Estudo de O Farol da Certeza de Mipam Rinpoche
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01. Vídeo O Farol da Certeza de Mipam
A visão minoritária se torna hegemônica
Mipam Rinpoche compôs “O Farol da Certeza” (ངེས་ཤེས་ སྒྲོན་མེ་ Ngeshe Dronme, Wylie nges shes sgron me) aos 9 anos de idade, com a intenção de esclarecer pontos polêmicos na disputa entre principalmente a tradição gelug e a nyingma.
O que acontecia no séc. XIX era uma decadência grande das instituições de ensino “escolástico” nyingma, que nunca, a bem da verdade, foram tão boas, porque a tradição historicamente nunca se focou tanto no estudo sistemático.
Devido ao grande sucesso (merecido) dos ensinamentos de Tsongkhapa, o fundador da tradição gelug, o poderio político, econômico e militar dessa tradição, em alguns momentos, agiu de forma sectária e suprimiu visões dissidentes.
Muito embora a visão gelug seja diferente da apresentada pelas outras tradições sarma (kagyu, sakya e jonang), e certamente diferente da visão nyingma — sendo portanto historicamente minoritária —, devido a suas qualidades espirituais e seu sucesso mundano, as tradições historicamente diversas começaram a sofrer um processo de colonialismo intelectual por parte da gelug, formando uma hegemonia.
Dessa forma, professores nyingma inadvertidade estavam repassando o que eram na verdade versões gelug dos ensinamentos.
Isso é relevante para nós como praticantes do budismo tibetano na modernidade porque esse processo colonizador e hegemonizante dos ensinamentos gelug seguiu para a academia no ocidente. Devido a suas boas qualidades verdadeiras, e ao fato de por serem focados no estudo dialogarem bem com a academia, visões historicamente não minoritárias acabaram sendo menosprezadas pelos tradutores e editores, e acabaram se tornando visões minoritárias na prática.
Como praticantes nyingma (ou kagyu, ou sakya, ou jonang) o melhor é desenvolver a visão que está de acordo com esses ensinamentos. É importante entender a posição gelug, até mesmo para saber diferenciar do que se está praticando.
Sutra e Tantra
A mais popular tentativa de refutação de Tsongkhapa, efetuada por um Lama Sakya chamado Gorampa, foi acertadamente criticada pelos gelug por usar tantras como justificação para pontos de sutras.
Embora a visão dos tantras seja considerada superior (por todas as tradições tibetanas — em que sentido exatamente é um dos pontos em disputa a serem tratados adiante), a justificação e garantia dos textos tântricos é seu embasamento na literatura básica do budismo que são os sutras. Um tantra só pode adicionar perspectivas que estejam de acordo com os ensinamentos fundamentais do budismo. Assim, os tantras não servem para resolver polêmicas que surgem no escopo do sutra, e ao que parece Gorampa cometeu esse erro, ainda que os tantras a que ele tenha se referido sejam também aceitos pela tradição gelug.
Mipam portanto, aos nove anos de idade, decide justificar os pontos polêmicos dessa disputa unicamente com apelo ao sutra. Dessa forma, ele explica “O Farol da Certeza" como a coalescência de aparência e vacuidade, sutra e tantra.
As sete questões
As sete polêmicas ou pontos disputados nesse texto, de acordo com o sabche (sumário estruturado) são
1. A visão é estabelecida de acordo com qual das duas negações? (negação implicativa, de identidade ou negação não implicativa, de existência.)
2. Os arhats atingem a realização dos dois tipos de ausência de essência (dos fenômenos e do eu)? (o mahayana tradicionalmente afirma que os arhats atingem apenas ausência de essência de um eu)
3. A meditação envolve se fixar a um objeto? (o objeto de vipassana uma ideação de negação não implicativa)
4. Devemos fazer meditação analítica (vipassana) ou meditação de estabilização na tranquilidade (shamatha)?
5. Qual dos dois escopos é mais importante? O relativo ou o absoluto?
6. Que objeto as várias percepções têm em comum?
7. O Caminho do Meio (Madhyamaka) tem uma posição ou não?
02. Vídeo Primeiras questões sobre o estudo do farol da certeza
1. Esse texto não deveria ser restrito, por falar de dzogchen?
O texto é considerado, pela maioria dos professores, de estudo aberto, por não explicar como se realiza práticas seja do vajrayana, seja do dzogchen.
2. Será que é bom nesse momento do darma no Brasil, com tantos iniciantes, tratar de um texto tão complicado?
“Não há águas rasas na filosofia”. Algumas pessoas trabalham bem com coisas difíceis de saída, outras preferem um enfoque mais gradual. Este estudo é para as primeiras
3. A questão do termo “coalescência”.
O termo coalescência parece indicar uma mistura de duas coisas diferentes que se tornam uma, então pode ser que não se aplique ao sentido exato do que Mipam está tratando no texto.
4. A questão das expressões “verdade relativa” e “verdade absoluta”.
Verdade é o valor de uma proposição, portanto não pode ser relativa. O que se quer dizer por “verdade” no darma nesse contexto não é proposicional, e sim a extensão de sentido “fatos”. De toda forma, melhor usar duas realidades ou dois âmbitos ou aspectos da realidade.
03. Vídeo A lâmpada determinadora
nges shes (nges pa, shes pa) dronmé.
A relação entre determinação intelectual e reconhecimento direto. A perspectiva não dual que une determinação intelectual (da ausência de existência “inerente” — mais discussão sobre essas aspas adiante) e experiência direta.
Seis etapas comuns a todas as tradições tibetanas
1. Ouvir o darma
2. Refletir sobre o darma
3. Refinar o entendimento através do debate e de dirimir dúvidas
4. Certeza
5. Shamatha e vipassana alternadamente, foco em shamatha
6. União de shamatha e vipassana
04. Vídeo Os dois olhos de um intelecto bem treinado
Introdução
0.1.1.2.1.1.11Esse é o primeiro verso do texto, o número é relativo ao sumário estruturado;
“Aprisionada na rede da dúvida, nossa mente
é liberada pela luz de Mañjuvajra,
Que penetra em nosso coração como certeza profunda.
Eu de fato tenho fé nos olhos que vêem o caminho excelente!
0.1.1.2.1.1.2.
Oh, certeza preciosa,
Você nos conecta com a natureza profunda das coisas;
Sem você, permanecemos enredados e confusos
nessa rede da ilusão samsárica.
0.1.1.2.1.1.3
O desenvolvimento da confiança pela certeza
nos darmas de base, caminho e fruição,
E o ser incitado à fé pelo seu estudo2O tradutor aponta que literalmente o tibetano diz “ouvir sobre elas”, mas que isso representa o estudo do darma em geral.
São como o caminho autêntico e seu reflexo.
0.1.1.2.1.2.1
A fama da lua do darma maravilhoso3Refere-se a Chandrakirti (“Famoso como a lua”) e Dharmakirti (“Famoso como o darma”), que representam o ápice da epistemologia no sentido definitivo e convencional, respectivamente.
Surge em conjunto com a luz da fala elegante
No vasto céu dos ensinamentos do Buda,
Derrotando a escuridão pesada da dúvida.
0.1.1.2.1.2.2.
A cognição válida que examina as convencionalidades
É impecável no que diz respeito ao que aceitar ou rejeitar.
Especificamente, o corpo textual sobre a cognição válida
É a única forma de obter confiança
No professor e no ensinamento, e
o Caminho do Meio do Veículo Supremo
Elucida a cognição válida imaculada
do raciocínio definitivo que determina a natureza das coisas.
[As duas cognições válidas enfatizadas por] estes dois [sistemas]4Embora as palavras do verso surgiram que rnam pa gnyis se refira aos corpos textuais de Pramāṇa and Mādhyamika — o que é reiterado pelo comentário de Kunzang Palden — o comentário de Troshul Jamdor (KJ) sugere que estas palavras também se referem às linhagens exegéticas de Asaṅga and Nāgārjuna (“profounda”, zab e “vasta” rgya che), e que as duas formas de cognição válida se referem ao paradigma duplo da teoria de duas realidades de Mipam. Cf. KJ 0.1.1.2.1.2.2–3.
0.1.1.2.1.2.3
São os olhos de sabedoria de um intelecto bem treinado.
Homenagem aos seres iluminados que
permanecem no caminho ensinado pelo professor
sem desviar-se!”
05. Vídeo Como um insignificante como eu poderia responder tais questões?
0.1.1.2.2.1.1
Enquanto o sábio refletia assim,
Um medicante que passava por ali
Fez sete perguntas de forma
a examinar seu intelecto de forma crítica:
0.1.1.2.2.1.2
“Qual é o sentido de ser um erudito
e apenas repetir as palavras dos outros?
Conceda uma resposta rápida a essas questões
de acordo com seu próprio entendimento,
e assim seu grande conhecimento será evidente.
0.1.1.2.2.1.3
Embora alguns extendam a tromba de elefante de seu aprendizado,
O darma profundo, como a água em um poço, não é experimentado;
Ainda assim eles esperam se tornar eruditos famosos
como plebeus enamorados por uma rainha.
0.1.1.2.2.1.4
De acordo com qual das duas negações se explica a visão?5མེད་དགག་ (Wyl. med dgag): negação existencial (tradução preferida aqui), também negação não afirmativa (Jeffrey Hopkins, Padmakara), negação não implicativa (Rangjung Yeshe), negação direta (Ives Waldo), negação desqualificada, negação total, negação simples (Richard Barron) negação explícita, negação absoluta. (“Não há gato”.)
མ་ཡིན་དགག་ (Wyl. ma yin dgag): negação identitária (tradução preferida aqui), também negação afirmativa (Jeffrey Hopkins, Padmakara), negação implicativa (Rangjung Yeshe), negação indireta (Ives Waldo), negação qualificada, negação provisória (Richard Barron), negação predicamentada (THD). (“Não é um gato”.)
Os arhats realizam os dois tipos de ausência de essência?6Do eu e dos darmas (fenômenos).
A meditação envolve apreensão modal?7A apreensão de características, particularmente a apreensão de uma ausência de existência independente.
Devemos fazer meditação analítica ou de estabilização?8Vipassana ou shamatha.
Qual das duas realidades é mais importante?9Relativa e definitiva.
Qual é o objeto comum das diversas percepções?
O Caminho do Meio tem uma posição ou não?
0.1.1.2.2.1.5.1
Desta forma, começando com o tópico da vacuidade,
Dê respostas fundamentadas na razão,
Sem contradizer as escrituras,
Para essas sete questões profundas!
0.1.1.2.2.1.5.2
Mesmo pressionados pelas lanças serrilhadas
de cem mil argumentos sofisticados,
Essas questões ainda não foram penetradas.
Como um raio, que sua comprida língua de pândita derrube
estes pontos difíceis, que confundiram até os maiores!”
0.1.1.2.2.2.1
Assim incitado pelo intelecto,
O vento da fala vacilou um pouco,
E isso atingiu o coração do sábio
tal como uma montanha nos ventos dos fins dos tempos.
Depois de se manter em disciplina incomum10“brtul zhugs, empenho disciplinado: a tradução comum “disciplina ióguica” é bastante insatisfatória. Algumas vezes também é traduzida como “conduta destemida”, “postura tântrica”, “comportamento desembaraçado” etc., e se refere a vários tipos de comportamentos pouco convencionais em que praticantes tântricos avançados podem se engajar em certos momentos de seus treinamentos de forma a avançar seu desenvolvimento espiritual e treinar na repouso na natureza das coisas. A definição no bod rgya tshig mdzod chen mo é: “para derrotar o comportamento comum, penetramos a área de comportamento incomum” (tha mal rang ga ba’i spyod pa brtul nas thun min gyi spyod pa’i gnas la zhugs pa’o. Isto é, se disciplinar para não se comportar de formas comuns, e assim se engajar em comportamentos não convencionais. Do dung dkar tshig mdzod chen mo: “se disciplinar para acabar com o comportamento normal autocentrado ao se engajar em comportamento especial” tha mal rang ga ba ci ‘dod du byed pa’i spyod pa brtul ba’am mjug sgril te thun mong ma yin pa'i spyod pa’i gnas la zhugs pa’o. Thomas Sherab Drime por um instante, ele exclamou:
0.1.1.2.2.2.2.
“Ai de mim! Se mesmo passando por centenas de testes difíceis,
E analizados vez após vez,
Os fogos dos grandes intelectos queimaram cada vez a maiores alturas,
E ainda assim não foram refinados a um estado sem faltas,
Como explicaria algo assim uma pessoa insignificante como eu,
0.1.1.2.2.2.3
de inteligência fraca,
e que não estudou por muito tempo?”
0.1.1.2.2.2.4
Então, enquanto lamentava-se assim à Mañjughoṣa,
Pelo que parecia ser o poder místico deste
Uma luz nasceu na mente do sábio.
Nesse momento, enquanto obtinha alguma autoconfiança,
Raciocinou de forma analítica de acordo com as escrituras eloquentes, e então começou a exposição.
06. Vídeo A expansão luminosa: definitivo e convencional
07. Vídeo As polêmicas da vacuidade
08. Vídeo Quem é dono da vacuidade?
1.1.
Os Gendenpas dizem que a visão é uma negação existencial;
Outros dizem que é uma negação identitária.
1.2.1
Qual é a nossa própria visão na tradição da tradução antiga11Ngagyur, isto é, nyingma.?
1.2.2.1.
No estado da grande união,
Depois de fazer um julgamento negativo de “não existência”,
Que outra coisa, tal como uma vacuidade exclusiva,
Ou algo que não é [aquilo que é negado],
Poderia estar implicado em seu lugar?
As duas coisas são apenas designadas pelo intelecto, e,
no sentido definitivo, nenhuma delas é aceita.
Esta é a realidade original além do intelecto,
Que é livre tanto de negação quanto de prova.
1.2.2.2.1
Porém, caso você pergunte sobre como a vacuidade é determinada,
Então é apenas uma negação existencial.
Tanto a Índia do glorioso Chandrakirti
quanto o Tibete de Rongzom Chozang
Com uma só voz e uma única intenção
Estabeleceram a grande vacuidade da pureza primordial.
1.2.2.2.2
Uma vez que estes darmas são primordialmente puros,
Ou porque são originalmente desprovidos de realidade intrínseca,
Eles não surgem em qualquer das duas realidades;
E assim, porque encasquetar com a expressão “não existentes”?
1.3.1.1.1.
No lugar de um pilar, primordialmente puro,
Não há absolutamente nada que não seja vazio.
Caso você não o negue dizendo, “Não há pilar algum”,
O que significa dizer que “o pilar não existe”?
09. Vídeo Vacuidade é só o começo
10. Vídeo Luz imaculada
11. Vídeo A grande união
No Luz Imaculada (comentário de Troshul Jamdor), há duas citações referentes ao verso 1.2.2.1:
“Com natureza da vacuidade, luminosidade e estado desperto,
Dotada de grandes nuvens de qualidades indivisíveis,
Espontaneamente presente e naturalmente pura como o sol,
Primordialmente livre de máculas que sejam diferenciáveis [dele]:
Assim é o darmata primordialmente puro e luminoso.” Longchenpa
“Neste sistema, todos os darmas são completamente reconhecidos como bem semelhantes a ilusões. Tendo assimilado isso completamente, nossa mente não fica mais deludida pelo poder das aparências, e não é capaz de manifestar construções mentais. Não se aceita, abandona, hesita ou faz esforço. Assim, essa realização final da natureza das coisas tal como ilusões é estabelecida pela realização da inseparabilidade das duas verdades.” Rongzompa
E uma citação no comentário do verso 1.2.2.2.1:
“Ao contrário da tradição Mādhyamika, os Yogācārins vêem a realidade definitiva como sendo existente [por que para eles é sujeita a atributos], e eles não aplicam uma negação absoluta à imputação (parikalpita, kun brtags)12Pettit prefere “imaginação”., dizendo, “é totalmente não existente”; eles dizem que “uma realidade definitiva estebelecida como uma negação não estabelece o caminho do meio”. Assim, já que os objetos da cognição (shes bya) são vazios de imputação (kun brtags), negamos em absoluto o [status de] ser [que é sujeito a atributos] e a existência de características identificadoras intrínsecas, então não há nada deixado como uma base indicada [como o referente da imputação].” Rongzompa
Essas três citações estabelecem a unidade da prasangika de Chandrakirti com o que é ensinado na tradição nyingma (representada principalmente por Ronzongpa, o que é clarificado por essa última citação).
Curiosamente, a colocação famosa de alguns que se afirmam Prasangikas “o pilar é vazio de existência própria, mas não é vazio de pilar”, os caracteriza justamente com o mesmo entendimento, segundo Rongzompa, dos yogachara, que fracassa em estabelecer o definitivo de acordo com (nominalmente) todas as tradições tibetanas.
