O Triste Caso de Nellson Ribeiro (“Padma Querido”)
Em meados de 2000 eu já frequentava o budismo há alguns anos, e num evento introdutório de fim de semana apareceu um senhor de Pelotas, um iniciante notoriamente saliente. Nos retiros budistas há pessoas de todos os tipos, então não havia nenhum juízo a fazer, senão que era um senhor como qualquer outro, que não comparecia a todas as sessões, e falava bastante. Normal.
Já em 2001, começaram a haver sinais de problemas. O comportamento do Nellson passou a ser copiar alguns trejeitos, e dar a aparência, por trajes1Qualquer um pode usar trajes budistas, isso não requer uma autorização especial. No entanto, caso as pessoas comecem a acreditar que você é alguma coisa pelos trajes que usa, isso é gravíssimo. Nellson comprou seus trajes numa loja budista, que os vende para qualquer um. Ou os mandou fazer. e pelas fotos (que sempre ansiava tirar com os professores), de que era um praticante, ou até algo mais que um praticante.2Nellson em muitos de seus extensos materiais de divulgação se diz um "monge bodisatva". Os maiores mestres budistas de todos os tempos evitam se referir a si próprios como bodisatvas, porque isso implica um grau de santidade tão alto, que em seu nível mais baixo implica ser capaz de entregar o próprio corpo sem hesitação como alimento para um animal faminto. A palavra "bodisatva" não é vista no material de divulgação de nenhum professor budista na atualidade se referindo a si próprio. Quando perguntado sobre quando foi "ordenado monge", diz que "tomou os votos de Shantideva" com Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche "em 2003". Tomar votos de bodisatva, se é que os tomou mesmo nessa ocasião, não faz de ninguém um bodisatva, muito menos um monge. Todas as iniciações vajrayana contém esses votos. Todos os praticantes que fizeram pelo menos uma iniciação, isto é, basicamente todos os praticantes do vajrayana, têm esses votos. Não correspondem ao título de monge, muito menos fazem com que alguém possa se dizer um bodisatva. Prática mesmo, ninguém viu Nellson fazer. Em particular, num evento ele foi dormir e abandonou o colega numa atividade de dupla.
Ninguém é obrigado a ser praticante, mesmo quem frequenta centro budista. Muito menos um bom praticante. Isso é com a consciência da pessoa. Porém, quando a pessoa começa a angariar seguidores e se autopromover à custa do budismo, a coisa começa a ser encarada como um problema. E muito cedo, a partir de 2002 ou 2003, a sangha budista inteira – ou pelo menos os responsáveis pela organização de eventos – já conheciam o Nellson como um notório poseur, possivelmente perigoso, e no mínimo bastante ridículo. Alguém que além de tudo estraga a imagem do budismo por onde quer que passe.
No entanto, em Pelotas, e no Brasil de forma geral, o que ocorre é uma espécie de velho-oeste espiritual. Esse terreno é fértil para que pessoas sem qualificação alguma posem de professores, e para que algumas pessoas – sem conhecimento dos critérios que a tradição budista estabelece – levem falcatruas a sério, sem entender o contexto maior em que essa atividade deveria estar inserida (para evitar cultos e desastres como o que aconteceu em Jonestown, onde um pastor cristão falso levou 900 pessoas a um pacto de suicídio). Estas pessoas desavisadas, é claro, nunca viram um professor autêntico na vida para efetuar comparação, então é comum que oportunistas que basicamente falam o elas querem ouvir se aproveitem – e até aí tudo bem, mais ou menos – o problema é quando ostentam símbolos sagrados da tradição, e se dizem monges, ou quando partem para atividades de exploração e outros crimes. O caso do Nellson, até onde eu sei, é apenas de impostura. Dizer, ou se portar, como algo que não é. Mas é possivel que ele tenha tirado algum beneficio maior que alimentar a própria vaidade a partir dessa impostura, quanto a isso, difícil dizer.
Do texto que explica o “Projeto Terra Pura”:
Propomo-nos a trabalhar com grupos específicos, em seu ambiente comunitários [sic], desenvolvendo nossa metodologia, [sic] de ciência meditativa, [sic] através de encontros, vivências, atividades lúdicas, por meio da instrução e orientação de facilitadores praticantes auto realizados [sic] e capacitados.Custo/Beneficio [...] Aceitamos contribuições em [sic] forma de doações espontâneas para manutenção e continuidade de nossos projetos sociais.
