46. Jalandhara
O escolhido
Permita que as bênçãos surjam em seu interior
Reunindo cada pensamento, cada conceito
dos reinos do desejo, da forma e da não forma
na totalidade esclarecida do corpo, fala e mente:
O corpo das aparências
A fala da vibração e da forma pura
A mente da cognição desnuda.
Ate-as nos três canais internos:
A subjetividade do lalana masculino
A objetividade do rasana feminino
Que se esvaziam no avadhuti, a mente que engloba tudo
Jalandhara era um brâmane que vivia na cidade de Turkhara. Ele era um homem de grande espiritualidade, e quanto mais sua consciência se refinava, mais ele ficava enojado pelo que via a seu redor. Um dia ele se desfez de seu cotidiano e de todas as posses, e foi viver num campo de cremação. Lá ele sentou sob uma árvore com ampla sombra e começou a meditar. Logo se encontrou absorvido num estado de bem-aventurança no qual ouviu uma voz vinda do céu, uma dakini se dirigindo a ele.
“Filho de nobres qualidades”, disse uma voz de indescritível doçura, “que você venha a conhecer a verdade absoluta”.
Jalandhara ficou extremamente feliz. Dia após dia ele rezava para sua dakini-guru, até que ela se manifestou perante seus olhos sonhadores. Ela lhe concedeu a iniciação de Hevajra, e então instruções sobre a meditação do estágio da consumação:
“Reúna todas as percepções – os fenômenos internos e externos, os três reinos, o mundo das aparências e possibilidades. Os deposite sobre os planos sutis do corpo, fala e mente.
“Em seguida, esvazie todas as ideias, todos os construtos mentais que dizem respeito a corpo, fala e mente nas energias sutis dos canais psíquicos masculino e feminino, lalana e rasana. Então vá além até mesmo dessa dualidade sutil para a espinha dorsal de energia psíquica, a consciência desnuda do avadhuti. Ejete todos os restos gastos de sua percepção comum pelo portão da pureza, na abertura de Brahma na coroa de sua cabeça.
“Daquele momento em diante, medite apenas na indivisibilidade de aparências e vacuidade.” E então ela recitou estes versos a Jalandhara:
Quando todos os pensamentos sobre a realidade
Foram reunidos em corpo, fala e mente,
Quando os fluxos branco e vermelho de lalana e rasana
Se esvaíram na pureza do avadhuti,
Quando todos os restos foram ejetados
Pelo coração da lótus de mil pétalas,
Então, no espaço que é pura ioga,
Saiba que a vacuidade é o prazer mais sublime.
Tente sustentar a união inseparável
De prazer puro com a vacuidade
Jalandhara meditou por sete anos de acordo com as instruções que recebeu de sua professora dakini. Enfim, ele atingiu o siddhi do mahamudra. Muitos anos mais tarde, após trabalhar altruisticamente por incontáveis seres, ele seguiu, em seu próprio corpo, para o paraíso das Dakinis, seguido de trezentos discípulos.
Traduzido por Padma Dorje em 2017, a partir de Masters of Mahamudra e Legends of the Mahasiddhas: Lives of the Tantric Masters, de Keith Dowman, Buddha's Lions: The Lives of the Eighty-Four Siddhas, de Abhayadatta, traduzido por James B. Robinson e Empowered Masters, de Ulrich Von Schroeder. Por favor envie sugestões e correções para padma.dorje@gmail.com. 02/07/24
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