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HomeBudismoArtigosPerguntas & Respostas7.3. Práticas do vajrayana

7.3. Práticas do vajrayana


O que é "realidade vajra"?

É natureza das coisas como elas são: luminosas e vazias. O que é vajra possui sete qualidades: inseparativo, indestrutível, verdadeiro, sólido, estável, totalmente inobstrutível, totalmente invencível.

O que é deidade?

É uma expressão das qualidades da natureza de Buda, que todos possuem.

Qual é o "nível de densidade" costumeiramente dado às deidades no vajrayana?

Elas são, como todos os fenômenos, 100% livres de substancialidade — como eu e você, elas são feitas de tecido de sonho.

O budismo crê na existência de "divindades iradas"? Ou elas são apenas representações?

Para uma coisa "existir" mesmo, ela não pode ser temporária. Tudo que é temporário, é como um sonho. Existir como sonhos, como nós e nossa realidade existem, sim. Na verdade as deidades iradas (e as pacíficas, e os budas e bodisatvas) são até um pouquinho mais existentes que nós, na medida em que nós estamos embasados em circunstâncias ainda mais frágeis. Nosso sono é um pouquinho mais leve, explode como uma bolha a qualquer momento. A compaixão (irada e pacífica) é um sonho mais estável.

Quantas entidades tem o budismo tibetano?

Não vejo usarem a palavra "entidade", porque são vazias e não existem inerentemente. Entidades poderiam ser os seres (entes) sencientes! Daí o número é grande.

Podemos meditar numa mandala de até em torno de 700 deidades. Mas cada detalhe de cada deidade é também uma deidade. Existe um número infindável de mandalas. As mandalas mais complexas não são necessariamente "mais avançadas".

Outra maneira de dizer é que, para cada ignorância existe um Buda, que é a sabedoria coemergente.

Eu posso me relacionar com a deidade, sem fazer práticas vajrayana tradicionais?
Você só precisa seguir a instrução do seu guru. Sem guru, não há nenhum contato possível com o yidam (deidade). Se ele disser que sim, então sim. Caso contrário, é claro que não.

Qual é a importância da meditação silenciosa (formal, na posição sentada) para o vajrayana?

Todas as práticas do vajrayana tem posturas (geralmente sentado, e basicamente imóvel), e o vajrayana inteiro é composto de práticas de vipassana. A prática em silêncio ocorre em vários momentos da sadhana de um praticante, particularmente após a dissolução, no estado de completude. Uma pessoa, tradicionalmente, deveria ter realizado o estado de shamata antes de praticar o vajrayana.

O que são exatamente as iniciações que os mestres dão? Isso é só no vajrayana? São transmissões da mente da deidade? Mas como se dá "de fato"?

Iniciações são estritamente do vajrayana. São transmissões do corpo, fala e mente da deidade, e autorização para fazer a prática que efetiva essa transmissão.

A transmissão se dá pela ressonância de nossa natureza de buda com a realização espiritual do professor, exatamente como ocorre com os sons (uma corda na mesma tensão vibra junto com outra que foi puxada, mesmo sem ter sido tocada). A inspiração dos mestres pode ser entendida pela metáfora da ressonância.

Há cerimônias em vários níveis de elaboração (de vários dias de duração a uns poucos instantes) acompanhando essa ressonância, na presença do guru. Também a prática de sadhana repete o processo de iniciação através de visualizações.

As práticas de visualização de deidades implicam algo parecido com o que comumente experimentamos ao imaginar um maçã, por exemplo, ou essas visualizações implicam enxergar de forma "sólida" e "real" as deidades como enxergamos os objetos durante a vigília?

Uma instrução chave da prática de visualização é exatamente o oposto: é preciso vê-las translúcidas, diáfanas e não de forma alguma sólidas, para evitar a reificação das aparências. Além disto é preciso frisar que as deidades não são de forma alguma reais, elas só são um pouco mais reais do que nós. Nós somos uma ilusão impura, e para contrabalançar os hábitos que produzem essa impureza, visualizamos uma ilusão pura. É essencial dissolver a deidade, demonstrando sua impermanência, ao final da sessão de prática (e algumas vezes ela ressurge, para evitar a reificação niilista).

No entanto, não é o mesmo que visualizar uma maçã. As deidades são visualizadas não como objetos inertes ou inanimados. Elas são visualizadas com o elã de estarem vivas, suas roupas balançam ao vento, por dizer assim, e suas expressões são de uma presença efetiva, e não de uma estátua. Esse é outro elemento crucial da visualização.

