O Hedonista da Realeza
No mais rápido dos Quatro Estados Incomensuráveis
Um rei iogue reina como um leão da neve.
O leão é coroado com as cinco mechas da sua juba de turquesa;
A coroa do iogue é a insígnia quíntupla do estado desperto.
As dez presas do leão rasgam a carne do boi até os ossos;
As dez perfeições de iogue cortam as emoções negativas.
Com essa realização, Lilapa atingiu a liberdade.
Reclinado em seu trono de leão certo dia, um rei do sul da Índia recebeu a visita de um sábio iogue. O rei se compadeceu do iogue. “Que grande sofrimento você deve passar a vagar de país em país nesse seu estado miserável,” disse o rei.
“Não sofro de forma alguma,” respondeu o iogue. “Quem é merecedor de compaixão é você.”
“Porque diz isso?” Retruca o rei, muito surpreendido.
“Você vive com pavor de perder o reino, e cheio de medo de enfrentar a raiva do seu séquito. É assim que sofre. Enquanto eu não me queimaria nem que pulasse no fogo; não morreria nem se tomasse veneno; estou livre do sofrimento até mesmo de velhice e morte. Possuo o segredo alquímico da imortalidade.”
O rei ficou profundamente impressionado pelo iogue, e com essa fé conquistada, ele disse, “Obviamente para mim me seria impossível copiar o seu estilo de vida itinerante, mas se for possível que eu pratique sentado no meu trono aqui no palácio, eu imploro, por favor, conceda-me as instruções necessárias.”
O rei se prostrou em súplica humilde, e o iogue concedeu o seu pedido. O rei recebeu iniciação da deidade Hevajra e instruções sobre a prática de meditação em Hevajra, e então ele entrou num estado de absorção meditativa unifocado.
A partir daí o rei meditou no seu trono de leão, reclinado em almofadas de seda, cercado de rainhas e ministros, e sendo entretido pelos músicos da corte, que tocavam uma variedade de instrumentos. Ele tornou-se conhecido como Lilapa devido a sua evidente apreciação pelos prazeres sensoriais e pelo seu fascínio pela beleza.
A instrução de meditação de Lilapa era a concentração inabalável sobre o anel que usava na mão direita. Depois de estabilizar esta concentração, ele passou a visualizar Hevajra cercado do seu séquito de deidades dentro do anel. Quando ele conseguiu estabilizar esta visualização, através da unificação do estágio do desenvolvimento com o estágio da consumação, a realização brotou espontaneamente. Com o surgimento dessa sabedoria ele atingiu o poder e realização de Mahamudra, bem como muitas outras qualidades, tais como poderes místicos.
A história de Lilapa demonstra que quando a instrução do Guru e a aspiração bem motivada e propensão cármica do discípulo se encontram, não há necessidade de renunciar ao deleite dos prazeres sensoriais para atingir a liberação. Lilapa se tornou conhecido no mundo todo pelos seus maravilhosos atos altruístas, e então finalmente atingiu a liberação última no reino puro das Dakinis.
Traduzido por Padma Dorje em 2010, a partir de Masters of Mahamudra e Legends of the Mahasiddhas: Lives of the Tantric Masters, de Keith Dowman, Buddha's Lions: The Lives of the Eighty-Four Siddhas, de Abhayadatta, traduzido por James B. Robinson e Empowered Masters, de Ulrich Von Schroeder. Por favor envie sugestões e correções para padma.dorje@gmail.com. [datademodificacao]
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