A relação entre svatantrika, yogachara, shentong e “pilar não é vazio de pilar” vai seguir no texto.
e do comentário a 1.2.2.2.2
“...o fato de que todos os darmas são vazios de natureza própria ou vazios de essência é afirmado pelas escrituras e comentários. Da mesma forma, já que isso é estabelecido por raciocínio válido, embora a tradição nyingma do mantra secreto exponha a vacuidade intrínseca (rang tong), não é a mesma ‘vacuidade intrínsica’ da dicotomia ‘vacuidade extrínsica vs. vacuidade intrínseca’. Essa diferenciação surge nos sistemas filosóficos das novas tradições do mantrayana, de forma que a asserção de [vacuidade intrínseca de acordo com as novas escolas] é de algum modo incompatível com a realidade das duas verdades integradas. Nesse respeito, há algumas diferenças [entre os proponentes da vacuidade intrínseca nas tradições novas e nós mesmos] com relação ao segundo e terceiro giro da roda do darma, na medida em que são postulados como definitivo ou expediente, se as intenções dos dois desbravadores são combinadas ou não, ou se as duas cognições validadoras devem ser igualmente enfatizadas ou não, etc”
12. Vídeo Vacuidade e didática da vacuidade
1.3.1.1.1. [As falhas na justificação através do uso da expressão “existência verdadeira”]
No lugar de um pilar, primordialmente puro,
Não há absolutamente nada que não seja vazio.
Caso você não o negue dizendo, “Não há pilar algum”,
O que significa dizer que “o pilar não existe”?
1.3.1.1.2.1 [dizer isso é negação identitária, mesmo quando se afirma existencial]
A vacuidade que é a negação do pilar
E uma aparência como sobra
Não se encaixam como “vazio” e “não vazio” numa união;
É apenas como enredar fios brancos e pretos.
1.3.1.1.2.2 [dizer isso é uma forma de vacuidade extrínseca (shentong)]
Dizer “um pilar não é vazio de pilar”
ou “darmata é vazio de ser um pilar”
é postular uma base de vacuidade, postular algo que não é vazio.
Estas são vacuidades extrínsecas verbais e ontológicas.
1.3.1.1.2.3 [contradiz escrituras e raciocínio]
Que dor! Se isso não for vazio disso mesmo,
A base vazia não é vazia, e então fica sobrando.
Isto contradiz tanto a escritura quanto o raciocínio—
“a forma é vazia de forma!”
13. Vídeo O exame da igualdade e da diferença
1.3.1.2.1.1 [Refutação pelo exame de igualdade e diferença]
Considere um pilar e a existência verdadeira de um pilar.
Se elas são uma só, então refutar uma é refutar a outra.
Se elas são diferentes, ao refutar uma existência verdadeira
que não é o pilar, o pilar
Que não é vazio de si mesmo se tornaria imune à análise.
1.3.1.2.1.2.1 [A resposta a essa crítica]
“Uma vez que a existência verdadeira não é encontrada,
não há necessidade de debater diferença ou igualdade”—
1.3.1.2.1.2.2 [A refutação da crítica]
Mesmo a existência verdadeira não existindo,
os indivíduos ainda apreendem vasos como verdadeiramente existentes.
Então, com exceção de um vaso não vazio
O que há para estabelecer como não existente?
E você acha que determinou a aparência do negandum!
1.3.1.2.1.3
Ensinar vacuidade aplicando algum qualificador
tal como “existência verdadeira” ao negandum
É claro bem conhecido nos textos Svatantrika.
Mas no contexto de analisar a realidade definitiva,
Qual é a vantagem de aplicá-lo?
1.3.1.2.2.1 [As falhas na justificação através do uso da expressão “não é vazio de si mesmo”]
Considerando que se é vazio, então mesmo enganadoramente
Um pilar será não existente,
Você tenta evitar a interpretação incorreta do termo [“não existente”]
Mas isso por si só é uma grande contradição.
14. Vídeo O uso do intelecto no budismo
15. Vídeo Reconhecer isso é maravilhoso
1.3.1.2.2.1 [As falhas na justificação através do uso da expressão “não é vazio de si mesmo”]
Considerando que se é vazio, então mesmo enganadoramente
Um pilar será não existente,
Você tenta evitar a interpretação incorreta do termo [“não existente”]
Mas isso por si só é uma grande contradição.
1.3.1.2.2.2.1
Mas você não está satisfeito de dizer simplesmente,
“Um pilar existe em termos de um engano”
Por que então dizer “Não é vazio de si mesmo”?
1.3.1.2.2.2.2.1 [contradição por não serem a mesma coisa]
Você pode dizer “O sentido dessas expressões é o mesmo”,
Mas não é assim; “Um pilar existe” e
“Há um pilar no pilar” são afirmações diferentes.
Esta última afirmação significa “Algo depende de algo”—
E é isso que no fim das contas você acaba afirmando.
1.3.1.2.2.2.2.2 [a afirmação não é razoável em termos de nenhuma das duas realidades]
Se em um sentido definitivo um pilar não é percebido,
Como é que um pilar não seria vazio de pilar?
Ao dizer “Um ‘pilar pilar’ [existe] em termos de um engano”
Você está apenas confuso, usando a mesma palavra duas vezes.
1.3.1.2.2.2.2.3 [“vacuidade intrínseca” e “não ser vazio de si mesmo” são contraditórias uma a outra]
Caso não seja vazio de si mesmo,
Então enquanto existe por si mesmo, deve ser vazio de outra coisa.
Se o negando não é outra coisa,
Isso contradiz a afirmação de que não é vazio de si mesmo.
1.3.2. [vacuidade extrínseca do que é enganoso ou do que é definitivo são ambas negadas]
1.3.2.1 [não vão produzir renúncia ou realização]
Falando em termos gerais, vacuidade extrínseca
não necessariamente se qualifica como vacuidade.
Embora uma vaca não exista num cavalo,
Como a partir disso se poderia estabelecer a vacuidade do cavalo?
Ao ver o cavalo, que bem ou mal
Isso causaria a vaca?
1.3.2.2 [a união de aparência e vacuidade, que transcende a mente estreita, é impossível]
Assim, um nirvana não vazio e
um samsara aparente não são adequados para serem darma e darmata
Aqui não pode haver união de aparência e vacuidade
Ou igualdade de paz e existência cíclica.
1.3.2.3 [se fosse o caso, todo mundo facilmente atingiria realização]
“A lua na água não é a lua no céu”—
Se você acha que a vacuidade de ser da lua no céu
e a aparência de lua na água
são a união de forma e vacuidade,
Aí a realização da união seria fácil para qualquer um.
1.3.2.4 [não seria adequado para grandes seres louvar essa perspectiva]
Todo mundo sabe que uma vaca não é um cavalo;
Eles vêem diretamente a aparência da vaca.
Por que o Mahatma teria dito,
“Reconhecer isso é maravilhoso”?
16. Vídeo Vacuidade extrínseca e negação implicativa
17. Vídeo União na não elaboração
18. Vídeo Atingir a bonança
1.4.1
Portanto, em nosso próprio sistema,
Caso examinemos a lua na água, aquela lua
Não é encontrada de forma alguma, e de fato não existe;
Quando a aparência da lua na água se evidencia,
ela é negada ainda que apareça.
[Ela é negada enquanto algo que parece, isto é, uma lua verdadeiramente existente.]
1.4.2.1
Vacuidade e existência são contraditórias
na mente de uma pessoa comum.
Mas aqui, essa união evidente é dita “maravilhosa”;
O louvor do sábio se dá com palavras de surpresa!
1.4.2.2
Caso examinemos pelo lado da vacuidade,
Já que absolutamente nenhuma coisa não é não vazia,13“Todas as coisas são vazias” é o jeito direto de dizer isso, porém aqui parece ser frisada a dupla negação, a negação não é afirmativa — na qual não se afirma uma coisa para lhe dar um atributo: vazio; mas sim em que não se afirma coisa alguma que não essa negação que não afirma.
Podemos simplesmente dizer que todas as coisas “não existem”.
1.4.2.3.1
Mas essa não existência não é autossuficiente,
uma vez que surge desobstruidamente como aparência.
E essa aparência também não é autossuficiente,
uma vez que subjaz numa grande vacuidade sem fundamento.
1.4.2.3.2
Ali, distinções tais como “isso é vazio daquilo”,
Ou “Aquilo é vazio disso,”
Ou “isso é vacuidade e aquilo é aparência,”
Jamais são encontradas;
1.4.2.3.3
Quando desenvolve confiança interior nisso,
Aquele que examina não será frustrado
Por análise descabida,
Mas irá atingir a bonança — que fantástico!
19. Vídeo Veículos dos ouvintes e dos solitários
20. Vídeo A crença e apego ao eu como base do sofrimento
2.1.1.1
Alguns dizem que os arhats shravaka e pratyekabuda
Não realizam a ausência de eu dos fenômenos.
2.1.1.2.1
Na medida em que o eu que é a apreensão
dos agregados como o mero “eu” não é eliminado,
Isso é a causa das aflições mentais não serem abandonadas
2.1.1.2.2
O eu que é uma designação feita
Com respeito aos agregados é o objeto
da apreensão inata de um eu. E também dos vasos, etc.
Fora não serem as mesmas coisas, as bases da vacuidade
não diferem em seus modos de vacuidade;
Uma vez que pessoas e fenômenos são,
as duas coisas, vazias de sustentação intrínseca.
2.1.1.2.3
Assim, isso é provado pela escritura e pelo raciocínio,
Ir além disso e dizer que
“Shravakas e pratyekabudas não realizam a vacuidade”
é só uma opinião.
2.1.2.1
Desse ponto, alguns tiram conclusões sem fundamento e dizem que
Os caminhos de visão dos três veículos são o mesmo
E que não há distinções nos níveis de realização.
Eles interpretam o Prajnaparamita e mantra, todo o sutra e o tantra,
como textos de sentido expediente.
21. Vídeo Um gole do espaço
2.1.2.2.1
Nestas interpretações, quando aqueles que já passaram por caminhos inferiores
Alcançam o caminho da visão no mahayana, e assim por diante
Haveria problemas, tais como não ter o que renunciar;
Pelo raciocínio, o prejuízo deles seria incorrigível.
2.1.2.2.2
Além disso, ao ter realizado o que precisa ser realizado,
Eles dizem que ao renunciar o que precisa ser renunciado,
[É necessário que se] alie [a prática com acumulações —
[Mas isso significa que] não há realização, o que contradiz a afirmação de haver realização.
Afirmar que o sol nascente depende de mais alguma coisa
para superar a escuridão — que esquisito!
2.1.2.2.3.1
Alguns dizem que os shravakas e pratyekabudas realizam a vacuidade
Dos cinco agregados de seu próprio contínuo de experiência,
Mas que não realizam a ausência de essência dos outros fenômenos
2.1.1.2.3.2
Caso alguém realize a vacuidade dos cinco agregados,
Então, com a exceção de fenômenos não compostos [como o espaço ou a cessação (nirvana)],
que outro darma ficaria de fora?
2.2.1.1
Qual é a posição de nossa própria tradição?
O autocomentário do glorioso Chandrakirti
Diz que de forma fazer abandonar os obscurecimentos, os budas
Ensinam a ausência de eu pessoal aos shravakas e pratyekabudas,
E que de forma a fazer abandonar obscurecimentos cognitivos, eles ensinam
aos bodisatvas como realizar a ausência de essência dos fenômenos.
2.2.1.2
“Bem, então o que se quer dizer
que tanto os shravakas quanto os pratyekabudas
têm realização da vacuidade?”
2.2.1.3.
Com o fim de abandonar as aflições mentais
Os shravakas e pratyekabudas meditam na ausência de eu pessoal;
Mas “Eles não meditam na inteireza da ausência de essência
de todos os fenômenos” — é isso que ensina [nossa tradição]
2.2.2
Longchen Rabjam disse que embora no passado
Mestres de tradições antigas tenham disputado
Se [tais classes de praticantes] realizaram ou não [as duas formas de ausência de eu],
Nossa própria posição é que, não importa quais tipos de shravakas e pratyekabudas
Tenham surgido no passado e atingido o estado de arhat
Eles não se liberaram sem
realizar a vacuidade da ausência do eu que é
a apreensão dos agregados.
Mas apenas ter essa realização não significa
que eles atingiram a ausência de eu de forma completa.
Da mesma forma que o espaço dentro de uma semente de gergelim
É comida por um verme,
[A realização deles] é reconhecida como uma ausência de eu inferior.
Então, para usar palavras que refutam a menor [das duas realizações]
Se diz que “eles não realizam a vacuidade”
Essa explicação é excelente e extremamente eloquente,
Não há nada melhor do que ela.
2.2.3.1
Por exemplo, caso alguém beba um único gole
Dá água de um grande lago,
Não se pode dizer que não bebeu o lago.
Uma vez que eles vem a ausência de eu do mero “eu”,
Que é um fenômeno entre outros, é dito que
os shravakas e pratyekabudas reconhecem a vacuidade.
Mas da mesma forma que ao beber um único gole não
se bebeu o lago inteiro
uma vez que eles não realizam a natureza de todos os conhecíveis
como sendo vacuidade, é dito que eles não reconhecem a ausência de eu perfeitamente.
22. Vídeo Quem falou em ausência de eu?
23. Vídeo Se vale tudo, não vale nada
2.2.3.2.1
Caso alguém reconheça a vacuidade de uma única coisa,
Como não poderia reconhecer a vacuidade de todas as outras coisas?
2.2.3.2.2.1.1
Caso, de acordo com as escrituras o raciocínio e as instruções essenciais,
Essa pessoa examinasse as coisas, claro que a reconheceriam.
Mas, na sua maioria, aqueles a quem virão a ser
shravakas e pratyekabuddhas
Se fixam a ausência de eu das pessoas,
E assim é difícil para eles realizar os demais extremos [do catuskoti]
Da mesma forma que aqueles que analisam um vaso
Podem acabar afirmando que suas partes indivisíveis existem substancialmente.
2.2.3.2.2.1.2
Caso a mente que realiza [a ausência de eu]
Depois de analisar o vaso também fisse
analisar partículas indivisíveis, seria razoável que reconhecessem [sua vacuidade];
Mas geralmente eles não realizam essa vacuidade.
2.2.3.2.2.1.3
Embora bases grosseiras e átomos pareçam contraditórios,
Já que [os shravakas e pratyekabuddhas] em sua maior parte não possuem
Escrituras que tratam disso, não possuem esses modos de raciocínio e as instruções essenciais correspondentes,
Eles praticam sistemas que não as contradizem
2.2.3.2.2.1.4
Da mesma forma, os seguidores do sistema cittamatra
não aceitam a existência de objetos externos,
Então porque eles não aceitam também a não existência do sujeito?
Por que um svatantrika não utilizaria o raciocínio que estabelece
A ausência de verdade última para compreender o não estabelecimento
convencional das características intrínsecas (rang mtsham)
Então, para você todo mundo é um prasangika!
Como os shravakas e pratyekabuddhas poderiam denegrir o mahayana
[caso fossem prasangikas]?
2.2.3.2.2.2
Assim, embora a natureza de uma coisa
Seja também a natureza de todas as coisas,
Na medida em que as causas e condições externas e internas
Não estejam completas, a realização virá gradualmente.
24. Vídeo 10 mil éons perdido no nirvana
2.2.3.2.2.3.1
Em geral, aqueles com mentes aguçadas atingem a realização por si só,
enquanto que os embotados
Não necessariamente atingem a realização imediatamente.
2.2.3.2.2.3.2
Em algum ponto, a realização é inevitável;
Ao fim de dez mil éons, se diz,
O arhat acorda do estado de cessação,
e entra no caminho mahayana.
2.2.3.2.2.4.1.1
Para permanecer apropriadamente no caminho Mahayana,
É preciso cultivar a si mesmo por um éon incomensurável.
Então porque não seria possível para
os shravakas e pratyekabuddhas, que se esforçam por sua própria felicidade,
realizar todas as formas de ausência do eu
ao longo desses [dez] mil éons [que eles passam em cessação]?
2.2.3.2.2.4.1.2
Não é o caso que aqueles que atingiram os bhumis
gradualmente clarificam e aperfeiçoam sua realização?
2.2.3.2.2.4.2
Com a ajuda das acumulações,
modos infinitos de raciocínio, bodicita,
A conduta que [se segue a isso], e a dedicação perfeita—
Quando essas condições estão completas, é certo
que se atinge a realização,
Da mesma forma que o conhecimento dos meios hábeis é uma condição
para a rápida realização no caminho do mantra.
25. Vídeo Estabelecendo o veículo único
2.3.1.1
Mesmo caso já se tenha abandonado noções de um eu permanente,
Ocorre apreensão instintiva de um “eu” com relação aos agregados.
Assim [é dito], “[Enquanto houver] apreensão dos agregados,
haverá apreensão do ‘eu’” — esta afirmação [do Ratnavali (Guirlanda Preciosa de Nagarjuna)]
2.3.1.2
Significa que, na medida em que uma base de designação for imputada aos agregados,
E à mente que os apreende,
As causas para a designação de um eu estarão completas,
E como resultado disso, não haverá cessação da apreensão de um eu.
2.3.2
Assim, mesmo se um eu permanente fosse abandonado,
Uma vez que o objeto em relação ao qual a designação de eu
é instintivamente aplicada não é eliminado,
Nada poderia opor a ocorrência de apreensão de eu.
Assim, no contexto de abandonar aflições mentais,
A afirmação “É preciso reconhecer os agregados e assim por diante como vazios”
Não é o sentido da passagem [no Ratnavali]
Esse sentido foi explicado dessa forma por Chandrakirti:
2.3.3.1
Caso alguém reconheça a mera designação de “eu”,
Isso é suficiente para acabar com a apreensão do “eu”.