Além disso é preciso frisar: essa é uma prática do vajrayana, e é absolutamente impossível sem a iniciação conferida por um professor. É nessa cerimônia que o vínculo é criado com a forma particular que vai ser visualizada, e com as instruções específicas ligadas a prática particular que vai ser feita. Se a pessoa visualiza a deidade sem esse requisito, ela está praticando, no máximo, no melhor dos mundos, shamata com um objeto visualizado. Isto é, shamata impura. E se é para praticar shamata impura, que também deve ser praticada sob a orientação de um professor, melhor usar o objeto designado por ele.

Outra coisa importante: a visualização é no mais das vezes uma etapa de uma sadhana, isto é, a prática tem um contexto, e esse contexto tem uma explicação detalhada. Em particular todo o processo de surgimento da deidade envolve 3 samadhis meditativos que requerem instruções específicas. As inúmeras práticas meditativas preliminares a essa visualização, e posteriores a essa visualização, também são ensinadas em detalhes. Em geral elas envolvem a visualização de oferendas, tomada de votos, confissões, algumas vezes várias etapas e diferentes visualizações de recitação de mantra, e principalmente dedicação de méritos.

A recitação correta de um mantra que você não tem ideia do que signifique tem eficácia?

Tem algum benefício, mesmo quando não completamente correta, mas com boa motivação e pelo menos parcialmente correta. É impossível entender completamente tudo que está dito numa única sílaba de um mantra até a pessoa ser completamente iluminada. Até lá a pessoa gera interdependência com a fala dos praticantes do passado, em linhagem até os Budas. Mesmo um animal que ouça alguém recitando um mantra, numa vida humana futura ele pode, por exemplo, se ouvir novamente, achar bonita a melodia, evocativa de alguma forma estranha, e assim se conectar com os ensinamentos que podem, no mínimo, levar ele a uma vida virtuosa. Então há um mérito tremendo em criar essa interdependência auspiciosa com algo que deixas marcas tão profundas e benéficas como um mantra.

Há a história de um praticante que foi às lágrimas quando lembrou que ouviu pela primeira vez o Sutra do Coração da Sabedoria Transcendente enquanto era um escorpião próximo de alguns monges, algumas vidas atrás. Quando falamos assim, é fácil duvidar dessa história — mas quando essa pessoa já deu tantos exemplos de bondade e honestidade ao longo de trinta ou quarenta anos, e em vez de dizer "eu já era um grande ser algumas vidas atrás" ela, que nunca fala nada muito mágico, resolve dizer que foi apenas um inseto com algum bom mérito... nesse contexto, aí sim, você acredita e chora junto.

Como e porque os mantras são tão poderosos na prática budista ao pronunciados, mesmo que não entendamos nada?

Primeiro, há vários tipos de mantra. Os mantras que são acumulados em grande quantidade normalmente se referem ao ápice do estado do desenvolvimento — então eles não são recitados sem nenhum entendimento. Eles são a parte da fala ligada a uma prática que é feita em corpo e mente, e é descrita em detalhes, logo antes da recitação. Eles também são muitas vezes explicados em detalhe durante a cerimônia de iniciação ou durante a explicação da prática que normalmente se segue a essa cerimônia.

O benefício de alguém recitando um mantra fora do contexto de uma prática (sem saber a visualização, sem estar na postura, sem fazer dentro de uma prática completa, com início, meio e fim) e sem entender o que se está fazendo, é meramente o de criar uma interdependência com os praticantes do passado que recitaram aquele mantra, e porque não, com o próprio Buda representado por aquele mantra específico. Esse tipo de recitação, uma "mera recitação" não é totalmente sem valor por essa razão, mas algumas vezes se diz que é 1% a 10% do mérito e sabedoria gerados dentro do contexto de uma prática — e em geral esses mantras fora de contexto não devem ser contados no contexto de uma acumulação — a não ser que a pessoa tenha autorização específica do seu professor para tanto.

Outro aspecto importante dos mantras é que eles são "secretos", isto é, eles só são "entendidos" no contexto da iniciação e do relacionamento com um professor. De fato, a maioria dos mantras é secreta até no sentido de que ninguém fora de uma iniciação deve saber sobre eles. O vajrayana, além de tantrayana, é chamado também de yana do "mantra secreto".

A palavra "secreto" indica principalmente que a nossa natureza de Buda, totalmente presente desde o princípio, é secreta para nós mesmos. Revelar essa natureza é o objetivo do vajrayana, e o mantra não é uma afirmação ou uma sentença que possa efetivamente ser traduzida (embora explicações amplas possam ser dadas sobre cada sílaba), mas a própria expressão do "segredo" (nossa natureza de buda), em termos da fala. A mandala e os mudras são os segredos de mente e corpo, e essas próprias palavras são muito pouco entendidas — o nosso entendimento usual é um diagrama de certa simetria e gestos com a mão, mas elas vão muito além disso. Assim como "mantra".

