Citações de Dzongsar Khyentse Rinpoche
Caso um guru ensine um único método, meditação apenas, por exemplo, os alunos serão privados de uma riqueza de meios hábeis.
Caso um guru não valorize a prática de deidade, a porta para a realização dos alunos será extremamente estreita.
Um guru que não tenha devoção por seu próprio guru fará com que as bênçãos recebidas pelos alunos se dissipem como a névoa. (TGDB?)
Para a iluminação
Praticar o Darma é praticar pela iluminação. Não é praticar visando direitos, liberdade, justiça ou saúde; não é para melhorar as coisas num sentido mundano.
Por mais benéfica que pareça uma prática, por mais politicamente correta ou excitante, se ela não contradiz o seu hábito de se agarrar à permanência, ou parece inofensiva, mas insidiosamente o encoraja a esquecer a verdade da impermanência e a natureza ilusória dos fenômenos, inevitavelmente levará você na direção oposta ao dharma.
Jamgön Kongtrul Lodrö Tayé disse que se lá no fundo de sua mente você continua acreditando que um cantinho do samsara pode se mostrar útil, ou até mesmo que possa oferecer uma solução definitiva para todos seus problemas mundanos, será extremamente difícil se tornar um buscador espiritual genuíno. Acreditar que os problemas da vida de alguma forma se resolverão, que tudo que é ruim pode ser consertado, e que vale a pena lutar por alguma coisa no samsara, torna quase impossível cultivar um desejo genuíno, ardente , de praticar o darma. A única visão que de fato funciona para um praticante do darma é a em que não há soluções para os sofrimentos do samsara e em que ele não pode ser consertado.
A bodichita não deveria ser tomada como o plano de ação de uma terra de sonhos... onde todo mundo é bonzinho. (PFTFA)
A verdade é difícil de engolir
A vida não é nada além de um fluxo contínuo de ilusões sensoriais, das mais óbvias, tais como fama e poder, àquelas mais difíceis de discernir, como a morte, narizes sangrando e dores de cabeça. Tragicamente, porém, a maior parte dos seres humanos acredita no que vê, e assim a verdade que o Buda expôs sobre a natureza ilusória da vida pode ser um pouco difícil de engolir.
Nostalgia trágica
A maior parte do tempo estamos tentando fazer as coisas boas durarem, ou estamos pensando como substituí-las por algo ainda melhor no futuro, ou estamos atolados no passado, fazendo reminiscências sobre tempos mais felizes. Ironicamente, nunca apreciamos realmente a experiência pela qual somos nostalgicos, porque naquele momento estávamos ocupados demais nos apegando a esperanças e medos.
Motivação correta
Não importa qual a prática do darma que você esteja fazendo, do ngondro a oferecer uma única lamparina, sempre a faça com a intenção de essa prática beneficie todos os seres sencientes. Nesse contexto, benefício não significa apenas dar ajuda prática, como oferecer comida ou remédios, ou alimentar as emoções, os egos e delírios das pessoas. Aqui o benefício inclui aspirar ser instrumental na iluminação de todos os seres sencientes; sem tal aspiração, é fácil que a prática do darma se torne algo feito em beneficio próprio.
Pode procurar o quanto quiser
Chandrakirti não vê problema com você estar tentando encontrar algo [que não seja vazio, impermanente ou cheio de dukkha]. Chandrakirti vê problema se você achar.
O Dharma Vira sua vida de cabeça para baixo
Acreditar de forma equivocada que a prática do dharma fará com que a pessoa se sinta tranquila, vivendo bem e despreocupada, é um grande mal-entendido. O budismo não é terapia; em vez disso, o darma é projetado especificamente para virar sua vida de cabeça para baixo. Portanto, quando se encontra frustração a cada encruzilhada, por que reclamar? Caso você pratique e sua vida não virou de cabeça para baixo, isso é um sinal de que tudo o que você faz na prática ainda não foi aplicado. (NFH tem uma citação semelhante)
Uma vez que se entenda que a prática verdadeira do Dharma não é apenas meditação formal em postura sentada, mas um confronto incessante em oposição ao orgulho e ao ego, bem como uma lição sobre como aceitar a mudança, será possivel começar a praticar imediatamente.
A Fundação é Mais Importante do que a Prática Principal
Se você me perguntar se já concedi ensinamento de Grande Perfeição, sim eu já concedi. Eu concedi o Ngondro da Grande Perfeição, que vem da tradição Longchen Nyingtik, de Rigdzin Jigme Lingpa.
[Coloco as coisas assim] porque parece que toda vez que alguém diz que "recebeu ensinamentos da Grande Perfeição”, está sempre se referindo a instruções diretas. Mas não precisa ser o caso. O próprio ngondro do Longchen Nyingtig também é um ensinamento dzogchen. E ele é na verdade mais importante, porque é a fundação.