Aqui é bom frisar que o Nellson e seus admiradores e seguidores têm todo o direito de expressar sua religiosidade como quiserem. As platitudes que o Nellson fala não têm nada de budismo, e ele francamente se chama de “Swamy” (sic) ou títulos espirituais de outras religiões que não a budista, ou se diz seguidor do controverso Osho.3O fato da pessoa misturar os nomes já indica certa falta de seriedade. Se a pessoa é qualquer coisa, ela muito provavelmente não é nenhuma coisa. Certamente ele também não possui qualificações de acordo com nenhuma outra tradição (mas esse problema é com elas). Ademais, algumas pessoas não estão nem aí com isso: se elas querem seguir o Nellson independente de alguma tradição reconhecê-lo, e apenas porque ele fala o que elas querem ouvir, e isso preenche algum estereótipo do que elas consideram ser espiritualidade, isso é efetivamente completo direito delas. De toda forma, seria um problema com outras tradições, e com as pessoas que dão credibilidade a ele. No entanto, quanto ao budismo, é preciso frisar que o senhor Nellson Ribeiro, “Padma Querido Querido”:
•Não é nem nunca foi um monge. Em vários lugares do mundo há pessoas se passando por monge, algumas vezes até para pedir dinheiro.4Exploração financeira não parece ser o ponto principal para Nellson, embora ele também possa ter essa intenção, isso provavelmente não se frutifica: na região de Pelotas não é fácil nem mesmo para professores legítimos angariarem fundos. O ponto principal para Nellson parece ser obter popularidade. Devido a isso é muito comum pedir a um monge suas credenciais — uma carta de apresentação. Nenhum monge legítimo se recusa a mostrá-las. E aliás o monge provavelmente vai ficar contente de encontrar uma pessoa criteriosa, e que leva o budismo a sério. O monge fica contente em poder mostrar seu vínculo.•Não é nem nunca foi um professor budista reconhecido pela comunidade budista. É notório que não possui nenhum título, nem nenhum reconhecimento, por parte de nenhuma tradição budista. A comunidade budista o vê como uma pessoa digna de compaixão, e tem pena pelas pessoas que ele desvia, e por ele mesmo, por desviar tantas pessoas.•Não é reconhecido pela comunidade budista como alguém que tenha feito qualquer treinamento, ou que tenha qualquer experiência em prática budista. A maioria das pessoas no budismo tem muito mais experiência e conhecimento que o Nellson, e ainda assim, não são professores, e jamais posariam como professores. Esse inclusive é meu próprio caso.5Um de seus seguidores afirmou com certo vigor que ele teria “estudado” junto com um conhecido lama brasileiro — Nellson devia estar se referindo aos dois retiros de fim de semana que fez, mas fora de contexto: “estudar” na mente das pessoas significa receber uma qualificação. Nellson é sem dúvida hábil em usar esses meios entendimentos para fim de seu próprio autoengrandencimento.•Tem entrada barrada em pelo menos um centro budista importante no Brasil, por, entre outras razões, usar fotos com grandes professores budistas para autopromoção. Esse centro é diretamente ligado a tradição que Nellson imita (pelos trajes e pelo nome que usa para si mesmo e para seu suposto "professor" — uma pessoa que mora no exterior e não o conhece.)•Não tem autorização para conceder iniciações budistas, e jamais foi encorajado a dar qualquer tipo de ensinamento budista. Mesmo professores muito populares no Brasil, e legítimos, não executam essas cerimônias por não terem autorização específica. É preciso fazer um longo retiro isolado e receber autorização do professor, Nellson nunca fez nenhum retiro de mais de uns poucos dias nem mesmo tem um professor. É preciso ser aceito como aluno, não basta se dizer aluno. Budistas com entendimento do assunto ficam tão horrorizados quanto a ele “conceder iniciações” como se dezenas de bebês estivessem morrendo após serem tratados por alguém se passando por médico. É exatamente assim que um budista se sente ao ouvir que Nellson Ribeiro estaria “concedendo iniciações”.
Estes fatos podem ser verificados frente a qualquer centro budista no Brasil e o no exterior, e estamos aguardando que o Nellson apresente sua carta de recomendação como monge – uma vez que tem afirmado em público e privado ser um monge budista, com ordenação na Índia6Embora o Nellson fotografe-se por todo lado, e tenha dezenas de fotos publicadas na internet no centro onde não pode mais entrar, não encontrei nenhuma foto dessa sua viagem a Índia. É bem possivel que ele não tenha ido até lá sequer como turista..