Uma professora respeitadíssima da tradição vajrayana uma vez confidenciou que praticou por 22 anos antes de entender verdadeiramente o que o termo "mantra secreto" queria dizer.

No Mantra do Guru, cada sílaba corresponde a um dos Budas das Cinco Famílias? Você pode dizer qual sílaba está associada com cada Buda?

OM AH HUM é a essência do corpo, fala e mente iluminados.

VAJRA é a essência da família Vajra (Akshobya, azul).

GURU é a essência da família Ratna (Ratnasambava, amarelo).

PADMA é a essência da família Padma (Amitaba, vermelho).

SIDDHI é a essência da família Karma (Amogasidi, verde).

HUNG é a essência da família Buddha (Vairochana, branco).

Qual é a função do mala, o colar de contas, no budismo? Usa-se no pescoço ou no braço?

Contar o número de recitações, ou prostrações. Qualquer lugar acima da cintura é ok para usar o mala.

O que são mudras e para que servem?

A palavra "mudra", como muitas outras no vajrayana, aprende-se no contexto sagrado do samaya. Mudra é um gesto, como o gesto de um Buda ao dar ensinamentos. A prática do vajrayana consiste em mudra, mantra e samadhi, isto é, o corpo, fala e mente do Buda. Sua postura (tanto física como sua "postura", figurativo; sua energia, compaixão, o seu "elã", sua "fala", sua expressividade; e sua mente, sua realidade. Essas são as três mandalas. Ao reconhecermos nossas próprias três mandalas como inseparáveis das do guru, do deva e dakini, enfim, do Buda, efetuamos a prática do vajrayana.

Mudra também é a consorte, ou o "selo" de vacuidade em todos os fenômenos, isto é, qual é além da manifestação, a aparência, a verdadeira natureza, a verdadeira postura do fenômeno? O fato de que é "como um sonho", insubstancial, isto é, a ausência de uma essência. A ausência de uma essência na expressão, que ainda assim acontece, é o "mudra" dessa expressão, isto é, seu "gesto", sua "intenção" última. Enfim, sentidos vastos a se aprender ao longo de um relacionamento profundo com a sanga vajra.

Existe algum mudra que beneficie a cura e a cicatrização?

Os mudras são feitos no contexto da prática. A prática é feita em corpo, fala e mente. Há práticas de cura, mas é preciso executar toda a prática no contexto de uma sadhana, com mudra, mantra e samadhi — o que corresponde as atividades de corpo fala e mente. Você pode aprender uma prática assim de um professor qualificado, ou você pode pedir a ele, ou a todo um grupo de praticantes, que faça a prática em benefício do doente.

Num centro de darma Vajraiana há estudos em grupo de livros ou textos dos mestres ou há somente os pujas?

Depende do centro. Mas em geral há estudo também.

O que são sadhanas?

Sadhana é o método para atingir a realização, isto é, as instruções do guru. No vajrayana, ao nos relacionarmos com o guru, transformamos nossa vida numa sadhana. São também os textos em que roteiros de meditação vajrayana são anotados.

O que é exatamente a "prática de sadhana"? É a recitação das sadhanas em tibetano? É o estudo das sadhanas (sutras?) em Português? São os pujas?
Podem ser pujas, ou podem ser práticas mais informais — pujas podem ser ou não práticas com sadhanas — um puja é uma recitação em grupo, com tomada de votos e oferendas. Não é o estudo de sutras ou das próprias sadhanas, mas a prática das últimas. Essa prática pode ser em qualquer língua, desde que a pessoa entenda o que está fazendo, e em geral se pode usar alguns elementos ou todos na língua original, porque há bênçãos das outras pessoas que já praticaram aquela sadhana naquela língua. Um dia as sadhanas recitadas vão ter essas bênçãos em português, mas isso pode levar algumas centenas de anos.

Sadhana significa um método para atingir a realização, isto é, o roteiro que o seu professor prescreve. Muitas vezes esses roteiros são anotados, e assim viram sadhanas-texto. Mas o objetivo do vajrayana é fazer da vida do praticante uma sadhana, isto é, tudo que ele faz deve ser na direção da realização última. Por isso sadhana funciona tanto no sentido do texto quanto no sentido das ações da vida do praticante de acordo com o guru e a linhagem. A sadhana em formato de texto é apenas um formato para nós que muitas vezes precisamos desses roteiros devidamente anotados, e precisamos de uma prática formal.

