Uma Canção de Maravilha Inspirada pela Experiência na Prática
Sera Khandro
Com vinte e nove anos de idade, quando estava com meu guru no retiro isolado de Nyimalung, em Amdo, uma exibição mágica de demônios e espíritos elevados sem forma surgiu em minha percepção. Enquanto esses seres desfilavam seus vários comportamentos perante mim, lhes disse, “Vocês deveriam respeitar sua mestre como algo elevado, já que eu lhes mostrei o caminho””
Eles disseram, “Se você é mesmo uma ioguine, o que está fazendo aqui? O melhor seria ter ido para um retiro isolado”.
Respondi, “Efetivamente estou num retiro isolado”.
E então eles disseram, “E como é esse retiro isolado? Caso desenvolvamos devoção, que tipo de bênçãos encontraremos? As descreva para nós.”
“Em meu retiro isolado das montanhas, dotado de aparências ilimitadas,
enquanto permaneço na prática em que o mundo e o que está além do mundo surgem como ornamentos,
sustento a natureza fundamental, livre de fixação em esperança e medo.
Contemplo minha própria face verdadeira – a luminosidade inata –
E assim detenho as instruções sobre a autoliberação das aparências.
Em meu retiro isolado nas montanhas, cheio de luminosidade própria,
enquanto repouso na prática da luminosidade sem fixação,
sustento a natureza fundamental da simplicidade autoemergente.
Contemplo minha própria face verdadeira – abertura sem preocupações –
E assim detenho os ensinamentos sobre a autoliberação das aflições mentais.
Em meu retiro isolado nas montanhas, com não conceitualidade autoemergente,
enquanto mantenho a prática da autoliberação das aparências condicionadas,
sustento a natureza fundamental da esperança e medo como não dual.
Ao encontrar a sabedoria da autoliberação natural,
detenho as instruções para a autoliberação do que quer que surja.
Em meu retiro isolado nas montanhas, sem fixação em esperança e medo,
enquanto repouso na prática de autoliberar as emoções destrutivas,
sustento a natureza fundamental do estado perfeitamente incessante dos três kayas.
Ao contemplar minha própria verdadeira natureza – o darmakaya sem esforço –
detenho as instruções da liberação primordial da existência cíclica e da quiescência.
Atingi a confiança quádrupla da liberdade perante realização e abandono,
E estou liberada na inseparatividade, com grandioso êxtase sem flutuação.
É bem assim que um praticante busca um retiro isolado de montanha!
Hei, hei!
Apenas dormir na montanha não implica estar num retiro isolado;
Animais selvagens também dormem nas montanhas.
E embora escapem dos açougueiros que os matam,
não têm uma fonte sequer de proteção ou esperança.
Essa reflexão me entristece!
Caso vocês não rezem com devoção para o mestre que realiza todos os desejos,
as realizações necessárias e ansiadas não surgirão,
portanto cultivem uma mente cheia de devoção.
Caso vocês não façam brotar os quatro poderes da devoção
com relação ao mestre, o buda dos três tempos,
as bênçãos da transmissão da mente de sabedoria não penetrarão em vocês,
então se empenhem em fazer brotar a mente devota.
Da mandala da fala iluminada do mestre,
quando o néctar das instruções diretas é concedido,
caso a devoção unifocada não brote,
será difícil domar mentes discursivas tais como a minha própria,
então se empenhem no cultivo da devoção.
A partir da mandala do coração iluminado do mestre,
a entrada para os ensinamentos profundos da tesouraria secreta é concedida.
Caso vocês não sintam a inspiração da devoção,
as realizações de sua herança espiritual jamais prosperarão,
então se assegurem de fazer brotar devoção.
Caso vocês, respeitosamente e das três formas,
não agradarem o mestre dotado das três bondades,
lhes faltará até mesmo uma migalha da essência das práticas de desenvolvimento, recitação e consumação,
então se empenhem no cultivo da mente devota.
O guru é o próprio Buda dos Três Tempos,
cuja mente desperta é dotada da sabedoria da onisciência dupla.
Sua compaixão nunca está distante ou próxima,
mas caso vocês não rezem com devoção,
será difícil ser ver sustentados por sua compaixão, que efetivamente nos guia,
então se assegurem de sentirem-se inspirados com devoção.
Respeitosamente suplicar ao mestre nos permite
descartar esse orgulho autocentrado.
Rezar com devoção a nossos professores nos permite
descartar a agressão que surge de apego e aversão.
Suplicar respeitosamente ao mestre nos permite
descartar a inveja que surge da competitividade.
Rezar com devoção a nossos mestres nos permite
descartar as visões errôneas que surgem das aflições mentais.
Meu verdadeiro mestre é o atemporalmente perfeito Padmasambhava,
o representante supremo dos vitoriosos dos três tempos.
Rezo para que nunca me separe do guia sublime Vimaraśmi (Drimé Özer).
Ele transferiu a mim as bênçãos da transmissão da mente de sabedoria
e fez os nós de minha fixação dualista serem liberados no espaço básico,
e assim eu reconheço a sabedoria do domínio da mente e dos ventos.
Sem dualidade entre Buda e ser senciente,
permeando a vasta expansão do darmakaya primordialmente liberado,
várias manifestações surgem como ornamentos do espaço.
Exauridas as falsidades fundamentais da esperança e do medo,
deuses e demônios surgem não duais com a exibição mágica de minha própria mente.
Eu, a ioguine, não temo as exibições mágicas da ilusão –
Sou uma destemida ioguine vajra!
Detenho as instruções para cortar os quatro maras pela raiz.
Atemporalmente, corto a exibição das aparências ilusórias
e as transformo na grande não existência de esperança e medo.
Internamente, corto a raiz do apego – o autocentramento –
na expansão primordialmente liberada do desapego.
Corto a base de tudo – a união de corpo e mente –
com a espada da sabedoria tripla.
Secretamente, corto os conceitos baseados nos cinco venenos
no continuo das aflições mentais autoliberadas.
Na expansão da intenção de sabedoria profunda da pacificação,
Corto todos os fenômenos do mundo e do que está além dele, sem dualidade.
Esta raiz de apego às aparências confusas que surge das aflições mentais,
é liberada própria expansão das cinco sabedorias do darmadhatu,
a base da grande expansão da mente de sabedoria, que não tem base.
Eu a corto no espaço da igualdade do darmakaya com P’HAT!
‘P’HÁ’ corta a raiz da fixação dualista,
e é entendido no sentido completo das paramitas.
‘T’ é a perfeição da não dualidade entre samsara e a quiescência na base
e libera a aceitação e rejeição no darmakaya atemporalmente perfeito.
Que possamos atingir o estado de união com Vajradhara!”
Assim cantei, e eles fizeram prostrações e circum-ambulações, retornando para os lugares de onde vieram.
Sukha Vajra (Dewé Dorje) colocou em palavras uma exibição visionária.
Traduzido por Padma Dorje, a pedido e patrocínio de Padma Wangmo, nos últimos dias de 2016, a partir da tradução ao inglês de Christina Monson, 2015.
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