Embora alguém não saiba que a corda não existe,
Ao ver a ausência de cobra, a apreensão de cobra cessa.
2.3.3.2
Enfim, se alguém realiza os dois tipos de ausência de eu.
A talidade de todos os fenômenos é única,
E a forma de reconhecer essa talidade é a mesma,
Assim Nagarjuna e seu filho Chandrakirti expuseram
Uma linha de raciocínio que estabelece o resultado de um veículo único.
2.3.3.3
Caso, como a sua escola diz, os shravakas e pratyekabuddhas
já tivessem reconhecido a realidade, como essa linha de raciocínio
poderia estabelecer um veículo único?
É só uma afirmação.
2.3.3.4.1
Aqui, a sabedoria primordial da união
Que reconhece o definitivo
É exatamente idêntica à talidade;
Todos os seres sublimes se direcionam a ela, e nela penetram.
2.3.3.4.2
Assim, ao compreender bem esse sistema,
os sistemas de Nagarjuna e Asanga são como
a combinação de melado e mel;
uma pessoa faminta os digere com facilidade.
2.3.3.4.3
De outra forma, como ocorre com a comida imprópria,
É possível sentir o desconforto do câncer se produzindo.
Ao ser esfaqueado e fincado com cem lanças afiadas
de escritura e raciocínio, só o que surge é medo.
26. Vídeo Arhats e bodisatvas
27. Vídeo É melhor meditar com ou sem objeto?
28. Vídeo Nada apreender certo e errado
3.1
Quando ao se engajar na prática principal da visão,
Alguns dizem que não se deve apreender nada.
O sentido de “não apreender nada”
3.2.1.1
Pode ser bem compreendido, ou equivocadamente.
3.2.1.2.1.1
A primeira [forma de entender]
É livre da elaboração dos quatro extremos.
Pois na sabedoria dos seres sublimes,
nada parece subsistir.
Dessa forma, a fixação a características [apreensão modal] naturalmente cessa;
É como olhar para um céu vazio e luminoso.
3.2.1.2.1.2
A segunda é o sistema da “não mente” de Hashang:
Apenas permitir que a mente relaxe numa ausência livre de análise
e sem o aspecto de claridade do discernimento penetrante.
Assim o praticante segue um ser ordinário, como uma pedra nas profundezas do oceano.
3.2.1.2.1.3.1
Por exemplo, embora ambos digam que “não há nada”,
O madhyamika vê que não há nada em verdade,
enquanto o outro apenas imagina a ausência de forma;
Da mesma forma aqui, embora as palavras pareçam as mesmas,
os sentidos são tão diferentes quanto o céu e a terra.
29. Vídeo Meditação não analítica
30. Vídeo Ironia na não elaboração
31. Vídeo Zazen no budismo tibetano?
32. Vídeo É bem comum entender errado
3.2.1.2.1.3.2.1
Portanto, se na ausência de elaboração dos quatro extremos,
Não se apreende nenhum dos quatro extremos,
Se está além dos quatro extremos, e a apreensão modal se dissipa;
Uma vez que não surge, dizemos que não há apreensão modal.
3.2.1.2.1.3.2.2
Caso alguns idiotas pensem que “já que não há apreensão modal,
desde o princípio se deve relaxar e não se fixar a nada”—
Então, uma vez que todos os seres já estão bem relaxados no seu estado comum,
vagando a esmo nos três mundos do samsara,
Não há razão para encorajá-los ou lembrá-los!
3.2.1.2.2.1
Alguns podem dizer, “Reconhecemos a natureza da mente,”
sem real entendimento; Ao se reconhecer o definitivo,
é preciso sem dúvida realizar a ausência de existência verdadeira.
Que “aparências deludidas sejam uma coisa, e eu outra”
É algo óbvio e não requer nenhuma meditação.
33. Vídeo Não encontrar não tem fim
3.2.1.2.2.2.1.1.1
Você pode dizer, “Ao examinar a cor, forma origem, cessação
E assim por diante, da mente, nada é visto;
Isso é realização da vacuidade.”
3.2.1.2.2.2.1.1.2.1
Este sistema de ensinamento é extremamente profundo,
Porém, também nele há grandes erros que se pode cometer;
Uma vez que a mente não tem forma,
É impossível que alguém veja sua cor, etc.
3.2.1.2.2.2.1.1.2.2
Assim, é um grande erro pensar que ao apenas não ver essas coisas
Seria o mesmo que ser apresentado a vacuidade.
Ao se examinar a própria cabeça de centenas de jeitos diferentes,
Os chifres de um ruminante nunca serão encontrados.
3.2.1.2.2.2.1.1.2.3
Dizer que não ver algo é reconhecer sua vacuidade —
Isso não seria fácil para qualquer um?
34. Vídeo Apreensão modal, o que é, para que serve?
35. Vídeo Usar a mente não é reconhecer a mente
3.2.1.2.2.2.1.2
Portanto, se através dessa análise racional
Se reconhece precisamente a natureza das coisas,
Se reconhecerá profundamente a irrealidade essencial
Da mente ilusória, que é como uma ilusão.
Então, exatamente como ao fitar diretamente o espaço,
Se obterá certeza profunda sobre a natureza da própria mente.
Que embora em movimento, é vazia.
3.2.1.2.2.2.2.1.1
Você pergunta, “Bem, então, essa sua mente —
É não existente, como o espaço,
Ou ela tem uma cognição separada?”
3.2.1.2.2.2.2.1.2
Como a mente vibrante que todos possuímos
Não descansa um momento sequer, certamente todos diriam
que há alguma forma de cognição.
Assim, você diz que a mente,
Que não é existente e tampouco é inexistente,
É o darmakaya luminoso.
Embora ele não tenha estudado muito,
uma pessoa que afirma introduzir a natureza da mente
Pensa que isso é um ensinamento ao estilo de
“Conhecendo-se a um libera-se a todos”
3.2.1.2.2.2.2.2.1
O ensinamento de “não é existente e tampouco é inexistente” na Grande Perfeição
É a liberdade dos quatro extremos da elaboração.
Caso você examine a mente com cuidado,
Não se pode dizer que exista,
E tampouco se pode dizer que não exista.
3.2.1.2.2.2.2.2.2.1
Mas, de fato, sua mente não vai além
dos dois extremos de existência e não existência,
e nem mesmo ao extremo onde não é existente e tampouco é inexistente.
Você está só mantendo um pensando sobre a mente na base
de ela ser “não existente e tampouco inexistente”
3.2.1.2.2.2.2.2.2.2
Fora o nome, ao se falar das coisas dessa forma,
isso não é em nada diferente do “eu inconcebível” do apóstata.
36. Vídeo Análise, apreensão e não elaboração
3.2.1.2.2.2.3.1
A mente e os darmas que não são a mente
São determinados como irreais, e nesta base
as aparências surgem como relatividade,
Que está além do pensamento e da expressão de “existência” e “não existência”
Este é o ponto crucial da liberdade da elaboração dos quatro extremos.
Que não tem um ponto focal e tudo permeia.
3.2.1.2.2.2.3.2
[Porém] apenas dizer “isto é livre de existência e não existência”
É colocar um alvo perante a mente.
Na dependência dessa apreensão de eu e outros como entidades reais,
Entramos continuamente no rio do samsara.
3.2.2.1.1.1
O antídodo que dá fim a tudo isso é a
apreensão modal da ausência de eu.
Caso não se entenda a forma pela qual a ausência se dá,
Simplesmente postular não existência não ajuda em nada;
Caso você confunda uma corda com uma cobra,
Não ajuda em nada pensar “Não há cobra alguma”;
Mas se você reconhece como ela não existe, ela simplesmente desaparece.
3.2.2.1.1.2.1
Assim, ao ter reconhecido a vacuidade por meio da análise,
não se deve ficar satisfeito com apenas a análise,
Uma vez que o hábito de se apegar a entidades reais vem do princípio sem princípio,
Você deve meditar vez após vez com a apreensão modal.
3.2.2.1.1.2.2
Ao meditar na ausência de eu a visão de um eu
se desenraiza, e por isso ela foi exortada como necessária
por muitos sábios reconhecedores da verdade que praticaram muito.
3.2.2.1.1.2.3.
Como essa é a entrada segura para os iniciantes,
dizer que a apreensão modal deve ser abandonada
Desde o princípio é um rumor disseminado por Mara.
37. Vídeo Refinando a meditação
38. Vídeo O farol da não fixação
3.2.2.1.2.1
Quando você obtém certeza excepcional na ausência de verdade
Induzida por essa apreensão modal,
A própria apreensão de não existência
não é a natureza final das coisas,
Portanto, medite na grande vacuidade livre de elaboração,
Livre de ambivalência conceitual.
3.2.2.1.2.2
Quando você realmente compreende a ausência de verdade,
A vacuidade surge como relatividade,
Sem apreensão seja por forma, seja por vacuidade.
Isto é digno de confiança da mesma forma que o
Ouro refinado pelo fogo.
3.2.2.1.2.3
Embora essa questão extremamente profunda
Tenha sido reconhecida pelo esforço persistente
Dos grandes iogues eruditos da Índia e do Tibete,
Meus pêsames para aqueles idiotas que acham que ela
pode ser reconhecida num instante — estão minados de dúvidas!
3.2.2.2.1
Na prática principal da absorção,
Os fenômenos reais e potenciais, saṃsāra and nirvāṇa,
Estão além da existência e da não existência. Se na natureza das coisas
A existência e a não existência não são estabelecidas em lugar algum,
A apreensão enviesada [não é nada além] elaboração conceitual.
Assim, quando analisando de forma racional,
Não se vê nada estabelecido em lugar algum;
Dessa forma, como poderia surgir apreensão?
3.2.2.2.2
Porém, se você analiza a natureza da liberdade
Perante os quatro extremos de elaboração, a certeza é obtida.
A partir desse discernimento penetrante, a sabedoria luminosa
autossurgida se torna brilhante como um farol.
3.2.2.2.2
Seu oposto — a noite escura dos
quatro extremos dos intelectos inferiores —
3.2.2.2.3
É desenraizada por esse mesmo antídoto;
Assim, quando se medita a respeito dela, a certeza surge.
39. Vídeo A visão além da visão
3.2.3.1.1
O espaço fundamental além do intelecto em que
as elaborações dos quatro extremos são instantaneamente eliminadas
É difícil de reconhecer de uma vez só
do nível de uma pessoa comum.
3.2.3.1.2
O sistema de estudo e reflexão
Serve para a eliminação das elaborações dos quatro extremos passo a passo.
Na medida em que nos acostumamos com ele,
Cada vez mais cresce a certeza;
Nosso intelecto, que faz com que a reificação equivocada se dissipe,
se amplia como a lua crescente.
3.2.3.2
A visão infundada que não apreende a nada
Não produz a confiança de que
nenhuma entidade real é estabelecida em qualquer lugar;
E assim, ela não é capaz de remover os obscurecimentos.
3.2.3.3.1
Assim, da mesma forma que a partir da fumaça se infere que há fogo,
A diferença entre essas meditações
É conhecida pelo restante da entre as máculas abandonadas e a realização obtida.
3.2.3.3.2.1
A meditação do idiota comum
Não é uma causa para abandonar as máculas ou a realização.
Uma vez que é um obstáculo para a produção de boas qualidades,
É como passar o chá no coador —
O aprendizado escritural e a realização passam,
Enquanto que as perturbações emocionais se acumulam.
Em particular, a confiança em causa e efeito fica diminuída.
3.2.3.3.2.2.1
Caso alguém tenha os olhos da visão autêntica,
O aprendizado a partir das escrituras, a experiência e a realização fulguram.
Por virtude de reconhecer a vacuidade,
a confiança na verdade relativa infalível de causa e efeito
Aumenta cada vez mais, e as perturbações emocionais diminuem.
3.2.3.3.2.2.2
Com o samādhi que permanece unifocadamente
No estado da certeza induzida pela análise,
O sentido último é visto pela ausência de visão (particular).
3.2.3.3.2.2.3
Não se sucumbe a nenhum objeto particular de visão
E claro, não se apreende nada.
Como o paladar de um mudo ao provar o melado,
A confiança cresce no iogue que a cultiva,
mas não pode ser produzida apenas por análise.
40. Vídeo Shamatha ou vipassana?
41. Vídeo Repouso vs. discernimento
4.1
Ao se meditar a visão do veículo supremo,
O que é correto — analisar ou focar a mente?
4.2.1.1
Alguns dizem, “Não analise, medite em repouso.
A análise obscurece a natureza das coisas,
Portanto, sem analisar, sente como um tronco.”
4.2.1.2
Outros dizem, “Faça somente análise.
A meditação sem análise,
É como dormir, então não ajuda,
e assim, se deve sempre analisar.”
4.2.1.3
A aderência a apenas meditar em repouso
ou a apenas fazer análise não é apropriada.
4.2.2.1.1
A maior parte das meditações em repouso14Tib. འཇོག་སྒོམ་, jokgom ou jok gom, Wyl. 'jog sgom, sânscrito sthāpyabhāvanā
Podem se tornar apenas shamatha,
Mas meditar dessa forma não vai produzir certeza.
Caso a certeza, o olho único do caminho da liberação,
for abandonada, os obscurecimentos não serão dissipados.
4.2.2.1.2.1
Se você não conhece a natureza dos darmas,
Não importa o quanto você medite, você ainda
estará meditando em conceitos comuns. Qual o sentido disso?
É como seguir uma estrada de olhos fechados.
4.2.2.1.2.2
Os hábitos da delusão sem princípio
Produzem fixação a noções equivocadas sobre a natureza das coisas.
Sem se empenhar em investigar
Com cem métodos de raciocínio, será difícil
Atingir a realização.
4.2.2.1.2.3
Na medida em que a fixação às aparências equívocas
E ver o sentido autêntico são mutuamente excludentes,
Aqui, na escuridão da existência a que
os seres sencientes estão habituados,
É difícil obter um lampejo de realidade
4.2.2.2.1
Pelo amadurecimento do carma da prática feita anteriormente
e pela bênção do professor,
Ao se examinar a origem, continuidade e cessação da mente,
É possível determinar a ausência de verdade.
Mas isto é extremamente raro;
Nem todo mundo consegue atingir a realização deste modo.
...
Ringu Tulku Rinpoche diz:
“Quando atingimos uma conclusão, ou ficamos cansados, apenas ficamos ali, assentados em paz. Esta parte é parecida com a shamatha.”
Tsoknyi Rinpoche diz que as pessoas no mundo atual muitas vezes preferem a meditação de repouso no início, e que a princípio a meditação analítica pode lhes parecer demandar demasiado esforço. Ele recomenda que as pessoas comecem com a meditação de repouso ou assentamento, e então pratiquem meditação analítica apenas quando obtiverem alguma tranquilidade. Sem fazer meditação analítica, no entanto, a sua prática será instável.
42. Vídeo Êxtase e vacuidade
4.2.2.2.2.1.1.1
Ao transpassar (trekchod) para a pureza primordial (kadag)
É preciso levar a visão da prasangika à perfeição.
No que diz respeito à não elaboração [trömed, spros med],
Estas duas coisas [kadag e a visão prasangika] são consideradas iguais.
Para impedir a fixação a uma vacuidade de mera ausência,
O mantrayana ensina o grande êxtase.
Isto causa uma experiência da expansão de êxtase e vacuidade não duais,
Livre de sujeito e objeto.
Aparência, clareza e estado desperto
São sinônimos desse êxtase.
4.2.2.2.2.1.1.2
Aqui o aspecto de aparência são a forma dos corpos de budas,
Que protegem todos os seres e os levam a felicidade
Enquanto samsara perdurar,
ele tem a natureza da compaixão última.
Assim a grande sabedoria por sua própria natureza
não se fixa seja na existência ou na paz [samsara ou nirvana], [mahayoga]
uma vez que ela está na base.
4.2.2.2.2.1.2
Ao praticar o caminho Evam de êxtase e vacuidade [anuyoga]
Nesta mesma vida se manifesta
a união fruitiva.
4.2.2.2.2.1.3
De fato base, caminho e resultado
Não estão divididos; o caminho da quarta iniciação,
que é o auge do vajrayana,
É a sabedoria autossurgida do estado desperto e vacuidade.
Isto só é enfatizado
No caminho do pináculo vajra da luminosidade, [atiyoga]
Que é o ponto final em que todos os veículos convergem.
43. Vídeo Certeza além de samsara e nirvana
4.2.2.2.2.2.1.1.1
Enquanto a certeza não surgir,
Deve-se induzí-la por meios hábeis e análise.
Caso a certeza surja, devemos meditar
no estado que for sem se separar dessa certeza.
A continuidade da certeza, como a continuidade da luz de uma lamparina
Faz com que a conceitualidade falsa ceda.
Devemos sempre cultivá-la.
Caso seja perdida, então a induzimos novamente pela análise.
4.2.2.2.2.2.1.1.2
De início, a análise é importante;
Caso não se comece com ela,
Como se induziria a certeza excelente?
Caso a certeza excelente não surja,
Como cessarão as projeções miseráveis?
Se as projeções miseráveis não cessarem,
Como o vento fétido do carma será parado?
