Uma geração de gatos eunucos e a máfia
[ 24/08/2002 ] A Máfia
Começou com pequenas hemorragias no nariz. Então uma pequena bolinha surgiu, e em poucos dias cresceu e fechou completamente a narina. Finalmente, após muita enrolação, decidiu ir ver um médico.
O médico, coberto pelo plano de saúde, disse que seriam necessários exames e recolheu uma amostra do tecido. Dois dias depois descobriu-se que era mesmo um tumor maligno. Antes de notificar o paciente, o laboratório emitiu um código numérico para a central do plano de saúde. Uma secretária observou dois itens em amarelo em sua lista cheia de verdes e vermelhos, e partiu para verificar pelo telefone a disponibilidade de dois doutores cujo código de especialidade nunca decifrara.
No dia seguinte, levou um tiro na nuca, morrendo instantaneamente. Roubaram-lhe até os óculos. Tudo para encobrir o real motivo: seu tratamento médico custaria mais que um assassino de aluguel.
O outro item amarelo referia-se a uma velhinha hipocondríaca.
Informação valiosa
Os eunucos na China comiam os miolos ainda quentes dos criminosos decapitados, buscando a regeneração dos órgãos genitais.
Atitude provavelmente não tão diferente de toda a verve e ciclotimia de uma geração de perdidos — de todas as gerações de perdidos — essencialmente não diferente de qualquer geração, porém mais ainda de uma conectada aos bits imprevisíveis da piscina dos memes, nadando num oceano ainda mais confuso e vasto de lixo-informação.
Como gotas de chuva esvaindo-se pelos esgotos, autoconsumida geração: I SAW THE BEST MINDS...
Eat my Brains
Contam que certa vez dois grupos de monges brigavam pela posse de um gatinho. Nach'uan segura o gato pelo cangote, saca a afiada navalha com que cortava o cabelo dos noviços e a posiciona calmamente no pescoço do bichano:
— Pronuncie-se aquele que considere-se capaz de salvar a vida deste gato!
Os monges tentaram várias coisas, "o gato é deles", "o gato é meu". Nada funcionou, e o bichano foi decapitado perante uma assembleia de 500 monges.
No dia seguinte um monge andava com uma sandália equilibrada no topo da cabeça. Nach'uan disse:
— Ah, se apenas ele estivesse aqui ontem... Teria sido capaz de salvar a vida daquele pobre gato. (Mumonkan, koan 14)
Moral da História
Pequeno gafanhoto: se queres fazer amor, escrever, caminhar na chuva em direção ao estabelecimento do xérox, vencer a máfia e o câncer, salvar sua geração ou restaurar seus órgãos genitais, faça como Nach'uan: não preocupe-se com o próprio bem-estar e não hesite, faça o que tem que fazer.
Seis por oito, bateria, baixo e Wurlitzer
Em vez de pegar uma música pronta na biblioteca de música com uso livre, DeSouza resolve começar mais uma música cabeçuda, que são as piores e nunca funcionam bem. Se ele repetisse o mesmo acorde por 12 minutos, ficaria melhor. Mas não, ele quer um tempo quebrado, e uma harmonia ainda não estabelecida, sem qualquer ideia de melodia, para ficar editando por horas e horas e ainda assim ficar bem ruim. Não é a primeira vez. Simplicidade é ouro, aqui só temos cocô. Mais uma pérola do movimento antimúsica.
Música triste, solo e início da letra
Um pouco do processo de composição e gravação de uma música do projeto DeSouza.
Hardware que recomendo
Recomendações de dispositivos com boa relação custo-benefício, e que eu mesmo uso.
Livros sobre ativismo e política que recomendo
Alguns dos livros que acho importantes para entender o mundo de hoje.
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