Novamente, Nellson e seus admiradores têm a liberdade de expressar sua espiritualidade como bem quiserem, mas pessoas desavisadas e ignorantes que se aproximam dele podem tender a achar ele alguém especial apenas porque tirou certas fotos e usa certas roupas – porque faz cosplay de budista – e faz certas afirmações claramente mentirosas, como dizer que é monge. Ainda assim, esse comportamento é absolutamente inadequado. É totalmente absurda a afirmação de que ele teria recebido ordenação monástica. É absolutamente uma mentira. É notório para toda a comunidade budista (em particular do budismo tibetano, que é o budismo que ele ostenta) que Nellson Ribeiro não é nem nunca foi monge.
Na divulgação de um de seus "livros", ele atribui as seguintes palavras a um grande mestre budista:
“Com toda a humildade, rogo para que os leitores dos escritos do Padma Querido, [sic] possam reencontrar em cada palavra uma inspiração para desenvolver em suas vidas amor, bondade e compaixão... Trazendo com isto paz de espírito que é a chave da felicidade duradoura.” (Dzongzar Norbu K. Rinpoche [sic Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche, também conhecido como Khyentse Norbu.] Mestre Budhista [sic] e Cineasta)
Isso é normal? Isso é aceitável? Rinpoche nem conhece esse senhor. Ele jamais escreveria algo assim (além de que Rinpoche se expressa com um requinte artístico e intelectual elevadíssimos, bem ao contrário dessa pobreza léxica!). Rinpoche jamais escreveria uma resenha de um livro de uma pessoa como o Nellson. Ter que dizer isso chega a ser piada, mas o nível de ignorância das pessoas, e o grau de desfaçatez empregado são inacreditáveis.
Então é um dever de cada um de nós esclarecer, para quem quer que tenha conexão com esse senhor, que ele é conhecido na comunidade budista por fazer pose de budista, mas sem nenhuma qualificação reconhecida pela comunidade budista. Caso a pessoa, sabendo bem disso, sabendo que os budistas em geral não o conhecem, ou se o conhecem consideram sua atividade uma vergonha e uma exposição da tradição ao ridículo — a degradação do que consideram a coisa mais elevada em suas vidas na forma de um pastiche ignominioso —, e se essa pessoa ainda assim quiser seguí-lo e ouvir seus “ensinamentos” (uma colagem desordenada de absurdos e platitudes boazinhas, sem nenhuma similaridade com o darma, fora alguns termos esparçamente colocados, mal-utilizados e com erros ortográficos crasos), isso advém da própria livre consciência dessa pessoa. Não podemos fazer nada, e essa pessoa tem esse direito — tem pleno direto de achar muito bonito esse budismo ersatz, essa, na verdade, "espiritualidade universalista new age" mal-atada, sem nó nem cabeça, mero fruto da falta de noção e bazófia, vinda de um "professor" que abertamente mente a respeito de suas qualificações. Pelo menos não se pode dizer que uma pessoa sabendo desses fatos esteja sendo enganada.
Porém, na medida em que ele continuar posando do que não é, precisamos alertar desavisados e ignóbeis quanto a fatos notórios e de amplo conhecimento público. Isso é de fato um dever. Muitos dos asceclas desta pobre figura afirmam que isso é "problema dele", porém essa atitude passiva não é a ética budista. Na ética budista, precisamos ter compaixão e defender os seres perante quem está mentindo para eles para possivelmente obter vantagens (nem que seja apenas tomar seu tempo falando platitudes na posição de uma pessoa de respeito). A ideia de que um budista não agiria com intensidade perante uma injustiça que causa potencial grande sofrimento — tanto ao agente quanto a quem é enganado — é absurda. O praticante tem dever sim de se manifestar.
Além do mais, caso a pessoa esteja interessada no que a tradição budista tem a dizer, estes são professores e centros recomendados, e aqui um texto que explica como avaliar as qualificações de um professor antes de se tornar aluno.
Padma Dorje
(alguém que não é professor budista, muito menos monge ou mestre. Mas que também não é bobo e tenta ajudar os outros a não caírem em roubada.)
Porto Alegre, 8 de Outubro de 2017.