Caso o vento fétido do carna não seja parado,
Como esse samsara terrível será abandonado?
Caso este samsara terrível não seja abandonado,
O que se pode fazer sobre esse sofrimento deplorável?
4.2.2.2.2.2.1.1.3
Na realidade, não há bem ou mal
No samsara e no nirvana;
Reconhecer a equanimidade de não haver bem ou mal
É a natureza da certeza excelente.
Com a certeza excelente, o nirvana não é atingido
ao se abandonar o samsara.
As palavras podem parecer contraditórias,
mas não são.
Este é o ponto mais importante do caminho,
Uma instrução secreta crucial sobre a visão e a atividade —
Você a deve examinar e saborear seu sentido!
A natureza intrínseca do Tathagata
É a natureza intrínseca dos seres sencientes.
O Tathagata não tem natureza intrínseca;
Os seres sencientes também não tem natureza intrínseca.
Mulamadhyamakakarika
Por que uma certeza desse tipo não estabelece um “nirvana” verdadeiro ao rejeitar um “samsara” verdadeiro, a contradição aparente que isto impõe à explicação acima — que alguém deva ter certeza como um antídoto para abandonar o samsara — é causada apenas pelas palavras. Caso alguém dependa do sentido de fato, não há contradição em termos de aparência e realidade. Fazer este tipo de distinção é a mais importante característica dos caminhos do sutra e do tantra. Sobre isto, o Mūlamadhyamakakārikā diz:
Sem abandono, sem realização,
sem aniquilação, sem permanência,
sem cessação, sem produção —
Isto se diz que é o nirvana
E o Senhor Maitreya disse:
Nisto, não há nada para remover;
Não há nada a adicionar.
Apenas olhe autenticamente para o que é autêntico.
Se você ver de forma autêntica, você será liberado.
44. Vídeo Estabelecer e soltar
4.2.2.2.2.2.1.2.1
Em seguida, você deve alternar a análise e a absorção.
Quando se analisa, nasce certeza;
Quando não se analisa, surge o apego ao que é comum,
Analise vez após vez, produzindo a certeza.
Quando nasce a certeza, descanse nesse estado
Sem distração, e medite unifocadamente.
4.2.2.2.2.2.1.2.2
A certeza e a mente das projeções
São mutuamente exclusivas; 15Ver Thurman, Essence of True Eloquence, p 297.
Então, pena análise que desenraiza a projeção,
A certeza cada vez aumenta mais.
4.2.2.2.2.2.1.3.1
Finalmente, se quando sem a análise,
A certeza surge naturalmente, descanse neste mesmo estado;
Como ela já foi estabelecida pela análise,
Não há necessidade de conquistá-la de novo.
4.2.2.2.2.2.1.3.2
Caso você entenda que uma corda não é uma cobra,
Esta certeza em si bloqueia a percepção de uma cobra.
Dizer “Ainda assim você precisa seguir analizando
a ausência da cobra” é tolo, não é mesmo?16Lembrar das questões aventadas por Yonten Gyatso
45. Vídeo A seda do intelecto
4.2.2.2.2.2.2.1
Quando a realização do caminho sublime ocorrer,
Você não estará meditando com análise;
Qual é a necessidade de aplicar
A análise inferencial à realização direta?
4.2.2.2.2.2.2.2.1
Caso você pense que “Quando se abandona a análise
Não há realização do definitivo,”
4.2.2.2.2.2.2.2.2.1
Então para você a sabedoria dos budas e seres sublimes,
e as percepções não distorcidas dos seres comuns,
Estariam todas equivocadas.
4.2.2.2.2.2.2.2.2.2.1
Uma vez que já tenham sido percebidas,
não são sujeitas à análise.
Portanto, no contexto da certeza extraordinária
Livre de elaborações dos quatro extremos,
Não há ocasião para analizar ou focar
Em pensamentos “disto” e “daquilo”.
4.2.2.2.2.2.2.2.2.2.2
Enquanto a apreensão analítica de características
Atar o pensador como um bicho da seda preso em sua trama,
A natureza autêntica não será reconhecida como ela é.
Comentário de Troshul Jamdor:
4.2.2.2.2.2.2.2.2.2.1 Em geral uma asserção (rtags) que se colocar para redundar em um absurdo (thal gyur) requer uma tese e um encadeamento lógico estabelecido por cognição válida [o argumento precisa tese, probandum, validade e correção]. Aqui o adversário aceita como parte de seu raciocínio o fato de que faculdades sensoriais não distorcidas existem, ainda assim, ao mesmo tempo ele requer análise na realização dos caminhos sublimes. Da perspectiva da certeza extraordinária, totalmente livre das elaborações dos quatro extremos, se o objeto está livre de existir, não existir, ambos e nenhum, então não existe um objeto diferente do que está objetivamente focado como “isto” ou “aquilo.” Se este objeto não existe, então como a mente subjetiva vai poder fazer análise sobre ele? Não há como.
4.2.2.2.2.2.2.2.2.2.2 Se durante a meditação há apreensão analítica modal, então, exatamente como a apreensão da existência intrínseca, essa apreensão de uma característica obscurecerá e atará essa pessoa na meditação analítica, exatamente como um bicho da seda fica preso em sua própria saliva. Uma vez que se a visão correta do sentido de repousar na autêntica natureza das coisas seja prejudicada pela cognição válida, não se conseguiria reconhecê-la.
46. Vídeo Vai, sem reificar a ida
4.2.2.2.2.3.1
Quando esta certeza extraordinária
Rechaça a escuridão que obscurece a realidade,
Aí se reconhece a luminosidade fundamental ela mesma,
E a visão imaculada da tal-como-é-quididade,
Que é a sabedoria da cognição que conhece a si mesma.17Individually cognized, é ambíguo no sentido de ser algo que cada um reconhece por si só, mas também é ela que conhece a si própria — ela que conhece a si própria, como cada um pode conhecer.
Como isto seria conhecimento analítico, uma forma de mentação?18sems byung shes rab = *caittaprajñā; refência, ver a análise de Rongzompa da diferença entre prajna e jnana, ná pág 89 do Beacon of Certainty.
4.2.2.2.2.3.2
O objeto do conhecimento analítico é “isto” ou “aquilo”,
Diferenciados e conceitualizados,
Enquanto que a sabedoria da equanimidade
Não reifica sujeito, objeto,
aparência ou vacuidade — de nenhuma forma;
Ela não se prende a caracterísicas
ligadas a mente ou à mentação.
4.2.2.2.2.3.3.1
Portanto, o conhecimento analítico imaculado
Do equilíbrio na certeza suprema
induzido pela análise é uma causa
para o atingimento da sabedoria resultante, a união.
4.2.2.2.2.3.3.2.1
O estabelecimento da visão,
e o estabelecimento dos sistemas filosóficos
determinados [por essa visão]
É a cognição válida imaculada do conhecimento analítico
com que cada um diferencia e conhece.
4.2.2.2.2.3.3.2.2.1
A sabedoria do equilíbrio sublime
Que atingiu a natureza das coisas
através da certeza induzida por essa cognição válida
é a prática principal do Mahayana.
4.2.2.2.2.3.3.2.2.2
Se você a possui, nessa mesma vida
Você atingirá o resultado da união;
Então é tanto “yana” quando “maha”.
Comentário de Troshul Jamdor:
4.2.2.2.2.3.1 Por esse motivo, com essa certeza extraordinária sobre a natureza de todos os darmas, se rechaça a escuridão da ignorância e da capacidade de ver amplamente que obscurece o modo de ser das coisas. Então, exatamente como se vê as coisas na aurora, a luminosidade fundamental se manifesta. A efulgência autossurgida que reconhece as coisas tais como elas são, isto é, como a própria radiância deste estado, é a sabedoria da cognição que é conhecida por si mesma. Os eventos mentais que possuem apreensão dualista não possuem uma sabedoria desse tipo.
4.2.2.2.2.3.2 O conhecimento analítico causal que é uma apreensão modal subjetiva que diferencia “isto daquilo” em seu objeto de exame, ou seja, a distinção entre dharma e dharmatā, enganoso e definitivo, saṃsāra e nirvāṇa, sem os misturar. Ela determina os objetos individuais os conceitualizado em termos de aceitação e recusa, etc. O resultado de cultivar isto em si é sem análise ou apreensão modal, já que não apreende objeto e sujeito individualmente, ou mesmo se foca em qualquer viés de aparência e vacuidade. Esta é a sabedoria da igualdade de aparência e vacuidade, que não existe com qualquer característica indentificadora ligada a objetos da mente ou eventos mentais.
Comentário de Troshul Jamdor:
4.2.2.2.2.3.3.1 Na dependência do conhecimento analítico dicotomizante, a sabedoria não dicotomizante é atingida. [...]
4.2.2.2.2.3.3.2.2.2 [...] O Dupa19sdud pa, o 'phags pa shes rab pha rol tu phyin pa sdud pa tshig su bcad pa, Resumo do Prajnaparamita, Prajnaparamita-sancayagatha. diz :
Este veículo é como uma mansão incomensurável como o espaço.
É o veículo supremo, porque através dele de fato se atinge contentamento, felicidade e êxtase.
Além disso, caso nos levemos “por ele”, ele se manifesta como um veículo causal; e se estamos “nele”, ele é um veículo resultante. Por exemplo, se alguém senta numa carruagem, esteja ela andando ou não, ainda se está “nela”.
[...]
O grande Rongzompa disse:
Caso alguém queira seguir um caminho gradual, vai se desviar do caminho que é sem travessia [por exemplo, o ati ioga]. O caminho de uma pureza cada vez maior não se harmoniza com o darma da não ação. Pois se alguém trafega um caminho que é sem limite como o espaço, nunca se chega ao fim dele.
O Darma, assim como ele é, é a essência de todas as coisas. Ele não é algo a ser atingido po caminhos ou bhumis. Caso nos estágios dos bhumis se estabelecesse estágios de pureza, purificação e liberação, o darmata dos darmas seria totalmente inexistente; caso se atinja isso, e depois aquilo, não há fim. A citação do Dupa não deve ser compreendida como querendo dizer que daqui se deve seguir para outro lugar; devemos entender que permanecemos em sua essência. Como foi dito:
Aquele que continua seguindo sem destinação,
Vai para o nirvana, sem reificar sua ida.
47. Vídeo Equanimidade além da mente
4.2.2.2.2.4.1.1
De acordo com o sistema das
quatro classes de tantra,
Este caminho, a iniciação da palavra no anuttarayogatantra
Sem dúvida é a sabedoria definitiva,
Mas não é designado como um veículo separado.
4.2.2.2.2.4.1.2
Porém, na explicação do
glorioso Kālacakratantra,
O corpo da sabedoria da equanimidade
é enfatizado, e isto é sustentado como sendo o tantra definitivo.
4.2.2.2.2.4.1.3
Dentre as classes do anuttarayogatantra,
O que é enfatizado e explicado aqui [na Grande Perfeição]
é a sabedoria do caminho da quarta iniciação
Ela é a intenção fundamental de todas as classes de tantra.
4.2.2.2.2.4.1.4
Da mesma forma que o ouro fundido dezesseis vezes
É extremamente puro, também aqui
a análise dos sistemas filosóficos dos demais veículos
revela sua pureza progressiva, que aqui culmina.
4.2.2.2.2.4.1.5
Assim, a forma disso ser estabelecido
pela cognição válida da sabedoria imaculada
Está presente em todos os shastras e tantras
e na análise de Dharmabhadra [Rongzompa].
Se você a considerar bem, está além do reino de Māra,
e faz com que a sabedoria inata amadureça.
4.2.2.2.2.4.2.1.1
Porém, ensinar a prática principal da visão
como um objeto da mente e da mentação, ao, por exemplo
se fixar unilateralmente em aparência ou vacuidade,
é tornar o inexpressível um objeto de expressão;
e isso assim contradiz a intenção dos sábios.20Uma alusão (e implicitamente, uma resposta) a uma afirmação famosa de Sakya Paṇḍita em seu sDom gsum rab tu dbye ba: rdzogs pa chen po’i lta ba ni/ /ye shes yin gyi theg pa min/ /brjod med brjod du byed pa ni/ /mkhas pa’i tshul ni ma yi no/.
4.2.2.2.2.4.2.1.2
Já que a atiyoga é a sabedoria inconcebível
Da forma e vacuidade inseparáveis,
Ela simplesmente está além da mente impura.
Comentário de Troshul Jamdor:
4.2.2.2.2.4.1.1
Os nyingma falam em nove yanas: três veículos que levam para além da existência cíclica, três veículos intelectuais que empregam austeridades, e três veículos com métodos de transformação. [os três veículos intelectuais são os da categoria sutra, os três veículos de transformação os tantras externos, e os três veículos que levam para além da existência cíclica são os tantras internos, ou pelo menos essa foi a melhor interpretação que consegui dar a classificação de Troshul Jamdor.]
4.2.2.2.2.4.1.2
[citação do Kalachacratantra:]
Todas as coisas são o estado de equanimidade,
E permanecem sem se tornar uma só coisa.
Elas surgem da sabedoria imutável,
E não são aniquiladas ou permanentes.
4.2.2.2.2.4.1.4
[longa explicação de Troshul Jamdor]
4.2.2.2.2.4.1.5
Escritura, sentido, raciocínio, conclusão. [sutra]
Aparência, correspondência, autenticidade e selo. [tantra]
Assim, de acordo com o sentido dessa afirmação, não se confia na consciência, mas na sabedoria.
O Vārttika diz:
Cognição válida é a cognição não enganosa
Aquele que a possui é o Buda, a corporificação da cognição válida.
Ela percebe sua essência por si mesma.
A cognição válida é [conhecida] a partir de convenções,
Os tratados revertem a delusão.
De acordo com essa afirmação, caso alguém se engaje na análise adequadamente com um raciocínio autêntico de acordo com a visão perfeitamente pura, ele estará além de todas as disputas e demônios de visões errôneas discordantes, e assim não poderá ser refutado por outros. Já que o objeto do profundo jeito de ser das coisas como elas são é amadurecido pela sabedoria, não se tem dúvida sobre a realização da visão; e então não é necessário se ocupar das opiniões dos outros, e assim se é feliz.
4.2.2.2.2.4.2.1.1 Isso pode bem ser o pináculo de todas as classes de tantra, mas algumas pessoas que não são capazes de investigar isso adequadamente afirmam que a prática principal da visão da Grande Perfeição se conforma a uma aparência enviesada que não é vazia, ou a apreendem como se conformando com uma vacuidade exclusiva enviesada; ou afirmam que o “estado desperto” da Grande Perfeição é um aspecto sutil da mente. Assim, eles ensinam [que a natureza do estado desperto] é um aspecto sutil da mente. Assim, eles ensinam que [a natureza do estado desperto] é o objeto da mente e dos eventos mentais. Eles dizem que o que está além da mente é mente, e o que está além da análise mental é um aspecto sutil da mente, e tentam expressar o que está de fato além da expressão. Este sistema contradiz a intenção do senhor dos eruditos, Garab Dorje, e de outros. O Saṃdhinirmocanasūtra diz:
O objeto incomensurável do estado desperto de cada um
É inexprimível e totalmente despido de convencionalidade;
Sem debate algum, é o darma definitivo.
Sua característica é que está além de toda a intelectualização.
4.2.2.2.2.4.2.1.2 Podemos nos perguntar porque essa intenção contradiria aqueles enviesados [a favor de aparência ou vacuidade]. A Atiyoga que é o pináculo dos veículos e das intenções dos budas, na medida que é a intenção da vasta expansão livre de extremos, a sabedoria inconcebível e autosurgida da grande equanimidade de aparência e vacuidade, é simplesmente além da mente impura e dos eventos mentais. O Mūlamadhyamakakārikā diz:
A expressibilidade é eliminada
Uma vez que o objeto da mente é eliminado;
Não nascida e incessante,
A realidade (chos nyid, dharmatā) é como o nirvana.
48. Vídeo Ouro fino
4.2.2.2.2.4.1.4
Da mesma forma que o ouro fundido dezesseis vezes
É extremamente puro, também aqui
a análise dos sistemas filosóficos dos demais veículos
revela sua pureza progressiva, que aqui culmina.
Comentário de Troshul Jamdor:
“E como é estabelecido?” É como o ouro, que ao ser purificado pela fundição, é confiável em sua pureza perfeita. Pela análise e raciocínio imaculados, começando com os não budistas e seguindo pelos sistemas budistas inferiores, o grande e gloriozo Rongzompa estabeleceu os veículos superiores nos termos confirmados pelos inferiores, utilizando as “três testemunhas” do raciocínio: o testemunho da profecia, o testemunho dos indivíduos e o comentário das escrituras. Ao estabelecer o resulado último como estando acima e além dos veículos inferiores, da perspectiva de sua pureza relativa, pelo raciocínio ele estabeleceu o caminho da Grande Perfeição natural como o caminho supremo e definitivo de todos os caminhos rápidos. O lama Mañjuśrī escreveu e ensinou sobre estes ensinamentos de Rongzompa ao diferenciá-los claramente com respeito às escrituras e ao raciocínio na essência da luminosidade.
Embora seja difícil entender que todos os darmas sejam primordialmente Buda, aqui explicarei um pouco sobre como isso é estabelecido na linhagem para aqueles que acreditam que isso não seja razoável.
