disso, em particular no vajrayana, temos um voto de ver os bodisatvas como Budas. Mas isso não quer dizer que eles sejam — a não ser no sentido último, que é o único que não é em algum sentido falso. Mas nesse sentido, até os seres comuns, que não são bodisatvas, são Budas também — então a utilidade dessas afirmações é somente para a mente iluminada. Para nossa mente, há afirmações relativas, que fazem sentido para nós e que provém um caminho compreensível. Quem é Avalokiteshvara?
Avalokiteshvara, ou Chenrezig, é o bodisatva/buda geralmente associado à prática da compaixão e ao mantra OM MANI PADME HUNG. Sua posição mais famosa e proeminente é no Sutra do Coração, onde é ele que responde a pergunta de Shariputra sobre como praticar o budismo. O Dalai Lama é então uma emanação, um renascimento lúcido para o cumprimento de uma função?
Não necessariamente para o "cumprimento", mas devido ao mérito e necessidade de seres a serem domados, isto é, treinados no darma ou pelo menos direcionados para a virtude. Apenas pensar em Sua Santidade é benéfico. Estar no mesmo recinto com ele muitas vezes transforma completa e positivamente a vida das pessoas. Nunca vi o Dalai Lama pessoalmente. Porém, assisti a um video e em certa parte ele olhava diretamente para a câmera. Nunca esqueci essa cena, isso me tocou profundamente e aumentou minha vontade de praticar. Por quê?
Em geral faz parte da aspiração dos praticantes inspirar quem quer que os veja, ouça, toque ou meramente lembre deles. Eventualmente essa aspiração frutifica, nos seres que possuem mérito para serem inspirados dessa forma. Qual a diferença entre a realização do Buda Sakyamuni e a realização de Bodidarma, Tsongkhapa, Dogen, Virupa, Padmasambava ou Milarepa?
Nenhuma. Embora o tipo de benefício e as pessoas particulares a quem eles beneficiam possam ser diferentes. A circunstância de sua iluminação, em termos de benefício para os outros, é diferente. Por exemplo, todos eles seguiram os ensinamentos do Buda Sakyamuni, que ensinou numa época e lugar onde os ensinamentos não estavam disponíveis. Essa é a diferença. A iluminação em si é a mesma.
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