Cruzando para a Outra Margem
Dakinis são energias iluminadas femininas que são personificadas como deidades. Aparecendo numa infinidade de formas, são algumas vezes chamadas "dançarinas celestes", pois representam a dança desinibida da atenção desperta na expansão radiante vasta como o céu da vacuidade. Vajra Ioguine é a rainha das dakinis.
UM DIA, DOIS MONGES TIBETANOS que estavam em peregrinação chegaram a um rio turbulento. Nas margens estava uma horrenda velha leprosa esmolando.
Quando os monges aproximaram-se, ela pediu ao par de sacerdotes para ajudá-la a cruzar o rio. Um monge sentiu uma repulsa instintiva. Arrogantemente, ele arregaçou seus flutuantes robes monásticos e caminhou sozinho para as águas. Já no outro lado, ele impaciente perguntou-se se devia esperar por seu demorado amigo. Teria ele abandonado a leprosa, ou viria com ela?
O segundo monge entristeceu-se pela feia senhora deficiente; a compaixão desabrochou espontaneamente em seu coração. Ele acomodou gentilmente a criatura leprosa em suas costas, então, com dificuldade, pôs-se a atravessar a forte corrente.
Uma coisa surpreendente então aconteceu. No meio do rio, onde parecia ser a parte mais difícil da travessia, com água lodosa borbulhando na altura de suas coxas e com as pesadas roupas de lã encharcadas sendo puxadas pela corrente, o bom monge repentina e miraculosamente sentiu o peso ser retirado de sobre suas costas. Ao olhar para cima, ele viu a deidade de sabedoria Vajra Ioguine flutuando graciosamente sobre ele, resgatando-o para o paraíso de dakini onde ela reinava.
O primeiro monge, bastante chocado — tendo sido diretamente instruído tanto na natureza da compaixão quanto da forma ilusória — teve que continuar sua peregrinação sozinho.
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