Primeiro para não budistas que tenham dúvidas com relação ao Buda como uma fonte de autoridade: raro como a flor de udumbara mencionada em suas fontes védicas, o professor onisciente aparece no mundo como um príncipe ou brâmane. Ao entrar no útero, sua mãe sonha que ele entrou na forma de um elefante. Quando ele nasce, ele é dotado das marcas e sinais de um buda. Será profetizado que se ele não renunciar ao mundo, ele será um monarca chakravartin, e que se ele renunciar, ele se tornará um buda. O Buda é estabelecido assim pelas escrituras.
Com relação ao raciocínio: o caminho ensinado pelo Buda estabelece ausência de eu de pessoas, etc., com um raciocínio convincente. Uma vez que é estabelecido como o caminho da liberação, o Buda é a autoridade para aqueles que desejam a liberação, e o caminho que ele ensina é estabelecido como autêntico. Isto é estabelecido de acordo com o ensinamento pela prova da cognição válida, etc.
Embora eles aceitem o Buda, para os śrāvakas que não aceitam o ensinamento Mahāyāna da vacuidade, a referência são os sutras do hinayana: “Forma é como a superfície de uma bolha,” e assim por diante. Com relação ao raciocínio: Se os cinco skandhas não são vistos como irreais em em termos de não serem [um só ou] muitos e em termos de sua temporariedade, então nem mesmo a ausência de eu das pessoas será estabelecido. A forma de atingir liberação na confiança sobre as escrituras é ensinada de acordo com o ensinamento do Ratnāvalī [A Guirlanda Preciosa de Nagarjuna].
Para aqueles no caminho sútrico que não aceitam a visão profunda e a atividade do mantra secreto, a referência é a afirmação no sutra gDams ngag ’bog pa’i rgyal po [Sutra Ensinado ao Rei King Damngag Bogpa] de que o [caminho do] mantra viria a ser proclamado. O sDong po bkod pa’i mdo [Gandavyuha, Sutra da Manifestação Excelente, Sutra do Arranjo da Árvore - das raizes, pelo tronco até as folhas]:
Para aqueles para quem os budas
E os seres sencientes são naturalmente iguais,
Sem meditação ou precisar acreditar,
Eles se tornarão tathāgatas.
Forma, sensação, percepção,
E consciência — estes próprios pensamentos,
Todos eles são incontáveis tathāgatas.
Estes [que vêem assim] se tornarão o Grande Muni.
Aqui se ensina que os cinco agregados tem a natureza dos tathāgatas. O Vimalakīrtisūtra diz:
As aflições mentais são a linhagem dos tathāgatas.
e:
O ensinamento da liberação pela conquista da ausência do desejoe assim por diante é ensinada para aqueles excessivamente orgulhosos. Aqueles que não se detém em um “eu” estão naturalmente libertos do desejo e assim por diante…
Também o sutra ’Jam dpa’ rnam par rol pa sūtra e assim por diante ensinam que as “aflições emocionais são os quatro vajras da iluminação,” e assim por diante, explicando que as aflições mentais são sabedorias. O ’Jam dpal rnam par ’phrul pa e assim por diante ensinam que não se medita em nirvana ao eliminar o saṃsāra, mas se ensina que o saṃsāra é a iluminação ao dizer, “As reificações do saṃsāra são nirvāṇa.” O Avataṃsakasūtra diz:
Os muitos reinos do mundo
são inconcebíveis, mas para usar palavras,
O espaço é indestrutível,
e a sabedoria autossurgida é como ele.
Este é o ensinamento da sabedoria autossurgida. Nos sūtras também se encontra o ensinamento de que todos os seres sencientes tem a natureza da sabedoria autossurgida, e há incontáveis afirmações de Buda Śākyamuni com relação a “este mundo ser extremamente puro, mas você não conseguir ver dessa forma.” Com relação ao corpo de uma mulher oferecer prazer ao Buda, um sūtra diz:
Um bodisatva, de forma a agradar os tathāgatas, deve emanar seu corpo como o corpo de uma mulher, e deve sempre permanecer na presença dos tathāgatas.
E há afirmações de que se deve, por compaixão, destruir aqueles que prejudicam o Darma. Estas afirmações são encontradas diretamente nas escrituras.
Com relação ao raciocínio: já que, de acordo com a percepção daqueles que estão em níveis espirituais puros, todos os darmas são naturalmente puros e todos os darmas são igualmente saṃsāra and nirvāṇa, bons e maus, eles não são estabelecidos como coisas a aceitar ou abandonar. De acordo com esse tipo de ensinamento, o mantra secreto é fundamentado completamente. Começando com a aceitação da vacuidade, a pureza também é definitivamente estabelecida por estágios..
Algumas pessoas que apenas passaram os olhos nas explicações da maioria dos sistemas de mantra acham que o que está explicado ali não é razoável para a Grande Perfeição que está além da ação. Para estes nós dizemos: o ensinamento no corpus tântrico do anuttarayogatantra de que os seres sencientes têm a natureza de budas, de que os agregados e elementos são praticados como pureza divina, e como no sentido último tormas e mandalas não são estritamente necessárias, estão estabelecidos pelas passagens nas escriuras que apresentam a sabedoria no contexto da quarta iniciação. O fato de que a sabedoria é estabelecida como igualdade pura primordial não precisa ser novamente estabelecida no caminho; para aqueles que têm confiança nisso, os grilhões da atividade e esforço estão claramente estabelecidos como obstáculos. Portanto ao confiar na ioga do fluxo natural da postura de meditação, as formas de dominar as aparências da sabedoria que são a efulgência da sabedoria são realizadas rápida e facilmente.
Assim, não se deve assumir isso como querendo dizer que se as visões inferiores não são bem fundamentadas, as superiores não seriam também bem fundamentadas; pois os budas ensinam os vários veículos de forma gradual, como os degraus numa escada, de fomra a purificar a linhagem e as faculdades dos seres sencientes como se fossem joias. O Nirvāṇasūtra diz:
Assim como os degraus de uma escada,
Meu ensinamento profundo também deve ser
Gradualmente praticado e aprendido diligentemente,
Não de uma vez só, mas gradualmente.
O grande e gloriozo Rongzompa também ensinou como o progresso gradual é estabelecido de acordo com o exemplo dos passos anteriores gradualmente abandonados ao se dar os posteriores. Assim, Assim, se alguém explica tópicos profundos a pessoas de pouca inteligência, que não obtiveram certeza nas práticas anteriores, elas ficarão com medo e abandonarão a prática ou os próprios ensinamentos, ou se tonarão motivo de confusão, e assim, por esse motivo, é aconselhado que sejam mantidas em completo segredo. Caso alguém ensine a intenção profunda da visão do mantra insuperável para quem obteve certeza na grande igualdade do sistema do sutra, ele ou ela certamente a realizará completamente. Este tipo de pessoa estrá capacitada em todos os níveis dos veículos, e pode ser considerada apta a realizar o sistema do pináculo vajra definitivo. Isso está estabelecido pela afirmação “Quando pessoas assim usam mesmo um pouquinho de seu raciocínio, ele é sem limites.”
49. Vídeo Uma única intenção
4.2.2.2.2.4.2.2.1.1
Aqui a visão do transpassar — que estabelece
o aspecto de vacuidade da pureza primordial — e
4.2.2.2.2.4.2.2.1.2
A visão da realização luminosa que está acima de tudo —
e que determina a natureza
dos corpos de buda e sabedorias espontaneamente presentes
na luminosidade interna do corpo do vaso jovem —
4.2.2.2.2.4.2.2.1.3
São inseparáveis;
São apenas a união de
Pureza primordial e presença espontânea.
4.2.2.2.2.4.2.2.2
Aqui na Grande Perfeição o dito “Tilaka indestrutível
da sabedoria” de outros sistemas tântricos
É claramente ensinado como sinônimo disto.
4.2.2.2.2.4.3.1
Cada uma das instruções diretas da classe da mente da Grande Perfeição
É encontrada na prática de professores eruditos e realizados.
O Mahamudra, Caminho e Resultado (Lamdré), Pacificação (Shinje),
O Grande Madhyamaka da União, e assim por diante,
são conhecidos como seus sinônimos;
4.2.2.2.2.4.3.2.1
Por que de fato todas elas são a sabedoria
além da mente, elas são a mesma.
A intenção dos budas e sidas é a mesma —
Os eruditos afirmam isso univocamente.
4.2.2.2.2.4.3.2.2
Algumas pessoas dizem, “Nosso sistema da Grande Perfeição
É melhor que outros sistemas, como o Mahamudra.”
Elas não tem realização
e lhes falta compreensão das convenções do caminho.
Caso elas entendessem, elas veriam que essa intenção
una não pode ser dividida pelo raciocínio.
4.2.2.2.2.4.3.3
Da mesma forma, todas as sabedorias da quarta iniciação
Nos tantras da anuttarayoga
São indivisíveis na Grande Perfeição.
50. Vídeo O que fazer, depende
4.2.2.2.2.4.4.1
Porém, a fonte de todas é
a sabedoria da Grande Perfeição, cujas classes tântricas
se dividem em “mente”, “espaço” e “instrução direta”
De acordo com seus sentidos profundos, extensos e extraordinários.
Há nelas muitas instruções que não são conhecidas em
outros sistemas, que usam delas apenas um fragmento,
Então não é preciso nem dizer que é um “ensinamento extraordinário”.
4.2.2.2.2.4.4.2
Aqui, a Grande Perfeição final
É profunda, pacífica, luminosa e não construída — a sabedoria dos budas.
Mas aqui, no contexto dos caminhos,21Throshul Jamdor especifica aqui sambhāramārga (caminho da acumulação de méritos, o primeiro) e prayogamārga (caminho da preparação, o segundo — de cinco).
Se pratica as uniões do exemplo e a efetiva,
Que são como o desenho da lua,
A lua na água e a lua no céu,
Em termos dessa sabedoria.
4.2.2.2.2.4.4.3
Cada uma delas gradualmente leva à próxima,
Enquanto se cultiva a sabedoria imaculada autossurgida,
de acordo com a própria capacidade.
Portanto é como meditar em termos homólogos
de forma a atingir a sabedoria sublime.
4.3.1
Caso se estabeleça diretamente
A grande sabedoria da união do dharmata,
Todas as visões que são apreensões da análise mental
Definitivamente cessarão, e a não elaboração será reconhecida.
4.3.2
Portanto, sem citar o contexto,
Dizendo unilateralmente que a apreensão modal deve ser
usada ou não deve ser usada, tanto tem problemas quanto pontos positivos,
É como com as fases da lua.
Isto é estabelecido pelo raciocínio,
de acordo com as escrituras do sentido definitivo.
Troshul Jamdor:
As divagações da análise são como suco sem um copo;
A estabilidade da meditação é como um copo sem suco.
O equilíbrio de vipassana e shamatha livre de viés
É como uma terra pura exuberante do animado e do inanimado
(aqui há trocadilho em tibetano com copo e suco, corpo e mente).
51. Vídeo Torcendo pro time do definitivo
52. Vídeo Sem uma não tem a outra
5.1
Qual das duas verdades é mais importante?
5.2.1.1.1
Alguns afirmam que a definitiva é mais importante.
“A realidade enganosa é uma percepção deludida”, dizem eles,
a tomando como algo a ser abandonado.
“A realidade definitiva não é deludida, então o definitivo
é a visão perfeitamente pura”, dizem eles.
5.2.1.1.2.1.1
Caso a realidade enganosa não fosse errônea, caso fosse de fato verdadeira,
A realidade definitiva não seria vacuidade, e assim
elas são expressas em termos desta distinção.
5.2.1.1.2.1.2
Porém, nenhum definitivo pode ser estabelecido
como estando acima ou contra o enganoso;
Cada um deles é um método e um resultado metódico.
Sem depender de uma entidade para examinação,
sua não substancialidade não pode ser estabelecida —
E assim, tanto a substância quanto a insubstancialidade
em termos de mera relatividade, são a mesma coisa.
53. Vídeo Deidade do pensamento mágico
5.2.1.1.2.2.1
Se a fixação na vacuidade
excluir as aparências,
Isso criaria confusão na doutrina perfeita de Nagarjuna.
5.2.1.1.2.2.2
Caso ao se cultivar um caminho em que reconhecer a vacuidade,
Só se realizasse a vastidão vazia,
então se teria que aceitar
que o equilíbrio meditativo da vacuidade
Seria uma causa para a destruição dos seres.
5.2.1.1.2.2.3
Assim, embora as coisas sejam vazias desde o princípio,
Vacuidade e aparência não são coisas separadas;
Se apegar a afirmação de que “Só a vacuidade importa”,
É um enfoque inábil com relação ao sentido definitivo.
5.2.1.2.1.1
Alguns colocam o definitivo de lado
E da perspectiva da mera convencionalidade,
diferenciam os níveis de visão das classes tântricas.
5.2.1.2.1.2.1
Ver a si próprio como uma deidade num sentido convencional
Sem complementar isso com a visão da realidade definitiva da vacuidade
E a partir disso diferenciar ensinamentos elevados e inferiores é incorreto
5.2.1.2.1.2.2
Sem desenvolver confiança na realidade última,
meditar na realidade enganosa como sendo uma deidade,
É apenas pensamento positivo, não é visão;
Até mesmo alguns mantras não budistas
envolvem se visualizar com uma forma diferente durante a recitação.
54. Vídeo Vacuidade do que é falso
5.2.1.2.2.1
Alguns dizem que a realidade enganosa é mais importante;
Embora digam que é necessário integrar as duas verdades,
Eles não param de tecer elogios a realidade enganosa.
5.2.1.2.2.2
Na hora de manter a visão da união,
eles abandonam a união e se apegam a uma vacuidade de mera ausência.
E assim o bebê da prática não consegue manter-se em passo
com a mãe das boas explicações.
5.2.2.1.1
Assim, aqui em nossa tradição da tradução antiga,
Nossa terminolgia do darma para base, caminho e resultado
não cai nos extremos ou em vieses com respeito a
Permanência, impermanência, duas verdades, e assim por diante;
A única posição que mantemos é a posição da união.
5.2.2.1.2.1.1.2
Base, caminho e resultado, nenhum deles
possui a distinção de abandonar uma das coisas e aceitar a outra.
Pois se abandonamos a realidade enganosa, não há definitivo; e
não há realidade enganosa separada do definitivo.
5.2.2.1.2.1.1.3
O que quer que surja está permeado de vacuidade,
E o que quer que seja vazio está permeado de aparência.
Se algo aparece, não poderá ser não vazio,
E essa vacuidade não pode ser estabelecida como não aparência.
5.2.2.1.2.1.2.1
Já que tanto as entidades quanto as não entidades devem as duas
ser tomadas como bases para estabelecer a vacuidade,
Todas as aparências são apenas designações,
e a vacuidade também é apenas uma designação mental.
5.2.2.1.2.1.2.2
Para a certeza da análise racional,
Estas duas coisas são o método e o resultado metódico;
Se há uma das duas, é impossível não ter a outra,
Elas são inseparáveis.
5.2.2.1.2.1.2.3
Portanto aparência e vacuidade
podem cada uma delas ser concebidas separadamente,
Mas de fato nunca são diferentes.
Portanto, elas são chamadas de “união”,
Já que a confiança de ver a natureza das coisas
não cai em nenhum extremo.
5.2.2.1.2.1.2.4
Na perspectiva da sabedoria da análise autêntica
Aparência e vacuidade são consideradas como
sendo uma única coisa vista a partir de aspectos diferentes,
uma vez que, se uma existe, a outra existe,
e conversamente, se uma não existe, a outra não existe.
55. Vídeo Os três giros da roda do darma
56. Vídeo Giros, intelecto e meditação
57. Vídeo Vacuidade e pensamento mágico
5.2.2.1.2.2
Ainda assim, para iniciantes
elas surgem como a negação e seu objeto;
Quando se pensa assim, não são uma coisa só.
Quando a natureza da vacuidade
surge como aparência, é aí que surge a confiança.
Assim, tudo é primordialmente vazio,
e todas as aparências são primordialmente vazias;
Embora vazias, elas são aparências; embora aparentes,
São reconhecidas como vazias — este é o nascimento da certeza.
5.2.2.1.3
Esta é a raiz dos caminhos profundos
do sūtra, do tantra, e das instruções diretas.
Este é o sentido de cortar os enganos
pelo estudo e reflexão;
Esta é a visão inequívoca e autêntica.
5.2.2.2.1.1
Com o reconhecimento deste ponto crucial de forma cada vez mais profunda,
A fixação às características das aparências
da realidade enganosa gradualmente serão abandonadas.
Os estágios dos veículos das várias classes tântricas
surgem assim.
5.2.2.2.1.2.1.1.
O pensamento mágico intelectual
E a visão da certeza que encontra confiança
na aparência da deidade nos fenômenos animados e inanimados
Não podem ser a mesma.
5.2.2.2.1.2.1.2.
A determinação de que os fenômenos são desprovidos de realidade
pelo raciocínio madhyamaka é uma visão.
Mas quando um brâmane recita um mantra para uma pessoa doente,
O seu imaginar dessa ausência de doença não é a visão.
