29. Kankana
O Siddha Rei
A joia dos desejos da realização
Ao emanar a radiância da experiência máxima
Concede todos os desejos por meio de sua atividade mágica.
Aquele que conhece o sabor único sabor está saciado.
O rei de Viypunagar governava um reino próspero, e assim desfrutava das riquezas da terra e usufruia bem do que quer que quisesse. Um dia, um iogue realizado lhe pedindo esmolas, e o rei, magnanimamente, ofereceu-lhe comida e bolos, e recebeu em troca um conselho não solicitado.
“Sua Majestade, seu reino é insubstancial,” disse o iogue mendicante. O samsara é como uma roda de nascimentos, que inexoravelmente se seguem de velhice e morte; não importa onde se esteja, todos os reinos feitos de coisas compostas são insatisfatórios. Os tantos tipos de de sofrimento que eles podem preencher eras sem descanso. Até mesmo no reino dos deuses há a dor da transformação, e eles sofrem quando descobrem que morrerão em breve. Até mesmo o mesmo o grande monarca de um sistema-de-mundos pode ter um renascimento ruim, o que resta para alguém como você? As coisas desejáveis são enganosas e evaporam como o orvalho. Sua Majestade deveria ir além do apego e praticar uma sadhana.”
“Concordo com tudo que disse.” acenou o rei. “Se houver um método de praticar o darma que não me obrigue a abandonar as coisas que gosto, então me mostre. Se não houver tal método, bem, eu não conseguiria viver de esmolas e vestindo roupas remendadas,” disse o rei.
“Renunciar a tudo e viver como eu seria definitivamente o melhor,” insistiu o iogue. “Uma vida assim, de esmolas e remendos, seria sua melhor decisão.”
"A mera ideia de comer restos de comida em tigelas de crânio e vestir trapos me enoja”, disse o rei, virando a cabeça em desgosto.
O iogue resondeu: “Governando um reino com tanto orgulho, você certamente vivenciará a miséria de um destino ruim em uma vida futura. Eu encontrei um método que produz deleite inesgotável vivendo como vivo, e cada um de nós é um rei, em certo sentido.”
Ele continuou, “No entanto, eu possuo preceitos secretos que você pode praticar sem necessidade de renunciar ao seu modo de vida.”
O rei respondeu: “Bem, então, eu me comprometo a praticar esse darma. Por favor, bondoso professor, me conceda esse método.”
O iogue então instruiu o rei: “Sua Majestade, abandone o orgulho e apego a este bracelete reluzente em seu braço. Combine o desapego livre de desejo e o brilho das joias em uma só mente, e medite assim.” O iogue então deu ao rei as seguintes instruções:
Contemple a luz da joia no bracelete
E reconheça o deleite na natureza da própria mente.
Os muitos ornamentos a seu redor
refletem em muitas cores na joia,
mas a natureza dela segue imutável.
A infinita variedade das aparências
dá origem a muitas memórias e reflexões,
e a capacidade de radiância da mente é como a da joia.
O rei então direcionou a atenção ao bracelete em seu braço esquerdo e meditou. Ao vivenciar a iniciação na verdadeira natureza da mente por meio do prazer sensual no olhar, ele atingiu o siddhi em apenas seis meses. Depois disto, quando o séquito por acaso o espiou por uma fresta, ficaram maravilhados com o mestre sentado ao trono cercado de muitas deusas. Eles pediram instruções ao rei, e ele respondeu:
A realização da natureza da mente é o rei
O grande êxtase é o reino
O rei em seu reino é a consumação perfeita.
Pratiquem este sādhana se quiserem ser reis.
Ele assim concedeu ensinamentos à corte e a todos os diversos povos de Visnunagara, e passou a ser conhecido Kankanapa, “O iogue do bracelete". Após quinhentos anos, ele seguiu para o paraíso das Dakinis em seu próprio corpo.
Traduzido por Padma Dorje em 2024, a partir de Masters of Mahamudra e Legends of the Mahasiddhas: Lives of the Tantric Masters, de Keith Dowman, Buddha's Lions: The Lives of the Eighty-Four Siddhas, de Abhayadatta, traduzido por James B. Robinson, Empowered Masters, de Ulrich Von Schroeder e Seeing the Sacred in Samsara: An Illustrated Guide to the Eighty-Four Mahasiddhas, de Donald S. Lopez, Jr. Por favor envie sugestões e correções para padma.dorje@gmail.com. 23/09/24
Poderes milagrosos
Como o budismo lida com essa coisa de milagres ou poderes sobrenaturais? Tem isso no budismo?
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