Um Ladrão é Convertido
QUANDO PATRUL RINPOCHE ENSINOU o Bodhicharyavatara em Zhamthang, um velho ofereceu-lhe uma peça de prata moldada na forma de uma ferradura. O homem tinha poucas posses, mas sentindo grande fé em Patrul, sabia ser meritório fazer uma oferenda.
Depois de uma semana de ensinamentos, Patrul deixou o distrito. Um ladrão, que havia visto Patrul receber a ferradura, seguiu-o com a intenção de roubá-la.
Patrul caminhava sozinho, sem nenhuma outra motivação além de passar suas noites em paz sob as estrelas. Naquela primeira noite, o ladrão escondeu-se na escuridão enquanto Patrul dormia. Perto de Patrul jazia uma pequena bolsa de tecido e uma tigela de barro. Cuidadosamente o ladrão começou a explorar as roupas de Patrul.
Suas mãos acordaram o lama, que exclamou: "Ka-ho! Que estás fazendo, mexendo em minhas roupas?"
O ladrão respondeu alarmado: "Alguém te deu uma grande peça de prata. Passa ela para cá!". "Ka-ho!", gritou o mestre. "Olha que confusão fizeste de tua vida, correndo por aí como um louco! Vieste até tão longe só por causa daquela prata - idiota! Ouça: vai agora e, pela aurora, alcançarás o montinho de grama onde sentei... A prata está ali perto. Utilizei-a como uma pedra para apoiar minha tigela. Olhe nas cinzas da fogueira do acampamento."
O ladrão duvidou, mas viu que a prata não estava mais com Patrul. Parecia muito improvável que a ferradura estivesse abandonada no acampamento; apesar disso, ele voltou para conferir. Quando chegou onde o mestre havia ensinado, ele procurou e encontrou a prata, entre as cinzas da fogueira.
O ladrão ficou totalmente chocado e lamentou-se: "Ah-zi! Este Patrul é um lama de verdade, sem apegos mundanos, enquanto eu só ganhei mau carma pela intenção de roubar-lhe. Agora certamente irei para o inferno!".
Perseguido pelo remorso, ele dirigiu-se para encontrar Patrul novamente. Quando finalmente chegou, o mestre lhe perguntou: "Aqui de novo, louquinho! Eu te disse onde encontrar o que querias. O que queres agora?".
Muito agitado, o ladrão explicou, soluçando: "Não é isso - encontrei a prata. Mas pequei por conspirar contra ti, um verdadeiro ser espiritual! Estava prestes a surrá-lo e pegar tudo que tens! Ofereço minha confissão e imploro seu perdão".
Patrul o acalmou. "Não há necessidade de oferecer uma confissão ou pedir perdão. Apenas tenha um bom coração e ore para as Três Joias (Buda, Darma e Sanga); isso será suficiente."
Mais tarde, quando outros descobriram o que havia acontecido, perseguiram e surraram o ladrão. Patrul Rinpoche berrou a eles: "Se machucam meu discípulo, é como se estivessem me machucando. Deixem-no em paz!".
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