58. Vídeo Como o desenho de uma lamparina
5.2.2.2.1.2.2.1.
Ao reconhecer a natureza imutável da realidade última,
Ganhamos confiança na aparência de deidade da realidade enganosa.
De outra forma, caso nos detenhamos nos modos da aparência enganosa,
Como se poderia estabelecer a deidade?
5.2.2.2.1.2.2.2.
Além desta aparência deludida de sujeito e objeto,
Não há algo que se nomeie como samsara;
As divisões do caminho que o abandonam
Não surgem da perspectiva da realidade última,
Uma vez que a realidade última tem um caráter não dual.
5.2.2.2.1.2.2.3.
É com a capacidade mental obtida
Ao se reconhecer e cultivar todos os fenômenos
da realidade aparente enganosa, a detentora (das características),
Que os tantras da ação, performance, ioga e ioga insuperável são ensinados.
5.2.2.2.1.3.
Portanto, as classes tântricas não são diferenciadas como
superiores ou inferiores com relação a uma das duas verdades.
É de acordo com a confiança que se obtém
na união das duas verdades
que se segue a prática [de cada uma das classes tântricas].
5.2.2.2.2.1.1.
Assim, se alguém praticar adequadamente e sem erros
O veículo vajra inigualável,
o caminho que possibilita a liberação em uma só vida,
então, assim como o exemplo da água
como é vista por diversos tipos de seres sencientes,
Com relação a visão pura,
Será impossível não conseguir ver os
fenômenos potenciais e reais como uma mandala manifesta.
5.2.2.2.2.1.2.
Caso você não veja as coisas deste modo,
meditar em deidades enquanto vê
a natureza do samsara como impura
é como colocar perfume em um vaso cheio de vômito.
Que triste! Este tipo de meditação no veículo vajra da equanimidade
é como o desenho de uma lamparina.
5.2.2.2.2.2.1.
A forma com a qual as coisas aparecem é impura,
mas este é o entendimento da delusão.
O que dizemos é que realmente ver a natureza das coisas
é o sentido do vajrayana como um todo.
5.2.2.2.2.2.2.1
Ver o universo animado e inanimado
Como não possuindo a natureza de um suporte e um suportados puros,
Mas imaginando por meditação que são —
Esse caminho revela uma contradição óbvia,
E é apenas um reflexo do caminho vajrayana.
O carvão não pode ser embranquecido pela limpeza;
5.2.2.2.2.2.2.2
Da mesma forma, uma meditação fabricada que considere “Não é, mas é”
Atingir algum tipo de resultado
seria como hereges adoradores do sol —
Que não possuem confiança na vacuidade de uma existência intrínseca —
Quererem abandonar as aflições mentais com a meditação
numa vacuidade sem aparência, etc.
59. Vídeo Graus de visão da pureza
5.2.2.2.3.1.
Como seria se as classes tântricas de ação, engajamento e insuperável
não tivessem níveis diferentes de visão?
5.2.2.2.3.2.1.
Caso você tenha confiança na visão que reconhece
a igualdade pura dos fenômenos potenciais e atualizados,
Mas fracasse em bem utilizar a visão correta,
ver a si mesmo e a deidade como superior e inferior
e discriminar as coisas como puras e impuras,
só lhe causará dano.
5.2.2.2.3.2.2.
E, se você ainda está apegado ao que é aceito e abandonado nos tantras inferiores
mas pratica a igualdade do que é aceito e abandonado nos tantras insuperáveis,
Coisas tais como “união e liberação”, comer carne, beber álcool, etc.,
Isto é o que é conhecido como o “comportamento irresponsável da falta de compreensão”—
Não é desprezível?
5.2.2.2.4.1.
A visão é definida de acordo com a certeza que alguém obtém
na visão da natureza das coisas;
De acordo com a confiança na visão
é que se mantém a prática de meditação e conduta.
5.2.2.2.4.2.1.
“Como os veículos são diferenciados
por diversos níveis de visão, eles não são necessariamente nove”—
5.2.2.2.4.2.2.
Do sistema filosófico budista mais baixo,
até o pináculo vajra da atiyoga,
Há razões particulares para determinar a enumeração
em nove classes.
É claro que há muitos níveis de veículos,
mas cada um deles surge por necessidades específicas, como também o sistema de três veículos.22Troshul Jamdor explica, “Se é correto afirmar três veículos com relação as capacidades superiora, média e inferiora dos alunos, então também é correto falar em termos de nove. Se nove não for o número correto, então três também não é.”
5.2.2.3.1
Assim, de acordo com a força relativa
da sabedoria interior, os mundos animados e inanimados
são vistos como puros ou impuros.
5.2.2.3.2
Assim, a base de aparência e vacuidade inseparáveis é
reconhecida como a inseparabilidade das duas realidades;
Enquanto se cultiva o caminho dessa forma,
Se vê a sabedoria,
a união dos dois corpos de Buda.
61. Vídeo Questões epistêmicas
60. Vídeo Perspectivas e essências
6.1.
Quando uma instância única de água aparece
como substâncias diversas para os vários seres sencientes,
6.2.1.1.1.
Alguns dizem que há um objeto único sendo percebido,
e que todas as percepções dele são válidas.
6.2.1.1.2.1
Caso a água tivesse algum tipo de essência
[Num contexto assim] cognições válidas e inválidas seriam impossíveis.
6.2.1.1.2.2.
Caso os vários objetos que aparecem fossem distintos,
Não seria possível que [mentes diferentes]
percebessem os mesmos pilares, vasos [etc.].
6.2.1.2.1.
Alguns dizem que [no caso da água] há apenas umidade [uma qualidade da água].
6.2.1.2.2.1.1
Mas se [aparências distintas] não forem qualidades diferentes [da mesma substância,
Mas apenas percepções correspondentes aos percebedores respectivos],
Percepções diferentes [de uma mesma coisa] seriam impossíveis.
6.2.1.2.2.1.2
Se o que um ser [vê como] água, pus, e assim por diante,
Não estiver presente para outros [seres],
Qual seria a base para [tais percepções] de água, pus, etc.?
6.2.1.2.2.1.3
Além disso, o que aconteceria com a base de umidade
No caso dos seres no reino do espaço infinito?
6.2.1.2.2.2
Caso a umidade fosse o mesmo que a água,
Ela não apareceria como pus e assim por diante;
E se fosse diferente da água e assim por diante,
Seu estado líquido não seria percebido em lugar algum.
6.2.1.3.1.1
Não é possível que haja um objeto comum para
cada percepção distinta,
Já que não é possível que uma substância comum
apareça em formas diferentes.
Caso se aceite uma base analiticamente [determinada]
que não seja uma designada de forma dependente,
É preciso estabelecer sua existência real —
Como quer que se encare o problema, não é razoável.
62. Vídeo A dança da mera aparência
6.2.1.3.1.2.1
Se o objeto em comum fosse inexistente,
Não haveria objeto algum, como na Cittamātra,
E precisaríamos aceitar que a própria consciência é o objeto;
Isto não é razoável.
6.2.1.3.1.2.2
A apreenção subjetiva de um objeto inexistente
seria ela mesma então inexistente.
6.2.1.3.1.2.3
Tanto sujeito quanto o objeto são aparências
Na verdade relativa, considerando o que quer que surja
Não é razoável diferenciar
Sujeito e objeto como existente e inexistente.
Embora um objeto apareça, ele é falso.
Da mesma forma a apreenção de um objeto também aparece, mas não tem base.
Do comentário de Troshul Jamdor, no Madhyamakavatara 6:92, “Se há um estado de não forma, não o apreenda como a existência da mente. / Se houver uma mente existente, não a apreenda como não forma. / Estas [visões] foram descartadas pelo Buda / Nos sutras que tratam da sabedoria”.
6.2.1.3.2.1
O objeto perceptual em comum é uma mera aparência
Que é estabelecida como a base de percepções semelhantes ou diversas,
De outro modo não seria razoável, como quando se assiste a uma dança.
Troshul Jamdor “Por exemplo, se não analizado, o dançarino não examinado existe relativamente, e então é possível ver através dele as várias danças de deuses, rakshasas, etc.”
Se o dançarino está lá dançando, e ele é apropriado, algumas pessoas vão ver a dança de deuses, etc, outras não. Se não há um dançarino apropriado, ninguém vê nada.
6.2.1.3.2.2
Fora a mera existência [como aparência]
Não é possível que ela advenha de algum outro existente;
Sem isto, todas as aparências
Não apareceriam, seriam como o espaço.
6.2.1.3.2.3
Com base em condições internas e externas,
Não se vê a coisa em si como ela é,
Mas como a quando se vê gado e cavalos
no lugar de uma madeira consagrada com mantras de ilusão.
63. Vídeo Com isto tudo é possível
6.2.2.1.1
Portanto, o objeto comum da percepção
Não pode ser determinado como “isto” or “aquilo”.
E assim, em nosso sistema, aparência e vacuidade
não são diferenciadas pela própria base,
que não é estabelecida em lugar algum.
Uma vez que é a mesma em tudo que aparece,
Uma substância única surge como várias coisas.
Longchenpa: “O estado primordial de aparência e vacuidade inseparáveis não pode ser concebido como um ou muitos [monismo ou dualismo/pluralismo], ele é sem elaboração, sem parcialidade ou divisões, é a equanimidade que abrange tudo, igual em aparência, igual em vacuidade, igual em verdade, igual em falsidade, igual em existência, igual em inexistência, igual além de todos os limites, é o estado primordialmente puro do espaço básico [unique expanse, vastidão exclusiva, singular, uniforme, única].”
6.2.2.1.2
Para quem aparência e vacuidade são possíveis,
Tudo é possível,
Para quem aparência e vacuidade são impossíveis,
nada é possível. [MMK, 24.14]
6.2.2.2.1
“Bem, então a distinção entre cognições válidas e inválidas seria ela mesma inválida.”
[resposta abaixo: julgamento inclusivo + julgamento exclusivo (paricheda, vyavacheda)]
6.2.2.2.2.1.1.1
O que aparece, não aparece de outro modo,
De forma que não é o caso que a percepção,
Não o estabeleça como um cognandum.
Chandrakirti: “Quando um sábio que vive na visão sublime tem uma cognição válida, quando isso ocorre, não há dano advindo do mundano [das formas de percepção ignorantes]. Os sábios também precisam analisar desta perspectiva.”
Throshul Jamdor: “Assim, tendo reconhecido a a união das duas verdades, com relação a esta visão que subsume a harmonia da realidade e aparência das coisas, o que quer que seja surge da grande expansão da igualdade sem divisões de tempo e espaço. Como todos estes surgimentos não se separam desta expansão, em relação a ela tudo permanece em equanimidade sem discrminações de falso ou verdadeiro, exatamente como a percepção equivocada de uma miragem como água. Assim, fora a cognição válida que reconhece de acordo com a visão pura, as aparências contraditórias são todas igualmente eliminadas, e, em certo sentido, com relação a cada sujeito, não há essa consequência ruim de uma substância se tornar outra, ou da percepção cármica dos seres sencientes, etc., uma coisa ocorrendo por causa da outra, e de cognições tanto válidas quanto inválidas serem impossíveis, porque a possibilidade de algo desse tipo ocorrer nunca se estabelece.
Assim, os seres comuns não compreendem esse dharmatā, uma vez que apreendem um “eu” nos vários [seres] possuidores [i. e. que reificam as] das aparências (chos can). Como resultado disso, todas as aparências que surgem de propensões são apreendidas individual e separadamente, e se tornam objetos de apego. Nesse momento, tudo que surge, surge em termos dessa [apreensão] e não surge de outra forma. Uma vez que cada [aparência] tem uma característica própria que o define, que não se mistura com as dos outros, os vários surgimentos cármicos de virtude, desvirtude e de seus efeitos, não se confudem uns com os outros ao surgir. O Vārttika diz:
Como todas as coisas naturalmenteSubjazem em suas próprias essências [aqui sinônimo de “característica que define”],
Ela se parecem como complementares a outras coisas
de que diferem. [Pramanavartika de Dharmakirti]
Assim, esse [percebedor] de mente limitada não se equivoca ao estabelecer o objeto de sua experiência. Aquela mente facilmente estabelece qualquer sistema que surja em sua experiência, como cognição válida ou inválida, etc.”
64. Vídeo Disso só pode vir aquilo
6.2.2.2.2.1.1.2
Como todas as coisas naturalmente se detém em suas próprias essências,
Elas são estabelecidas pelas cognições válidas,
e são estas que determinam sua igualdade e diferença.
6.2.2.2.2.1.2.1
Assim, as coisas por sua própria natureza são
o que está na dependência do que é estabelecido por cognições válidas,
Mas não são elas próprias estabelecidas pela cognição válida;
Caso elas fossem, elas seriam a própria realidade.
6.2.2.2.2.1.2.2
Uma instância de água que é estabelecida
pela cognição válida de uma apreensão qualquer
Não é estabelecida independentemente por si só,
E não é estabelecida por raciocínio definitivo,
Bem como não está estabelecida para um fantasma faminto.
6.2.2.2.2.1.3
Caso alguém determine os objetos da própria percepção
por meio da percepção direta e da inferência,
Esta pessoa não será enganada com relação a evitar ou se engajar
nos objetos destas [cognições válidas];
E assim “cognição válida” não fica sem sentido.
6.2.2.2.2.2
Assim, quando dizemos “uma única instância de água”,
Nos referimos à percepção visual dos seres humanos.
No contexto dos deuses,
Uma única instância de néctar é o que é entendido como base de percepção.
Quando a água é vista como pus, água e néctar,
Os três não se misturam.
Caso uma dessas coisas não fosse válida,
Então não poderia ser estabelecida como conhecida de forma válida.
Ao ser conhecidos como uma substância diferente,
todos os três objetos da percepção visual seriam não existentes.
Caso esta instância de água percebida por um ser humano
Não fosse água, não seria viável como água para outra pessoa,
E a “água” seria algo completamente inexistente.
Num sistema desse tipo, uma noção de cognição válida
também não é possível.
6.2.2.2.2.3.1.1
Desta forma, um objeto da faculdade dos sentidos
não perturbado por condições acidentais
Seria estabelecido como conhecido e válido,
Na aparência de água em miragens.
6.2.2.2.2.3.1.2
Assim, no contexto dos fantasmas famintos
os obscurecimentos cármicos fazem a água limpa
aparecer como pus, mas se a falha [desse obscurecimento]
É dissipada, ela aparece como água.
Por essa razão, o que é visto por seres humanos
É contextualmente afirmado como conhecimento válido,
Uma vez que da outra forma está distorcido por uma falha de percepção.
6.2.2.2.2.3.1.3
Agora a água é estabelecida por conhecimento válido.
Porém, se analizamos com o raciocínio do definitivo,
tudo é a aparência da propensão cármica.
Uma vez que para [seres sublimes] a água aparece
como os reinos puros de kayas,
A percepção humana não pode ser estabelecida
de forma únivoca como o [único] conhecimento válido
6.2.2.2.2.3.1.4
Assim, ao progressivamente purificar as causas de obscurecimentos,
É razoável afirmar formas mais avançadas de ver
Em relação a formas menos avançadas.
Uma vez que a natureza final das coisas é uma só,
6.2.2.2.2.3.2.1
A cognição válida que apenas vê dessa forma
É também única; outro tipo é impossível.
6.2.2.2.2.3.2.2
A realidade é uma verdade única, a união,
E a cognição válida é a sabedoria autossurgida.
Uma vez que não há nada a abandonar, exceto o estado não desperto,
É simplesmente o caso de estar desperto ou não.
6.2.2.2.2.3.2.3
Assim, este sistema de cognição válida
estabelece a natureza de todas as aparências e deidades.
Ele é a tradição única das traduções antigas,
O rugido do leão das obras elegantes
do onisciente Rongzom Pandita.
65. Vídeo União livre de parcialidades e extremos
6.2.2.2.2.3.2.4
Outros [sistemas] não explicam [este] ponto corretamente;
No que diz respeito a isso, tudo que os outros sistemas dizem é contraditório.
6.2.3.1
A afirmação de que o objeto comum da percepção
seja [apenas] aparência ou [apenas] vacuidade, não é sustentável.
6.2.3.2.1.1.1
Se houvesse apenas vacuidade,
Seria impossível que os seres sencientes
Percebessem o espaço como vasos,
e os vasos desapareceriam como se no espaço.
Se a vacuidade destituída de aparência
fosse algo viável como um objeto de percepção
O que não apareceria?
6.2.3.2.1.1.2
As coisas então seriam permanentemente existentes,
ou seriam totalmente inexistentes, sem haver causas;
Por qualquer lado isso seria um problema.
6.2.3.2.1.1.3
No contexto da vacuidade não há aparência,
porque estas coisas são contraditórias;
Se houvesse algo que é não vazio,
isto contradiria a posição de que a
mera vacuidade é a base da aparência.
6.2.3.2.1.2.1
“Bem, mas você não disse logo antes que
aparência e vacuidade não são contraditórias?”
6.2.3.2.1.2.2.1
Aqui, o objeto da percepção visual é compreendida
no contexto da cognição válida convencional,
na qual existência e não existência são coisas contraditórias;
6.2.3.2.1.2.2.2
Na base de uma única coisa, as duas verdades
apenas são não contraditórias na sabedoria.
