Lista das paramitas e algumas considerações sobre tradução
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As seis perfeições são geralmente listadas como generosidade, disciplina, paciência, perseverança, concentração e sabedoria.
Algumas vezes se troca disciplina por “ética”, “disciplina ética”. ou mesmo “moralidade”. E algumas vezes se troca “perseverança” por “perseverança jubilosa”, ou “diligência”.
Minha sugestão é generosidade, compostura, serenidade, empenho, meditação e sabedoria. Uma versão alternativa seria generosidade, continência, mansidão, entusiasmo, meditação e sabedoria.
Eu até trocaria generosidade por “abertura”, mas ficaria muito nova era, e o termo dana tem uma conotação bem material de generosidade também, que “abertura” não necessariamente possui.
“Disciplina” tem uma conotação negativa de simples obediência ou ordem. “Ética” e “moralidade” (que são a mesma coisa para a maioria dos filósofos) têm conotações complexas demais para algo que deve ser mais simples — por um lado, é o sistema ético budista, como estabelecido no vinaya, e por outro lado, é algo mais natural, como o simples “não prejudicar”. Sila é “se portar bem”, não prejudicar os outros e a si mesmo. “Compostura” pode ter uma conotação de apenas parecer se portar bem, mas no fundo é se portar bem, ponto. “Continência” é talvez ainda melhor, porque é se portar criteriosamente, e não de qualquer jeito — embora em alguns casos seja entendível como pura “abstinência”, o que é relativamente válido.
“Paciência” tem uma conotação, às vezes, de simplesmente aturar. Aturar é muito “serenity now” (esta é uma referência ao episódio da série Seinfeld, em que um personagem usa uma técnica terapêutica de repetir, para si mesmo essa frase: “serenidade agora”, mas cada vez que a expressa, expressa com mais raiva, mostrando que o oposto de serenidade é invocado pelo termo) — a prática budista no entanto, é não cair numa perspectiva de simplesmente aguentar, mas efetivamente não se perturbar. “Imperturbabilidade” é outro termo para “paz” ou shanti. Mas “serenidade” está ótimo.
Virya é o mais difícil. Virya tem um aspecto de gostar de fazer esforço, e não parece haver nenhuma palavra onde esse prazer de se esforçar esteja claro, daí o uso de composições como “perseverança jubilosa”, que são meio esquisitas. “Empenho” é o que mais se aproxima, no meu ver (“grande disposição, interesse, afinco, insistência obstinada, pertinácia, tenacidade”). Da antonímia de “desleixo”, podemos ter as seguintes opções: afã, aplicação, ardor, dedicação, desvelo, devoção, devotamento, entusiasmo, fervor e paixão.
O espectro semântico de dhyana é maior que “concentração” e menor que “meditação” (“concentração” querendo dizer algo específico demais, “meditação” algo geral demais), mas “meditação” acaba sendo uma escolha mais neutra, querendo dizer em particular um cultivo formal de absorções meditativas.
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O que é iniciação no budismo?
O que se chama de cerimônia de iniciação, no budismo, é algo exclusivo do Vajrayana. Muita gente não sabe, mas não é como se começa no budismo, de forma geral. Do que se trata?
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Ausência de eu, identidade e interdependência
Como o budismo coaduna as ideias de renascimento e inexistência de um eu?
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Kyabje Dilgo Khyentse Rinpoche
Uma lista de detentores da linhagem de Dilgo Khyentse Rinpoche, com uma foto recém editada.
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“O Livro Tibetano dos Mortos” como apropriação cultural
Não existe “livro tibetano dos mortos”. O texto a que se deu esse título não foi escrito com necessariamente os mortos em vista, nem é tibetano no sentido de ser aceito por toda a cultura tibetana.
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