PS: Nellson, em vez de se retratar com uma carta pública, dizendo que não é monge, que não tem qualificações, resolveu dizer que eu o estaria caluniando. É fácil verificar, liguem para as autoridades budistas — liguem para os centros e perguntem. O mais curioso é que ele diz que eu sou “desocupado, desprezível, desequilibrado, drogado, psicopata, sociopata, um monstro, um vírus, idiota, covarde, vampiro, doente mental e jumento” (isso depois de "me perdoar"), mostrando que quem está sendo injuriado sou eu!7Seus "alunos" adicionaram "arrogante, prepotente, fofoqueiro, escroto, panaca". Uma atitude realmente “super sensata” de uma pessoa que está se passando por professor espiritual... agora, mostrar uma carta de recomendação, não. Mostrar evidências de que é o que diz ser, nem pensar... Claro, como vai mostrar que é monge, se não sabe nem o que é ser monge? “La garantia soy yo” nunca foi um critério muito bem considerado para qualquer área, porque no budismo e na espiritualidade de forma geral seria diferente?
PS2: Alguns seguidores do Nellson parecem achar que minhas qualificações espirituais (não tenho nenhuma)8Mais de uma das "alunas" do Nellson vieram me dizer que eu não sou um "verdadeiro Padma", e isso adivinho só pode vir do fato de que elas achem — quem será que lhes disse? — que um nome de refúgio implique alguma pretensão de qualificação; porém, um nome de refúgio é coisa que qualquer budista iniciante recebe, e no caso da nossa comunidade, todo mundo que fez um retiro introdutório e pediu um voto de refúgio recebe o nome "Padma", que significa lótus. O nome de refúgio não implica em nada qualificação. Que o Nellson tenha se aproveitado desse equívoco comum e nunca esclarecido que seu nome não implica que é alguém especial, é fácil entender em vista do presente caso. importem para esse texto. Não estou competindo com o Nellson ou o buscando substituir. Nem estou me promovendo com isso, da mesma forma que quando limpo a caixa de gordura do meu apartamento isso não é nada de se orgulhar, mas algo que precisa ser feito. A coisa aqui é muito simples, esse senhor está se passando por algo que não é. Isso pode ser facilmente verificado frente as autoridades do budismo (as pessoas responsáveis pelos vários centros budistas no Brasil e no mundo). Na verdade, isso é absolutamente notório e pode ser atestado por qualquer pessoa que não seja um simplório e conheça um mínimo de budismo. Eu só estou dando o recado.
PS3: Nellson diz só ter me visto uma vez e não me conhecer. Essa pessoa que me convidou a sua casa (eu fui!) e me chamava de mestre e professor, mas não aprendeu a única coisa que eu tenho a ensinar: quando alguém chama você de algo elevado que você não é, você nega! Você diz que não tem qualificações, quando não tem qualificações. É o mínimo! Você não deixa os outros acreditarem que você é alguma coisa especial, quando você de fato não é nada especial. Isso, esse pequeno detalhe que eu tive a oportunidade de ensinar a ele com cuidado, ele não aprendeu. Eu estava presente no primeiro retiro budista que o Nellson fez, em 2000 ou 2001. Também no evento em que ele deixou o colega na mão, que foi uns dois anos depois, e onde eu e várias pessoas já tentamos ser bem duros com ele por causa do seu completo desleixo e falta de consideração. Depois ele nunca mais fez evento budista nenhum, aparecendo apenas no final de alguns, em algumas atividades abertas a visitantes não budistas, para tirar fotos com os lamas. Num desses eventos eu estava trabalhando na segurança em 2010 (2000 pessoas visitando o centro demandam que haja praticantes fazendo trabalho na segurança), lhe disse que se continuasse agindo assim, sem dúvida iria acabar no inferno — o que é uma advertência compassiva, na visão budista — para a pessoa mudar de atitude e evitar esse fim tão terrível. No ano seguinte a entrada dele passou a ser bloqueada nesse centro budista. Ele não pode entrar nem mesmo como turista (repito, ele só entrou como turista, para tirar fotos, não como participante, desde 2001 ou 2002). Enquanto voluntários no centro, ficávamos só olhando ele na internet, pasmos, na secretaria do centro, e ouvindo histórias uma mais escabrosa do que a outra sobre esse homem agindo como se fosse alguém no budismo.