6.2.3.2.2.1
Se uma mera aparência destituída de vacuidade
não fosse viável como uma base de aparência,
Essa aparência não apareceria de nenhum modo;
6.2.3.2.2.2.1
Pois não há aparência que não seja
distinta de um jeito ou de outro.
[Uma aparência não vazia] não é estabelecida com base na aparência,
Ela não é percebida por uma cognição válida que seja a causa de alguém a conhecê-la;
Dizer que ela existe é uma mera afirmação.
6.2.3.2.2.2.2
Se o que quer que apareça fosse algo totalmente destacado,
Nada além disso poderia aparecer;
Porque esta seria uma aparência não vazia,
que seria imune a análise última.
6.2.3.2.2.2.3
Quer alguém entenda a base como água, pus,
néctar, ou o que seja, há contradição.
Se a água fosse pus,
como ela poderia aparecer como água?
Se ela fosse água e não pus,
como ela poderia aparecer como pus, etc.?
Se você diz que o objeto que surge para os fantasmas famintos
é água, então você precisa aceitar que o pus
que aparece é inexistente.
6.2.3.3
Pois fora o que aparece para nós mesmos,
não há uma base separada da aparência,
Se houvesse uma, ela seria algo diferente,
como pilares e vasos, tendo uma base única mas sendo coisas diferentes.
6.2.4.1
Assim, a união de aparência e vacuidade,
ou a ausência de existência verdadeira e mera aparência,
[É equivalente à] pureza original da igualdade de todos os fenômenos.
No grande sabor único da união
que é livre de parcialidade e extremos.
66. Vídeo O corpo de sabedoria da expansão da pureza primordial
6.2.4.2.1.1
Desta forma, quando se determina a essência da realização
na Grande Perfeição da igualdade,
no contexto do caminho em que se cultiva [essa essência],
em dependência sob a visão da pureza,
as aparências impuras se autoliberam.
E assim se atinge confiança no sentido
da afirmação das escrituras vajra,
“Dharmakāya, que é a pureza de todas as aparências.”
6.2.4.2.1.2.
Então, no Tantra da Rede Mágica, é ensinado que
a aparência contínua dos cinco agregados
É o “corpo puro divino da talidade”23das coisas tais quais como elas são;
Esta é a confiança no sentido pretendido [do texto].
6.2.4.2.2.1.1
Da mesma forma, quando a apreenção de pus é removida,
ela é reconhecida como delusão, e ao cultivar esse [entendimento]
surge água em seu lugar.
Um grande bodisatva nos estágios puros
vê incontáveis campos de budas em cada gota de água,
e a água se manifesta como Māmakī.
6.2.4.2.2.1.2.1
No bhūmi em que finalmente são abandonados os dois tipos de obscurecimentos,
Reconhecemos o grande um-só-sabor da união.
Com relação a visão pura,
Se de forma a abandonar todos os obscurecimentos
A realidade inequívoca das coisas é vista
É ela, e apenas ela,
que é tida como a cognição válida final.
6.2.4.2.2.1.2.2
E assim é estabelecida para aqueles com olhos inteligentes
que permanecem no cume firmado pelo reconhecimento de que
“Tudo jaz primordialmente na pureza do dharmakāya.”
6.2.4.2.2.1.3
Além disto, este veículo tem milhares
de maravilhosos raios de luz.
Aqueles com mentes estreitas, como as corujas [de visão noturna],
São cegos a ele.
6.2.3.2.2.2.1
Embora não possa ser provado livre de controvérsias
que o espaço final da igualdade
Apenas aparece como a deidade,
6.2.4.2.2.2.2
Na medida em que a expansão da pureza primordial natural
e seu aspecto aparente, o corpo de sabedoria,
São inseparáveis, o aspecto aparente é
a deidade primordialmente pura,
que não pode ser afetada pelo raciocínio definitivo.
6.2.4.2.2.2.3
A expansão da união de aparência e vazio,
Que é livre dos dois obscurecimentos,
é a quintessência final das coisas.
6.2.4.2.3.1
Fora isso, não importa o que se analize,
não pode ser o sentido final;
Pois se os dois obscurecimentos não são completamente abandonados,
As natureza aparente e a natureza final são sempre discordantes.
6.2.4.2.3.2.1.1
As aparências contextuais durante a prática no caminho,
São como tratar uma catarata;
Purificando as máculas do sujeito,
o objeto será visto em sua pureza,
uma vez que para sujeitos puros
não há objetos impuros.
6.2.4.2.3.2.1.2
Assim, quando uma pessoa comum se torna um buda,
[Embora não haja impureza], a impureza ainda aparece para os outros,
Uma vez que eles obscurecem a si próprios com seus obscurecimentos.
6.2.4.2.3.2.2.1
Assim, embora sujeito e objeto
sejam primordialmente puros,
Eles são obscurecidos por máculas adventícias,
E assim devemos nos esforçar para purificá-las.
6.2.4.2.3.2.2.2
Uma vez que não há nada impuro no que diz respeito
a pureza da nossa própria natureza,
Há a igualdade da luminosidade natural.
Ao não reconhecê-la, apreendemos
as várias aparências como coisas distintas.24Referindo-se a afirmação de Rong zom Paṇḍita no gSang sngags rdo rje theg pa'i tshul las snang ba lhar grub pa (Estabelecendo as Aparências como Deidade {de acordo com o mantra secreto do vajrayana}, Establishing Appearances as Divine), f. 430: “Estas aparências todas são apenas delusão. Porém, quando a delusão é removida, não há nenhuma ‘não delusão’ para ser estabelecida. Uma vez que a natureza da delusão é totalmente pura, ela tem a natureza da iluminação. Assim, todos os fenômenos estão primordialmente no estado da iluminação.” (snang ba’i chos ’di dag thams cad ’khrul ba yin zad de/ de yang ’khrul ba bsal nas ma ’khrul ba shig bsgrub tu med te/ ’khrul ba’i ngo bo nyid rnam par dag pas sangs rgyas pa yin te/ de bas na chos thams cad ye nas mngon par rdzog par sangs rgyas pa’o/).
6.2.4.2.3.2.2.3.1
Uma pessoa infantil com uma mente apegada
é uma criança ignorante presa pela própria ignorância;
6.2.4.2.3.2.2.3.2
Mas quem quer que reconheça isto vai conquistar
a cidade da fruição no estado de igualdade,
E obter a vitória na sabedoria autossurgida
na expansão fundamental dos três tempos e da atemporalidade.
6.2.4.2.4.1.1.1
Este sistema, que aceita o princípio
da grande igualdade, é perfeitamente estabelecido.
Quando vacuidade e aparência não são estabelecidas,
O que quer que possa aparecer, aparece em qualquer e todo lugar.
6.2.4.2.4.1.1.2
E, de outro modo distinto [de aparência e vacuidade], não importa como você tente estabelecer,
nada poderia surgir em qualquer lugar.
6.2.4.2.4.1.2.1
A forma de obter confiança neste sistema
é o caminho da vacuidade e da originação interdependente.
Caso alguém atinja certeza sobre as aparências e vacuidade,
Na maṇḍala imutável autosurgida,
Uma grande tolerância nascerá
com relação ao dharmatā inconcebível,
E com o esvaziamento e não esvaziamento [dos limites da existência cíclica].
6.2.4.2.4.1.2.2
No espaço do tamanho de um átomo
se reconhece tantos campos de budas quanto existem átomos,
E um único instante aparece como um éon.
Com certeza na ausência de existência verdadeira
que é como a ilusão,
Aí se pode entrar na proximidade do estado búdico.
6.2.4.2.4.2.1
A pessoa pode ter se disciplinado e pensado por cem anos
sobre os sentidos e palavras dos variados sistemas filosóficos, tais como
a não diferenciação das suas próprias aparências [e suas bases],
Ausência de parcialidades e extremos,
A inconcebilidade da expansão fundamental,
O dharmatā que não está estabelecido em lugar algum,
A união de aparência e vacuidade, etc.,
E ainda assim, caso a pessoa não tenha o reconhecimento do que está por trás disso,
Então, mesmo que o intelecto e o treinamento não sejam de pouca monta,
A pessoa não vai entender.
6.2.4.3.1
Assim, cem rios de explicações excelentes,
Nos quais as correntes das quintessências de
todos os sistemas filosóficos correm,
desaguam neste grande oceano, que fantástico!
6.2.4.3.2.
Outros modos de aparência
Que aparecem no processo de transformação são indefinidos;
A sabedoria consumada da união
Reconhece o sentido infalível e é imutável.
67. Vídeo Tanto não afirma que não chega nem mesmo a negar
De Luz Imaculada de Troshul Jamdor:
6.2.4.2.1.1
Deste modo.... Assim, no contexto do caminho sem esforço e autoproduzido de cultivar essa forma de realizar o caráter básico da realidade como ela subjaz, é preciso primeiro cortar as dúvidas com relação aos caminhos de escritura e raciocínio. Raciocínio aqui significa confiar na visão pura, na qual as naturezas aparente e subjacente concordam. Quando a união do grande único sabor se manifesta, as experiências surgem de acordo com esse tipo de visão, e assim não é necessário abandonar as aparências comuns e se apegar a antídotos. Não restam dúvidas sobre o modo de deixar tudo repousar em sua própria natureza de autoliberação. Aqui escritura significa que, quando se atinge uma confiança inviolável e extraordinária ao vivenciar o que nos tantras da Atiyoga é chamado “O dharmakaya puro das aparências manifestas e possíveis”25Aparências e possibilidades, como geralmente é grafado um dos nomes de Guru Rinpoche. Isto é, as aparências que se apresentam, e as aparências que são possíveis., a mente se conecta com o sentido do corpus escritural que é o pináculo vajra da luminosidade. O Kun byed rgyal po (Tantra “Rei Criador de Tudo”) says:
Não importa como as coisas surjam, elas são uma só coisa na talidade.
Aqui, ninguém fabrica nada.
Nesta soberania de equanimidade desembaraçada,
Sem permanência, o dharmakaya primordial está espontaneamente presente.
6.2.4.2.2.1.3
Além disto... Este veículo extremamente profundo é sustentado por aquele ponto crucial de fundação, e o resultado que é obtido por centenas de esforços em outros veículos aqui é mostrado espontaneamente, sem esforço. Aquele veículo, como a orbe do sol, “de fato tem o belo corpo-de-arco-íris, o ensinamento que é único ao rei dos veículos.” Porém, uma vez que possui mil raios de luz de qualidades maravilhosas e fantásticas, a maioria das pessoas, como corujas de linhagens inferiores e faculdades embotadas, são como deficientes visuais e não os entendem. O Senhor Maitreya disse:
Suas aspirações são inferiores, suas faculdades muito opacas.
Estão completamente cercados de amigos indignos, e assim
Como poderíam, sem aspiração, realizar
este darma, que é explicado desta forma tão vasta e profunda?
Por exemplo, é como o hinayanista que consumou tanto a sabedoria inata quanto a cultivada, mas que ainda assim não compreende o mahayana.
Nāgārjuna disse:
Todos os sutras que ensinam vacuidade
E são a fala do Buda,
Revertem as aflições mentais.
Aquela faculdade [a natureza de Buda] não é afetada.
E também o Senhor Maitreya:
O limite definitivo é livre
de qualquer tipo de fabricação;
Aflições, carmas e amadurecimento,
são ditos sendo como nuvens.
68. Vídeo Vacuidade e antifilosofia
7.1 Quando analizando se há ou não uma posição na
Grande Madhyamaka da não elaboração,
7.2.1.1
Eruditos mais antigos univocamente afirmaram
que nosso sistema, o madhyamaka, não sustenta uma posição,
Porque existência, não existência, ser e não ser,
Não existem em lugar algum.
7.2.1.2
Em nossos textos, todas as explicações filosóficas
de caminho e resultado e relatividade
são aceitas como nossa própria posição,
então dizer que todas as convenções são apenas estabelecidas
da perspectiva de outras pessoas
Seria contradizer tanto as palavras quanto o sentido [dos textos prasangika].
7.2.2.1 De acordo com Longchen Rabjam,
Os eruditos mais antigos teriam se desviado para os extremos
de afirmar que a madhyamaka tenha ou não tenha uma posição;
Cada uma dessas posições tem seus defeitos e qualidades.
7.2.2.2.1
Assim, ao se abordar a natureza da realidade,
Nada é estabelecido no estado original;
O que há então para aceitar como uma posição?
7.2.2.2.2
Assim, como um sistema filosófico
É uma posição sobre a natureza das coisas, no momento do debate, etc.,
Nenhuma posição é assumida, de acordo com o estado original.
Posteriormente, na meditação, os sistemas de caminho e resultado —
quando e de que forma forem expostos —
são explicados de acordo com suas posições respectivas,
Sem as confudirem.
Longchenpa disse “De agora em diante, se alguém sabe como explicar
este ponto, é devido à minha elegante explicação.”
7.2.3.1
Neste sentido, alguns eruditos tibetanos
estabeleceram e superestabeleceram o fato de que
seus próprios sistemas tinham uma posição.
7.2.3.2.1.1.1
Mas se não diferenciamos o contexto,
Uma vez que o sentido do estado original
não é estabelecido em parte alguma, é difícil
afirmar unilateralmente que se detém uma posição.
7.2.3.2.1.1.2.1
Se você diz “Madhyamaka é nosso sistema,”
Isso deveria se referir ao modo com que o sistema madhyamika
aborda o sentido último
7.2.3.2.1.1.2.2
Qualquer outra coisa não é nosso próprio sistema,
uma vez que quando outros sistemas são abordados
por um madhyamika, eles não podem ser estabelecidos.
69. Vídeo O que é imune à análise
7.2.3.2.1.2.1
Assim, caso o Mādhyamika aceite [a realidade enganosa],
Então ele a aceita como estabelecida de acordo consigo mesma,
Uma vez que é estabelecida pela força do raciocínio.
Esta posição seria estabelecida de forma definitiva,
e portanto seria imune à análise.
7.2.3.2.1.2.2
Se nosso sistema não tivesse uma posição,
Isto contradiria a afirmação,
“Temos uma posição
[Que está de acordo com o senso comum].”
7.2.3.2.2.1
Teríamos duas posições a partir
de haver ou não haver análise.
Se as duas fossem verdadeiras no sentido definitivo,
“Nosso sistema” consistiria das duas posições separadas,
Ou seria as duas unidas?
7.2.3.2.2.2.1
Caso fossem as duas separadas, então
uma contradiria a outra.
Se não aceitasmos “existência”
Mas aceitamos “não existência”,
A posição da “existência” não seria
nem mesmo convencionalmente aceitável,
já que só aceitamos a inexistência.
7.2.3.2.2.2.2.1
Se aceitamos ambas unidas,
Ao remover o que é sucetível à análise,
Afirmaríamos algo que não é afetado pelo raciocínio.
Assim, tanto existência quanto não existência
Seriam imunes à análise.
7.2.3.2.2.2.2.2.1
Portanto, existência e inexistência
não podem ser misturadas;
7.2.3.2.2.2.2.2.2.1
Se elas o fossem, então mesmo que alguém
realizasse [a união] pela análise,
Quando não estivesse analizando, haveria existência.
Então que benefício a análise traria
para a eliminação do apego a realidades enganosas?
Pois a realidade enganosa ser estabelecida
pela análise é algo irracional.
7.2.3.2.2.2.2.2.2.2
Se não houvesse realidade além da mera
exclusão de um negandum, uma negação absoluta,
Esta apreensão modal não teria um
aspecto aparente; e como isso seria diferente
da posição de alguém que pensa
que a visão, meditação e a ação são simplesmente inexistentes?
Nunca haveria nenhuma necessidade de meditar de acordo com a
natureza das coisas.
7.2.4.1.1.1
Assim, de acordo com a afirmação do Onisciente,
Nosso sistema deve ser entendido como se segue:
Se nosso sistema é um sistema Mādhyamika definitivo,
Deve ser a Grande Madhyamaka da união,
Ou a Madhyamaka não elaborada.
Isto porque, ao a definirmos de acordo
com a sabedoria do equilíbrio sublime,
Todos os extremos de existência, inexistência e assim por diante,
são completamente pacificados.
7.2.4.1.1.2.1
O caminho que objetifica apenas a vacuidade
Sucumbe a cada uma das realidades por seu próprio viés;
Esse ponto de vista frívolo
não é nem a união, nem é não elaborado.
A união significa a igualdade de
existência e não existência, ou forma e vazio;
7.2.4.1.1.2.2
Aquela outra visão, porém, é apenas o aspecto subjetivo
da expansão da vacuidade última.
Dentre todos os tipos de reificação, tais como
as elaborações de existência e não existência,
ela não é nada além de uma elaboração da inexistência,
Uma vez que reifica [a vacuidade].
7.2.4.1.1.3
Portanto, da perspectiva da Grande Madhyamaka
Não há qualquer posição.
Reconhecer a igualdade de aparência e vacuidade
é livre de todo tipo de prova e refutação, tais como
Realidade, irrealidade, existência e não existência.
De acordo com o sentido da realidade [definitiva], nada
pode ser afirmado pela prova racional;
Portanto, não há nada em que manter uma posição.
