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Uma Fortaleza Assombrada


Patrul Rinpoche ensinou extensamente o clássico O Caminho do Bodisatva em detalhe, de memória, mais de cem vezes. Seu próprio comentário escrito, elucidando a essência da Bodicita e as Seis Perfeições, é um clássico tibetano.

Durante a segunda metade de sua vida produtiva, este mestre manteve o voto de jamais dormir sob um teto e vivia como um iogue mendicante. Patrul era vegetariano, nunca cavalgou ou explorou animais de carga, não acumulou posses ou séquito, e realmente incorporava a Grande Compaixão, Avalokitesvara. Patrul era o renascimento de Shantideva.

EM NYARONG HAVIA uma fortaleza assombrada cujos espíritos eram ouvidos berrando alto, mesmo à luz do dia. Ninguém ousava chegar perto.

Uma vez, ao fim de alguns ensinamentos, Patrul Rinpoche disse que se alguém fosse na fortaleza e recitasse o Bodhicharyavatara cem vezes, os espíritos se libertariam. Um discípulo próximo, Tsanyak Sherab, imediatamente ofereceu-se. Todos os nativos sacudiram as cabeças, temendo que nunca mais veriam o popular lama de novo — que pena!

Chegando na fortaleza assombrada, o corajoso Tsanyak Sherab jogou sua almofada no chão de um recinto vazio. Então gerou intensa compaixão e Bodicita altruísta, meditou na vacuidade, e começou a recitar alto os dez capítulos do Bodhicharya-avatara, de Shantideva.

Dia após dia, ele continuou. Quando os nativos viram fumaça saindo do fogo que Sherab acendeu para ferver água para o chá, eles exclamaram: "Ele não está morto!". Um dos mais bravos nativos reuniu sua coragem e foi ver o que havia acontecido na fortaleza assombrada.

Para sua surpresa, encontrou Sherab pacificamente ensinando a escritura para uma audiência invisível. Depois o homem voltou e relatou os fatos; dia após dia, mais nativos viajavam ao forte para ouvir. Quando Sherab estava alcançando sua centésima recitação do extenso livro, a vila inteira sentava em êxtase perante ele.

Misteriosamente, dali em diante, nenhum espírito gritou novamente. Ao contrário, frequentemente as pessoas iam ali para rezar, meditar e ser inspiradas pela lembrança da presença de Patrul.




Estes contos de Patrul Rinpoche foram coletados e escritos por por Matthieu Ricard, e distribuídos por ele para alguns amigos nos anos 1980 e 1990; são traduções do inglês feitas por Padma Dorje em 1999, baseadas em versões mais antigas (menos completas e literariamente trabalhadas) do que as que finalmente foram publicadas em Enlightened Vagabond. O livro está em tradução ao português e contém muito mais histórias e informações sobre vida de Patrul Rinpoche e outros grandes lamas contemporâneos a ele.



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