PS3: Nellson disse que o chamei de Hitler e Jim Jones. Não é verdade. A filha dele me interpelou para dizer que ele era uma pessoa boa, que fazia coisas boas, e eu argumentei na hipérbole: até Hitler gostava de cachorros e era vegetariano. Mentir sobre ser monge é errado independente dele ter algumas qualidades humanas usuais, ou parecer ser uma pessoa boazinha. Aliás, isso faz parte da máscara budista que ele ostenta, preenchendo as expectativas estereotipadas das pessoas com relação ao que significa ser um monge budista! Da mesma forma, grandes corruptos e mafiosos ajudam as pessoas e são tidos com grande respeito, enquanto praticam crimes inenarráveis na surdina — os exemplos são muitos: o traficante Pablo Escobar ajudava os pobres e era bem quisto pela população pobre enquanto colocava bombas em aviões e matava dezenas de pessoas inocentes. Quanto ao Jim Jones, o nome dele está neste texto para explicar que o budismo não é casa da mãe Joana: existem critérios e certificados para evitar na medida do possível mestres falsos extremos como ele. É absolutamente imprescindível ter esse cuidado. Mas mestres falsos (que se fazem passar pelo que não são) menos extremos, tais como o Nellson — que possivelmente não levarão os outros ao suicídio ou ao crime, só à mediocridade e bobagem, e podem ser, no mínimo, uma grande perda de tempo. Em todos os casos, é dever de qualquer pessoa idônea denunciar quando alguém estiver posando do que não é.
PS4: Nellson se coloca na posição do Buda sendo atacado pelos maras, antes da iluminação. Quem sabe, para começar, deveria deixar de ser ele mesmo um mara, que tenta destruir o budismo ao se apresentar falsamente como um representante do Buda? Ou pessoas que se dizem monges sem sê-lo não seriam os verdadeiros inimigos do darma? Os verdadeiros piores maras desse mundo? (Posteriormente, não contente em se colocar na posição de buda, se colocou como cristo também.)
PS5: Nellson inventa que eu e outras pessoas estaríamos fazendo declarações absurdas, como a de que ele é um milionário com seguidores nos EUA. Não acho que Nellson tenha chegado alguma vez na vida a sair deste continente: e ele só engana pessoas no escopo muito limitado do sul do Rio Grande do Sul, bem como em uma ou outra ocasião na cidade de Caxias do Sul ou Canela. Tendo ido uma vez a Brasília como "monge budista". Nellson está tentando uma campanha de desinformação contra as acusações muito objetivas aqui descritas. Nos EUA, devido ao tempo que o Budismo já está por lá e a relativa maior educação da população que se interessa por budismo, até mesmo os charlatões são muito mais sofisticados do que o Nellson.
PS6: O círculo interno de meia dúzia de pessoas que ainda apoia Nellson claramente sabe que ele não é monge, mas o ajuda a esconder esta denúncia de outras pessoas. São, portanto, coadjuvantes de sua mentira e corrupção.
PS7: Nellson, ao ser perguntado diretamente sobre a questão, implicou em seu Facebook que é "autoautorizado" (ou seja, disse que "não é monge"; ser monge no budismo significa tomar 253 votos perante a comunidade budista, e em particular, outros monges completamente ordenados — não existe a noção de monge "autoautorizado"), ademais, ele critica a religião organizada. Então, porque ostenta os símbolos da religião organizada e usa as palavras que podem levar a alguém acreditar que ele tem respeitabilidade entre pessoas que entendem do assunto e participam da tradição? Quer comer o bolo e guardar para depois? Quer dizer que é amigo e aluno de grandes mestres budistas que nem o conhecem, mas ao mesmo tempo diz que a estrutura da religião não serve para nada? Quer ostentar as roupas e títulos da religião organizada, atrair pessoas incautas com isso, mas seguir afirmando que despreza o respaldo institucional? Além das críticas já feitas, é contraditório! Não é pouco mentir e posar por tanto tempo, ainda tem que seguir enganando com evasivas após ser confrontado? Quem acha isso razoável tem também, juntamente com o Nellson, um claro problema ético.
PS8: Em postagem recente, Nellson reitera várias abobrinhas: "Estou um Monge, sem tradição." Isto não existe. A pessoa que se intitula "monge" implica uma participação institucional, as pessoas acreditam nessa participação institucional — de fato as pessoas de modo geral acham que o monge é um sacerdote ou professor budista, e nem toda tradição budista coloca assim. Nem todo monge é professor do darma. Porém, para ser monge, é necessário tomar os votos formalmente, em cerimônia pública, com a presença de cinco monges completamente ordenados. É preciso conhecer e entender os votos, e passar um tempo como monge noviço (com menos votos). Nellson não conhece nada disso, nem mesmo de livro.