70. Vídeo Caminho do meio: o grandioso e o menorzinho
7.2.4.1.2.1.1
Assim, embora o sentido último da realidade
não tenha uma posição, em termos das aparências
Há posições com relação as convenções de cada uma das duas realidades;
Com respeito a como as duas realidades permanecem inseparáveis,
cada uma delas é apenas uma aparência.
7.2.4.1.2.1.2.1
Com repeito a sabedoria que as
reconhece como inseparáveis, as duas cognições válidas
7.2.4.1.2.1.2.2
São fragmentadas, porque com apenas uma delas, as
duas não podem ser compreendidas.
7.2.4.1.2.2.1
Assim, se as sabedorias da cognição
definitiva e convencional
Se deparam com um vaso, etc.,
São encontradas duas essências.
7.2.4.1.2.2.2
Mas quando uma é utilizada, a outra não é, já que
na mente de uma pessoa comum as duas realidades
só podem surgir em sucessão.
É assim que as posições baseadas em cada tipo de uso
são estabelecidas.
7.2.4.1.3.1
“Bem, os defeitos de ter ou não ter uma posição,
e as contradições internas das duas realidades
que você atribuiu a outros acima
não se aplicam também a você?”
7.2.4.1.3.1.1.1
Ao fazer essas distinções sutis,
Eu estabeleci a Madhyamaka do caminho
e a Madhyamaka da realização que é a prática principal.
Como a minha explicação diferencia as Madhyamakas grande e pequena
Com relação a seus aspectos sutis e grosseiros,
causa e efeito, consciência e sabedoria,
Como essa falha poderia se aplicar a mim?
7.2.4.1.3.1.1.2.1.1
Assim , a Grande Madhyamaka
Sem posição alguma é nosso sistema definitivo.
7.2.4.1.3.1.1.2.1.2
No contexto da pós-meditação,
quando as duas realidades aparecem separadamente,
Todas as provas e negações em que se engajam
as cognições validadoras de cada uma das duas realidades
servem para negar várias concepções errôneas;
7.2.4.1.3.1.1.2.2.1
Mas no estado original, não há
posição de refutação ou prova.
Assim, no estado original
as duas realidades não estão separadas,
uma vez que nenhuma de suas [respectivas] posições
são estabelecidas como verdadeiras.
7.2.4.1.3.1.1.2.2.2
Se [uma posição] é afirmada [convencionalmente sobre qualquer] das duas [realidades],
É apenas no que diz respeito a aparência das coisas.
Naquele momento, cada uma delas é estabelecida como verdadeira
Em seu próprio contexto, e assim não há contradição,
E o defeito de ser imune a análise, etc. não se aplica.
7.2.4.1.3.1.2.1.1
As entidades reais não são imunes à análise;
Sequer as entidades irreais o são.
Em termos da análise final, elas são iguais;
Apenas são designadas contextualmente.
7.2.4.1.3.1.2.1.2.1
Algo que existe por consenso, sem investigação,
é um modo de aparência, não como as coisas são;
7.2.4.1.3.1.2.1.2.2
O que quer que seja visto pelo conhecimento racional
que analisa a ausência de verdade é considerado
como as coisas realmente são.
Com relação a uma realidade enganosa,
isto é a realidade definitiva. Mas numa análise final,
é apenas um definitivo conceitual.
71. Vídeo Duas realidades e natureza de buda
7.2.4.1.3.1.2.2.1
Se como as coisas aparecem e como elas são
forem mutuamente exclusivas,
Surgem os quatro defeitos das duas realidades serem diferentes27(1) Mesmo se alguém realizar diretamente o definitivo, o enganoso não estaria incluído nele, e precisaria ser focado separadamente, então não se atingiria o nirvana. (2) O definitivo que é diferente da realidade enganosa não seria o dharmata da realidade enganosa, como um vaso não é o dharmata de um tecido. (3) O mero fato de um eu enganoso não ser totalmente estabelecido não seria uma verdade última, assim como o vaso não ser totalmente estabelecido não o torna um tecido. (4) Tendo realizado a realidade última e atingido o nirvana, como a pessoa o imaginou separado da realidade enganosa, a pessoa voltará a ter aflições. Seria possível para constituentes aflitivos e purificados coexistirem simultaneamente na mente de uma só pessoa.
Se as duas realidades são mutuamente inclusivas,
Surgem os quatro defeitos das duas realidades serem idênticas28(1) Pessoas comuns veriam a realidade definitiva, há que veem a realidade enganosa; (2) da mesma forma que as máculas aumentam na dependência da realidade enganosa, da mesma forma aumentariam em dependência da realidade última; (3) assim como não há divisões na realidade última, não haveriam divisões na realidade enganosa; e (4) da mesma forma que a realidade enganosa não precisa ser buscada fora do que se vê e ouve, a realidade última tambémn seria assim.
7.2.4.1.3.1.2.2.2.1
Sendo assim, os budas e os seres sencientes
são apenas como as coisas são e como elas aparecem;
A afirmação de que são causa e efeito
é conhecida como o sistema hinayana.
7.2.4.1.3.1.2.2.2.2
Porque como as coisas são e como elas aparecem
não são afirmadas como sendo o mesmo, nem diferentes,
não há nenhuma falha lógica em absoluto, tais como
seres sencientes aparecendo como budas,
O caminho e a prática serem sem finalidade,
A causa estar presente no efeito.
7.2.4.1.3.1.2.2.2.3
Não interessa como as coisas sejam em realidade,
Elas estão obscurecidas por obscurecimentos,
e não aparecem como são.
Todos aceitamos a necessidade de praticar o caminho.
7.2.4.2.1.1
Uma vez que as duas verdades não são contraditórias,
Embora as duas visões de “existência” e “não existência”
Sejam afirmadas, como poderiam ser contraditórias?
Como não são mutualmente inclusivas,
Duas posições são formuladas.
7.2.4.2.1.2
Por este motivo, enquanto duas realidades
forem reconhecidas por mentes nas quais
elas aparecem separadas,
As duas realidades são bem equivalentes em força,
e não há uma posição unilateral quanto a qualquer uma delas.
7.2.4.2.1.3
A determinação da vacuidade da verdade como “não existência”
E a determinação da aparência como “existência”
São objetos encontrados ou vistos alternativamente por
cada uma das duas cognições válidas, no momento em que são usadas,
e assim são chamadas de duas verdades.
7.2.4.2.1.4
Uma vez que nenhuma das duas é a mesma que a outra ou diferente dela,
não é possível descartar uma delas unilateralmente,
e assim aceitar a outra.
A sabedoria que analiza essas duas
as diferencia em suas posições respectivas.
7.2.4.2.2.1.1
Por exemplo, quando o darmakaya for finalmente atingido,
Todas as mentes e eventos mentais sem exceção
cessam, num sentido convencional;
Mas num sentido final, não há cessação.
7.2.4.2.2.1.2
Em todos os textos de todos os sutras e shastras,
Entre os vários tipos de prova e negação
Alguns afirmam a realidade última
E outros são afirmados com respeito à realidade enganosa.
Materiais de estudo (todos em inglês)
• Mipham’s Beacon of Certainty (a tradução de John Whitney Pettit na amazon.com.br).
• Distinguishing the Views and Philosophies: Illuminating Emptiness in a Twentieth-Century Tibetan Buddhist Classic (livro de Douglas Duckworth na amazon.com.br).
• Journey to Certainty: The Quintessence of the Dzogchen View: An Exploration of Mipham’s Beacon of Certainty (livro de Anyen Rinpoche na amazon.com.br).
1. ^ Esse é o primeiro verso do texto, o número é relativo ao sumário estruturado;
2. ^ O tradutor aponta que literalmente o tibetano diz “ouvir sobre elas”, mas que isso representa o estudo do darma em geral.
3. ^ Refere-se a Chandrakirti (“Famoso como a lua”) e Dharmakirti (“Famoso como o darma”), que representam o ápice da epistemologia no sentido definitivo e convencional, respectivamente.
4. ^ Embora as palavras do verso surgiram que rnam pa gnyis se refira aos corpos textuais de Pramāṇa and Mādhyamika — o que é reiterado pelo comentário de Kunzang Palden — o comentário de Troshul Jamdor (KJ) sugere que estas palavras também se referem às linhagens exegéticas de Asaṅga and Nāgārjuna (“profounda”, zab e “vasta” rgya che), e que as duas formas de cognição válida se referem ao paradigma duplo da teoria de duas realidades de Mipam. Cf. KJ 0.1.1.2.1.2.2–3.
5. ^ མེད་དགག་ (Wyl. med dgag): negação existencial (tradução preferida aqui), também negação não afirmativa (Jeffrey Hopkins, Padmakara), negação não implicativa (Rangjung Yeshe), negação direta (Ives Waldo), negação desqualificada, negação total, negação simples (Richard Barron) negação explícita, negação absoluta. (“Não há gato”.)
མ་ཡིན་དགག་ (Wyl. ma yin dgag): negação identitária (tradução preferida aqui), também negação afirmativa (Jeffrey Hopkins, Padmakara), negação implicativa (Rangjung Yeshe), negação indireta (Ives Waldo), negação qualificada, negação provisória (Richard Barron), negação predicamentada (THD). (“Não é um gato”.)
6. ^ Do eu e dos darmas (fenômenos).
7. ^ A apreensão de características, particularmente a apreensão de uma ausência de existência independente.
8. ^ Vipassana ou shamatha.
9. ^ Relativa e definitiva.
10. ^ “brtul zhugs, empenho disciplinado: a tradução comum “disciplina ióguica” é bastante insatisfatória. Algumas vezes também é traduzida como “conduta destemida”, “postura tântrica”, “comportamento desembaraçado” etc., e se refere a vários tipos de comportamentos pouco convencionais em que praticantes tântricos avançados podem se engajar em certos momentos de seus treinamentos de forma a avançar seu desenvolvimento espiritual e treinar na repouso na natureza das coisas. A definição no bod rgya tshig mdzod chen mo é: “para derrotar o comportamento comum, penetramos a área de comportamento incomum” (tha mal rang ga ba’i spyod pa brtul nas thun min gyi spyod pa’i gnas la zhugs pa’o. Isto é, se disciplinar para não se comportar de formas comuns, e assim se engajar em comportamentos não convencionais. Do dung dkar tshig mdzod chen mo: “se disciplinar para acabar com o comportamento normal autocentrado ao se engajar em comportamento especial” tha mal rang ga ba ci ‘dod du byed pa’i spyod pa brtul ba’am mjug sgril te thun mong ma yin pa'i spyod pa’i gnas la zhugs pa’o. Thomas Sherab Drime
11. ^ Ngagyur, isto é, nyingma.
12. ^ Pettit prefere “imaginação”.
13. ^ “Todas as coisas são vazias” é o jeito direto de dizer isso, porém aqui parece ser frisada a dupla negação, a negação não é afirmativa — na qual não se afirma uma coisa para lhe dar um atributo: vazio; mas sim em que não se afirma coisa alguma que não essa negação que não afirma.
14. ^ Tib. འཇོག་སྒོམ་, jokgom ou jok gom, Wyl. 'jog sgom, sânscrito sthāpyabhāvanā
15. ^ Ver Thurman, Essence of True Eloquence, p 297.
16. ^ Lembrar das questões aventadas por Yonten Gyatso
17. ^ Individually cognized, é ambíguo no sentido de ser algo que cada um reconhece por si só, mas também é ela que conhece a si própria — ela que conhece a si própria, como cada um pode conhecer.
18. ^ sems byung shes rab = *caittaprajñā; refência, ver a análise de Rongzompa da diferença entre prajna e jnana, ná pág 89 do Beacon of Certainty.
19. ^ sdud pa, o 'phags pa shes rab pha rol tu phyin pa sdud pa tshig su bcad pa, Resumo do Prajnaparamita, Prajnaparamita-sancayagatha.
20. ^ Uma alusão (e implicitamente, uma resposta) a uma afirmação famosa de Sakya Paṇḍita em seu sDom gsum rab tu dbye ba: rdzogs pa chen po’i lta ba ni/ /ye shes yin gyi theg pa min/ /brjod med brjod du byed pa ni/ /mkhas pa’i tshul ni ma yi no/.
21. ^ Throshul Jamdor especifica aqui sambhāramārga (caminho da acumulação de méritos, o primeiro) e prayogamārga (caminho da preparação, o segundo — de cinco).
22. ^ Troshul Jamdor explica, “Se é correto afirmar três veículos com relação as capacidades superiora, média e inferiora dos alunos, então também é correto falar em termos de nove. Se nove não for o número correto, então três também não é.”
23. ^ das coisas tais quais como elas são
24. ^ Referindo-se a afirmação de Rong zom Paṇḍita no gSang sngags rdo rje theg pa'i tshul las snang ba lhar grub pa (Estabelecendo as Aparências como Deidade {de acordo com o mantra secreto do vajrayana}, Establishing Appearances as Divine), f. 430: “Estas aparências todas são apenas delusão. Porém, quando a delusão é removida, não há nenhuma ‘não delusão’ para ser estabelecida. Uma vez que a natureza da delusão é totalmente pura, ela tem a natureza da iluminação. Assim, todos os fenômenos estão primordialmente no estado da iluminação.” (snang ba’i chos ’di dag thams cad ’khrul ba yin zad de/ de yang ’khrul ba bsal nas ma ’khrul ba shig bsgrub tu med te/ ’khrul ba’i ngo bo nyid rnam par dag pas sangs rgyas pa yin te/ de bas na chos thams cad ye nas mngon par rdzog par sangs rgyas pa’o/).
25. ^ Aparências e possibilidades, como geralmente é grafado um dos nomes de Guru Rinpoche. Isto é, as aparências que se apresentam, e as aparências que são possíveis.
26. ^ Nessas tabelas, e ao longo do livro, o Pettit usa as palavras “fenômeno”, “aparência” e “forma”. Aqui usei apenas “aparência”. Aparência e fenômeno são para ser a exata mesma coisa, raiz grega ou latina. Forma é um tipo específico de aparência, mas o sentido geral no budismo se mantém, porque forma é usada geralmente (o mais famoso uso no Hridaya Sutra é assim) como exemplo para todos os cinco agregados (que representam todos os tipos de aparências para o budismo). Eu gosto da palavra “fenômeno”, mas é de se parar para pensar porque preferimos “ego” a “eu” ou fenômeno em vez de aparência... Em geral é porque estamos nos subscrevendo à Freud ou Kant (e a tradição advinda deles). O uso do termo menos comum que venha do latim ou grego tem um sabor técnico/acadêmico, e algumas vezes implica uma interdependência (que não é necessária) com os sistemas europeus. E também, ao meu ver, nunca fica claro porque Pettit está usando aparência em vez de fenômeno ou vice-versa.
“Negação absoluta” tem suas vantagens e desvantagens. Como eu já recebi comunicações de pessoas que assumiram um sentido errado dessa expressão, mantive “negação não implicativa”, que o Pettit assume também como sinônimo. Pelo menos soa mais complicado e a pessoa tem que parar para descobrir o que é. Também tenho preferido “definitivo” em vez de “absoluto” em discussão mais filosófica, porque absoluto tem um teor mais religioso para muitas pessoas. Quando a gente ouve ensinamentos da grande perfeição, daí tem bastante o termo absoluto, mas vem com todas as resguardas necessárias.
27. ^ (1) Mesmo se alguém realizar diretamente o definitivo, o enganoso não estaria incluído nele, e precisaria ser focado separadamente, então não se atingiria o nirvana. (2) O definitivo que é diferente da realidade enganosa não seria o dharmata da realidade enganosa, como um vaso não é o dharmata de um tecido. (3) O mero fato de um eu enganoso não ser totalmente estabelecido não seria uma verdade última, assim como o vaso não ser totalmente estabelecido não o torna um tecido. (4) Tendo realizado a realidade última e atingido o nirvana, como a pessoa o imaginou separado da realidade enganosa, a pessoa voltará a ter aflições. Seria possível para constituentes aflitivos e purificados coexistirem simultaneamente na mente de uma só pessoa.
28. ^ (1) Pessoas comuns veriam a realidade definitiva, há que veem a realidade enganosa; (2) da mesma forma que as máculas aumentam na dependência da realidade enganosa, da mesma forma aumentariam em dependência da realidade última; (3) assim como não há divisões na realidade última, não haveriam divisões na realidade enganosa; e (4) da mesma forma que a realidade enganosa não precisa ser buscada fora do que se vê e ouve, a realidade última tambémn seria assim.
Kyabje Dilgo Khyentse Rinpoche
Uma lista de detentores da linhagem de Dilgo Khyentse Rinpoche, com uma foto recém editada.
“O Livro Tibetano dos Mortos” como apropriação cultural
Não existe “livro tibetano dos mortos”. O texto a que se deu esse título não foi escrito com necessariamente os mortos em vista, nem é tibetano no sentido de ser aceito por toda a cultura tibetana.
Uma Resposta sobre Nichiren
Contextualizando tradições que ficaram 1000 anos sem trocar ideias, e como certas afirmações sectárias podem soar até racistas hoje em dia.
Ouro fino
Refazemos o caminho de 4.2.2.2.2.4.1.4 com o comentário de Troshul Jamdor, que examina como os diversos veículos (aceitos pelo oponente) justificam a visão do pináculo da nyingma.
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