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Peculiaridade e Vazio

Uma dificuldade comum em pessoas com parco entendimento intelectual do darma é confundir ausência de forma com vacuidade. O Sutra do Coração da Abençoada Prajnaparamita claramente, no entanto, diz “vacuidade nada mais é do que forma”, e assim por diante. Esta confusão de uma mera ausência de conteúdos com realização espiritual ou realidade última apenas é cometida por principiantes.

Evidentemente, a fixação na ausência de forma é uma característica dos reinos da não forma, parte do samsara.

No entanto, entre pessoas relativamente educadas no darma, parece haver uma versão um tanto mais insidiosa de um mal-entendido quanto a “ausência de elaboração”, que produz o hábito de certa preferência por universidade ou generalidade.

A peculiaridade não sendo reconhecida ela mesma como uma expressão da liberdade, acaba surgindo uma parcialidade quanto a uma ausência de fixação, que em si só é uma forma de elaboração. Em outras palavras, a vacuidade se torna uma mera não fixação a formas específicas, enquanto deveria ser uma não fixação em meio a até mesmo formas específicas.

Não deveria haver nenhuma má vontade contra formas específicas, uma vez que generalidade e especificidade são também apenas vacuidade.

Isso se expressa mais fortemente no mau entendimento de certos meios hábeis no vajrayana, todos eles dependendo claramente da liberdade em meio a mais estrita peculiaridade (uma forma específica de cada vez). No extremo, se torna um vale tudo universalista, assemelhado a tendências new age, onde o compromisso e o refúgio são tidos como aprisionamento, e uma eterna falta de coerência caótica assumida como “liberdade”.

Numa forma mais branda, pode incomodar que o professor tenha seu modo próprio, e sua própria caixa de ferramentas. A solução é não esperar usar um martelo para até mesmo aparafusar, nem também achar que haverá uma ferramenta pronta para todo e qualquer caso.

No extremo, a expressão de nosso próprio mérito é por natureza peculiar, e embora nos fixemos a certas expectativas e entendimentos, o que nos limita, também não precisamos esperar uma plataforma livre de marcas características. A ânsia por uma generalidade numa ausência total de marcas e características não é a verdadeira liberdade de marcas e características – que só pode se dar em meio as tais marcas e características, que são inevitáveis. Mesmo a ausência deliberada de marcas e características é uma marca e característica: assim se dá até mesmo na expressão de “simplicidade” do zen budismo, onde existe um sem número de peculiaridades, ainda que o valor pretendido seja muitas vezes uma expressão sem face.

A tentativa de tornar o darma palatável, o populismo do darma, a universalização e promulgada não religiosidade, a “ausência de marcas”, e assim por diante, são ferramentas de marketing, não a Prajnaparamita livre de elaborações. A Prajnaparamita livre de elaborações é absolutamente íntegra num sabor específico, seja de baunilha ou de cereja. Não é necessário eliminar o sabor, a marca característica, para revelar a ausência de elaboração. Fazer isso é novamente se fixar num sabor específico, apenas agora insípido.

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Na visão do caminho do meio, tudo aquilo que não atrapalha sua visão budista e não prejudica os seres, estando certo ou errado, não importa tanto.tendrel

Não perturbar o convencional

Na visão do caminho do meio, tudo aquilo que não atrapalha sua visão budista e não prejudica os seres, estando certo ou errado, não importa tanto.
Não entender a vacuidade corretamente significa não produzir renúncia ou realização, bem como não praticar corretamente.tendrel

Reconhecer isso é maravilhoso

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O grande veículo ensina que o Buda não precisava ter morrido, mas que manifestou a impermanência de seu corpo para dar um ensinamento àqueles fixados na perspectiva inferior. O Buda, “Aquele que Despertou” é impermanente? E caso não seja, não estaríamos divinizando a figura de nosso professor, o transformando numa espécie de deus com superpoderes?tendrel

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O grande veículo ensina que o Buda não precisava ter morrido, mas que manifestou a impermanência de seu corpo para dar um ensinamento àqueles fixados na perspectiva inferior. O Buda, “Aquele que Despertou” é impermanente? E caso não seja, não estaríamos divinizando a figura de nosso professor, o transformando numa espécie de deus com superpoderes?


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