Não existe "monge" fora de uma instituição que sustenta uma ordem monástica desde o Buda. Se uma pessoa não tomou os votos e não recebeu ordenação monástica de sanga ordenada, ela não pode se dizer um monge. Isso é simplesmente uma mentira. Ele fala também de onde vem sua renda, de venda de livros e "Mais a colaboração de amigos nes (sic) palestras, Workshop, sobre meditação e outros temas". Se as pessoas estão dando dinheiro a ele achando que ele é monge budista... isso é um grande problema realmente. Na verdade, isso vale para monges cristãos: ser monge significa pertencer a uma ordem, e normalmente significa morar numa comunidade com claustros. Algumas tradições budistas usam a palavra "monge" para descrever um professor, outras para descrever um "bhikshu". Em ambos os casos, a ordenação é pública e implica pertencimento a uma ordem. Se ele diz não pertencer, ele diz não ser monge. Se ele quer não pertencer e se dizer monge, isso é só cosplay.
"Através do estudo do caminho de Shanthiveva (sic, Shantideva) (1999/2001/2013) (sic, 2001, 2003, 2004) Ministrado por Dzongsar Nurbu (sic Jamyang) Khyentse Rinpoche (sic também chamado de Khyentse Norbu: ele mistura os nomes do professor que diz respeitar e conhecer) "... Esse estudo e a tomada de votos de bodisatva não torna ninguém um monge, muito menos torna alguém qualificado para ensinar o darma ou posar de professor. Nellson apenas participou do evento de 3 dias, no ano de 2003, com mais 300 pessoas. Dentre essas pessoas nem uma delas se diz monge. Nenhuma, nem mesmo os professores do darma, que em sua maioria são casados, inclusive o próprio Rinpoche.
Nellson deve totalizar uns 10 dias de "aprendizado budista" em sua vida toda. Dezenas de milhares de pessoas, ou centenas de milhares, tomaram votos de bodisatva, e nenhuma delas se diz monge ou professor por causa disso. Eu mesmo tomei esses votos formalmente mais de 50 vezes, na presença de grandes mestres. Uma coisa simplesmente não tem nada a ver com a outra. E também tomar o voto de bodisatva não torna a pessoa um bodisatva, só diz que a pessoa quer ser um bodisatva. Se dizer um bodisatva, mesmo sendo, é arriscadíssimo. Grandes professores não ousam se dizer bodisatvas. Dizer que é, sem ser, é causa dos piores infernos, porque é implicar para si um elevado grau de realização espiritual, o pior tipo de mentira.
"Eles vão ver e se postar (sic, prostrar) a sua roupa, não a você." Caso as pessoas acreditem que você tem qualquer qualidade especial pelo modo que você se apresenta, inclusive roupas, você está mentindo. Além disso, as pessoas presumem que você tenha vínculo institucional e que seja respeitado pelos outros budistas. Nellson não é respeitado por nenhum budista.
"O hábito faz o Monge, diz o ditado popular", o ditado popular é o contrário, "o hábito não faz o monge", isto é, aparências enganam. "Já imaginaram um padre realizando um casamento de bermuda e camiseta regata?" A comparação aqui é de uma desfaçatez absurda, uma vez que Nellson não é o equivalente a um padre, nem é autorizado a casar ninguém, ou conceder qualquer ensinamento ou voto budista. De fato, um padre pode casar as pessoas vestido como quiser, se elas aceitarem. E se ele é um padre, não interessa que roupa ele usa, o casamento será válido segundo a Igreja. Já se uma pessoa que se faz passar por padre casa alguém, então o que dizemos desse casamento, que já começa em fraude?
O sujeito coloca uma roupa, vai posando, as pessoas acreditam, e quando você diz "você está posando de algo que não é" a resposta: "bom, eu uso a fantasia, portanto eu sou"? Então põe a fantasia de Super-homem e pula por uma janela! Se voar, tá tudo ótimo. Porém, se você não veio de outro planeta e não sabe como voar, vestir a roupa de Super-homem e se dizer Super-homem é simplesmente ridículo. Se você acredita que é o Super-homem, é caso de internação. Porém aqui o Nellson sabe muito bem que não tem nenhum reconhecimento por parte do budismo.
O único "super-poder" de um monge é pertencer a uma ordem.
Repare uma história assim: o sujeito aparece de batina, "sabe, eu sou padre".
"Você fez seminário?"
"Não".
"Você tem autorização do Vaticano?"
"Não".
"Você tem autorização da diocese, do bispo, de outro padre?"
"Não."
"Você foi ordenado por alguém?"
"Olha, de vez em quando eu digo que fui ordenado pelo Papa, outras vezes digo que me auto-ordenei."
"Mas você conhece o Papa?"