Foi isso que Patrul Rinpoche disse [citação em tibetano]:
"Na minha tradição, o ngondro é mais importante do que a prática principal". (WOMPT)
Sidarta tinha razão quando imaginou que não seria fácil ensinar. Em um mundo movido pela ganância, orgulho e materialismo, ensinar mesmo princípios básicos como amor, compaixão e filantropia é muito difícil, quanto mais a verdade última da vacuidade. Vivemos presos a pensamentos de curto prazo e confinados a noções de praticidade. Para nós, as coisas precisam ser tangíveis e imediatamente úteis para justificar o investimento de tempo e energia. De acordo com esses critérios, a vacuidade, tal como definida por Buda, parece ser completamente inútil. Poderíamos pensar, Qual é o benefício de contemplar a impermanência e a vacuidade do mundo dos fenômenos? O que se tem a ganhar com a vacuidade? A partir de um raciocínio limitado, carregamos uma definição pronta das coisas que fazem sentido e das coisas que têm significado – e a vacuidade vai além desses limites. É como se a ideia de 'vacuidade' não coubesse na nossa cabeça. Isso porque a mente humana opera dentro de um sistema lógico inadequado, ainda que existam incontáveis outros sistemas lógicos ao nosso dispor. Operamos como se este momento tivesse sido precedido por milhares de anos de história e não compreenderíamos se alguém nos dissesse que a totalidade da evolução humana transcorreu no espaço de tempo de um gole de café leva para descer pela nossa garganta. (WMYNAB)
As filosofias e religiões podem dizer que "as coisas são ilusões, o mundo é maya, ilusão". mas há sempre um ou dois itens que ficam para trás e que são considerados verdadeiramente existentes: Deus, energia cósmica, etc. No budismo isso não é assim. Tudo no samsara e no nirvana — da cabeça do Buda até uma fatia de pão — tudo é vacuidade. Não há nada que não esteja incluído na verdade última.
De um modo geral, os seres humanos tendem a preferir se encaixar na sociedade, seguindo regras aceitas de etiquetas, ser gentil, educado e respeitoso. A ironia é que esta é também a forma como a maioria das pessoas imagina como uma pessoa espiritual deve se comportar. Quando um, assim chamado, praticante do dharma é visto a se comportar mal, nós balançamos nossas cabeças sobre sua audácia em apresentar-se como um seguidor de Buda. No entanto, tais julgamentos devem ser evitados, porque o "encaixar" não é o que um verdadeiro praticante dharma se esforça.
Pense em Tilopa, por exemplo. Ele parecia tão estranho que, se ele aparecesse em sua porta hoje, as chances seriam que você se recusaria a deixá-lo entrar. E você teria um porquê. Ele provavelmente estaria quase completamente nu; se você tem sorte, ele poderia estar usando algum tipo de tira de pano; seu cabelo nunca teria visto para shampoo; e saindo de sua boca estaria tremer a cauda de um peixe vivo. Qual seria o seu julgamento moral ser de tal ser? "Ele! Um budista?". Essa é a forma como as nossas mentes teístas, moralistas e preconceituosas funcionam. Claro, não há nada de errado com a moralidade, mas o ponto da prática espiritual, de acordo com os ensinamentos do Vajrayana, é ir além de todos os nossos conceitos, inclusive os da moralidade. (NPF)
• Organização Siddharta’s Intent, presidida por Dzongsar Khyentse, cujo principal objetivo é preservar os ensinamentos e a cultura budista pelo mundo.
WOMPT - Teachings on “Words of My Perfect Teacher” Taiwan, 18-21 February 2011
TGDB? - The Guru Drinks Bourbon?, O Guru Bebe Cachaça?
WMYNAB - What Makes You (Not) a Buddhist
NPF - Não para a felicidade
Kyabje Dilgo Khyentse Rinpoche
Uma lista de detentores da linhagem de Dilgo Khyentse Rinpoche, com uma foto recém editada.
Peregrinação no budismo
Quando uma pessoa fala de algo que não vivenciou, no darma se diz que é como uma pessoa com deficiência visual servindo de guia turístico. Esse assunto foi requisitado alguns anos atrás aqui no canal, e no vídeo eu tento não ser um budista de internet e falar só dos livros sobre o assunto.
Luz, câmera, darma: Stalker (1979)
Um dos filmes favoritos de Dzongsar Khyentse Rinpoche: um filme sobre uma sala que realiza seus desejos mais secretos e mais verdadeiros.
Luz, câmera, darma: 10 Filmes recomendados pelo Rinpoche
Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche (DJKR, já que não é adequado usar apenas “Dzongsar”, e há mais de um Khyentse Rinpoche), um butanês que é um dos maiores professores contemporâneos do budismo tibetano, é também cineasta. Ao longo dos anos ele recomendou vários filmes como seus favoritos, e aqui está uma lista, também tentando explicar que valor eles poderiam ter como ensinamentos do darma, se é que algum.
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