"Uma vez recebi uma bênção em público."
"Então você não é padre!"
"Mas eu já celebrei casamento! Padre é assim, você diz que é, coloca uma roupa, e quem disser o oposto, você diz que é um 'estado de ser'".
Nossa, que tenha gente que caia nisso... me impressiona um pouco sim.
"Um Budha (sic), um Cristo, um amigo... Um Monge.... Um Bodhisattva... É um estado de ser". A pessoa pode se dizer o unicórnio que faz cocô cor-de-rosa, mas ela não é algo apenas por se dizer algo. Experimenta se dizer o Bill Gates no caixa do banco e tentar sacar um bilhão de dólares... Particularmente, ela não é um monge apenas porque decidiu se autodenominar monge. Monge significa um reconhecimento por parte da comunidade budista. Existe uma tradição que se preocupa quando as pessoas estão posando como um membro respeitado dela e falando as maiores bobagens. A pessoa está ultrajando exatamente aquilo que mais respeitamos.
"Sou responsável pelo meu KARMA (sic). E, POR TODOS QUE UM DIA POSSA PREJUDICAR." O budismo não ensina que se uma pessoa está cometendo desvirtude, você deva simplesmente passivamente deixar ela trucidar e estuprar os outros. É compassivo e ético tentar impedir, em um caso grave de violência, até mesmo tirando uma vida com fins de defender os outros. Da mesma forma, menos intensamente, se uma pessoa engana, passa a perna, passa lorota, enrola, ludibria, se faz, e com isso leva pessoas a acreditar que é alguém no budismo, quando não é, é o dever ético de cada um deixar isso claro. Sim, nós não poderemos ir para o inferno no lugar do Nellson, mas devemos fazer tudo para que ele se dê conta de sua atrocidade, e para que outras pessoas não se deixem levar pela falsidade. Isso é o compassivo e ético a fazer.
PS9: Nellson diz que o estou atacando, mas que a atitude budista correta seria perdoar. Não o estou atacando, estou o admoestando com objetido de seu próprio benefício e em beneficio das pessoas que ele prejudica. Também no budismo não existe conceito de perdão, que é um conceito cristão. Quem perdoa, no cristianismo, é Deus — não é para os seres humanos a atividade de julgar e perdoar. Já no budismo, não existe nem mesmo o conceito de perdão, já que não há Deus. Se uma pessoa comete negatividade, tentamos ajudar. Para ajudar pode muito bem ser necessário ser desagradável. Como o agente é plenamente responsável por suas ações, não há julgamento e perdão, apenas ação benéfica. No caso, perdoar alguém que age negativamente é manter um ego que perdoa e um ser que age negativamente em mente, o que não é a prática budista. Esclarecer as pessoas quando elas estao sendo ludibriadas é uma ação meritória, inclusive para quem está cometando a ação errônea de ludibriar, porque ele tem mais uma oportunidade de perceber que está agindo negativamente e assim corrigir seu curso. Nellson não demonstra conhecer o mínimo da tradição que supostamente "ensina", e além disso, quando usa terminologia da tradição cristã, também o faz de forma escandalosa. Mas para alguém que se diz "um cristo", não poderia ser muito diferente, não é mesmo? E não, não é insanidade, é apenas enrolação e a mente confusa tentando justificar suas próprias ações errôneas. Como quando alguém trai o cônjuge e nega até o fim, e inventa mais mentiras para não assumir o que fez.
PS10: E-mail de 28 de agosto de 2018, para uma figura do budismo brasileiro que me a repassou, a reproduzo com todas as idiossincrasias ortográficas:
Querido amigo [...], perdão mas não sei escrever te nome [...] atua, desculpe.
Soube de tuas vinda a Pelotas, infelizmente não estava presente..estava viajando e fazendo paletas , de auto ajuda. lançando meus livros,e tentando levar o amor aos seres. por conta de um grupo esotérico chamado: "Nacion Pachamama"
[...]
Querido amigo deves ter sabido , por fui , e vários amigos do Facebook, e demais redes sociais vitima de injurias , calunias e difamação de parte do nosso "amigo-Padma Dorge-Eduardo Pinheiro. Foi horrível e muito triste ,mas passou.Estamos com um processo difamatório art:132- 134 136...Bueno entreguei aos amados Budhas. No fim vai dar tudo certo...com certeza.
Amigo, o motivo maior deste imail..È saber noticias tuas, te desejar todo o bem do mundo.Namaste.
Ps: Uma duvida....a muito tempo passado conversando com você...sobre os "Votos monásticos" Como não tinha que ordenasse no Brasil. O devoto que deseja-se com muito amor seguir esta caminhada devocional,,,cumprindo os Preceitos e votos obrigadoras,sem participar de ordem, ou grupo, tradição.Bastava "Se auto Ordenar" e cumprir os preceitos com devoção servindo os seres.\existe esta possibilidade?
Desde já agradecido.
Om guru deva.
Espero revelo em breve.
Padma Querido
1. ^ Qualquer um pode usar trajes budistas, isso não requer uma autorização especial. No entanto, caso as pessoas comecem a acreditar que você é alguma coisa pelos trajes que usa, isso é gravíssimo. Nellson comprou seus trajes numa loja budista, que os vende para qualquer um. Ou os mandou fazer.
2. ^ Nellson em muitos de seus extensos materiais de divulgação se diz um "monge bodisatva". Os maiores mestres budistas de todos os tempos evitam se referir a si próprios como bodisatvas, porque isso implica um grau de santidade tão alto, que em seu nível mais baixo implica ser capaz de entregar o próprio corpo sem hesitação como alimento para um animal faminto. A palavra "bodisatva" não é vista no material de divulgação de nenhum professor budista na atualidade se referindo a si próprio. Quando perguntado sobre quando foi "ordenado monge", diz que "tomou os votos de Shantideva" com Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche "em 2003". Tomar votos de bodisatva, se é que os tomou mesmo nessa ocasião, não faz de ninguém um bodisatva, muito menos um monge. Todas as iniciações vajrayana contém esses votos. Todos os praticantes que fizeram pelo menos uma iniciação, isto é, basicamente todos os praticantes do vajrayana, têm esses votos. Não correspondem ao título de monge, muito menos fazem com que alguém possa se dizer um bodisatva.
3. ^ O fato da pessoa misturar os nomes já indica certa falta de seriedade. Se a pessoa é qualquer coisa, ela muito provavelmente não é nenhuma coisa.
4. ^ Exploração financeira não parece ser o ponto principal para Nellson, embora ele também possa ter essa intenção, isso provavelmente não se frutifica: na região de Pelotas não é fácil nem mesmo para professores legítimos angariarem fundos. O ponto principal para Nellson parece ser obter popularidade.
5. ^ Um de seus seguidores afirmou com certo vigor que ele teria “estudado” junto com um conhecido lama brasileiro — Nellson devia estar se referindo aos dois retiros de fim de semana que fez, mas fora de contexto: “estudar” na mente das pessoas significa receber uma qualificação. Nellson é sem dúvida hábil em usar esses meios entendimentos para fim de seu próprio autoengrandencimento.
6. ^ Embora o Nellson fotografe-se por todo lado, e tenha dezenas de fotos publicadas na internet no centro onde não pode mais entrar, não encontrei nenhuma foto dessa sua viagem a Índia. É bem possivel que ele não tenha ido até lá sequer como turista.
7. ^ Seus "alunos" adicionaram "arrogante, prepotente, fofoqueiro, escroto, panaca".
8. ^ Mais de uma das "alunas" do Nellson vieram me dizer que eu não sou um "verdadeiro Padma", e isso adivinho só pode vir do fato de que elas achem — quem será que lhes disse? — que um nome de refúgio implique alguma pretensão de qualificação; porém, um nome de refúgio é coisa que qualquer budista iniciante recebe, e no caso da nossa comunidade, todo mundo que fez um retiro introdutório e pediu um voto de refúgio recebe o nome "Padma", que significa lótus. O nome de refúgio não implica em nada qualificação. Que o Nellson tenha se aproveitado desse equívoco comum e nunca esclarecido que seu nome não implica que é alguém especial, é fácil entender em vista do presente caso.
Livros sobre ativismo e política que recomendo
Alguns dos livros que acho importantes para entender o mundo de hoje.
O que é “realização” no budismo?
Uma discussão sobre a tradução do termo, e sobre as várias ideias de realização no budismo vajrayana, em termos tais como siddhi, sadhana, druptchen, e mendrup.
O uso do termo “oriental”: o politicamente correto e o budismo
Por que evitar certas terminologias ao se referir ao estudo acadêmico do budismo e outros pensamentos asiáticos ou do mundo semita?
Grupo de Whatasapp (apenas anúncios)
todo conteúdo, design e programação por Eduardo Pinheiro, 2003-2024
(exceto onde esteja explicitamente indicado de outra forma)