Normalmente a prática de sadhana só ocorre depois que a pessoa recebeu a iniciação e a transmissão oral da prática. Também instruções sobre o que cada sessão da prática significa, e como lidar com dificuldades comuns. Então a pessoa se engaja na prática, e em particular na acumulação de mantra no contexto dessa sadhana, e enfim, vez que outra procura o guru para sanar dúvidas.

O que muitas vezes ocorre é que as práticas em grupo se tornam uma maneira de manter a linhagem, mas não são fáceis para o praticante iniciante — são feitas muito rapidamente, sem tempo para cada etapa ser efetivamente meditada de acordo com a instrução (se é que estamos cientes do que estamos recitando, de tão rápido que é!). Então o praticante precisa, além de fazer a prática em grupo, fazer a prática solitária, no seu tempo, de forma a entender o que está fazendo. A crítica comum das pessoas que iniciam nos pujas em centros de darma vajrayana é que vira uma "mera recitação" ou um "mero ritual" — e de fato, na velocidade que é feito, fica difícil praticar. Porém a prática em grupo tem essa função de manter a linhagem, em particular a linhagem externa do canto, dos instrumentos e assim por diante. Se não for feito com certa velocidade, então fica mais difícil as pessoas participarem, e várias práticas serem mantidas. A linhagem interna é mantida na prática solitária, e particularmente em retiro, porque o nível de dedicação necessário para realizar uma sadhana é bastante elevado — depende um pouco da sadhana. Mas há benefícios no mero recitar, e há também benefícios na prática de sadhana sem tanta intensidade, desde que regular.

No livro "Além do Materialismo Espiritual", Trungpa Rinpoche associa os Budas às cores de forma diferente (a sua é igual a de Thrangu Rinpoche em "The Five Buddha Families"). Para Trungpa, Vajra é branco e Buddha é azul. Porque há essa diferença?

Isso realmente varia de acordo com a mandala específica a qual se é apresentado. Você usa aquela em que seu guru o iniciou.

O que é uma mandala, e qual a importância dela para o budismo?

Mandala é um termo de difícil explicação. O mais comum é a pessoa se referir aos diagramas, que são representações simbólicas da mandala e também chamados de mandala. (Da mesma forma que nos referimos ao cavalo de um tabuleiro de xadrez com o nome "cavalo").

Uma forma de falar da mandala é como uma estratégia militar para efetuar atividade iluminada. Há um general, há os subalternos de todos os tipos, elementos com qualidades diversas interagindo e se complementando. Isso funciona no nível externo, da comunidade de praticantes, no nível interno, do funcionamento do corpo, e no nível secreto, na operação da mente.

Também podemos falar dela como um grupo de deidades, com uma deidade central e o séquito, usufruindo do estado desperto e efetivando atividade iluminada. Esse grupo de deidades pode ser um grupo de seres, mas também um grupo de fenômenos, tais como o sentidos físicos, que operam em conjunto e complementam uns aos outros.

Ela pode ser simbolicamente representada de diversas formas, como um desenho ou uma maquete, ou de outras formas.

Também o sistema de mundos é visualizado, na sua pureza, como uma mandala, e oferecido em sua totalidade para o professor que confere os ensinamentos.

O que são sidis?

São realizações espirituais extraordinárias que podem servir para ajudar os seres. Por exemplo, o fato de lembrar o lama impede o aluno de roubar o biscoito. Esse é um sidi do lama.

A pessoa está indo roubar o biscoito, daí ela lembra o lama, lembra da bondade dele, isso desperta vergonha nela, e ela abandona a desvirtude. O lama fez muita prática, deu o exemplo, impregnou sua presença desse exemplo, e toda vez que ele é lembrado, ele possui benefício. Esse é o sidi de beneficiar pela mera lembrança.

Quão maravilhoso seria alguém lembrar de você e se direcionar para a virtude? A prática budista com certeza vai num determinado momento produzir esse sidi.

Os sidis relativos são ações que fogem do convencional e podem fazer alguém duvidar de sua reificação do que toma como sendo realidade, percebendo melhor a natureza de sonho de tudo que se apresenta. O sidi absoluto é a própria iluminação. Os sidis são obtidos através da prática da sadhana, e do refúgio no lama, yidam e khadro.

Sidis são poderes supranormais, sobrenaturais?

Sidis geral podem ser mais um obstáculo para a prática do que algo a se esperar ou comemorar, e a maioria das tradições budista desencoraja a busca de siddhis. Mesmo assim, eventualmente, eles podem ser usados como meios hábeis para beneficiar os outros.

Eles são como o oposto da mágica ou da magia, em que somos iludidos por um mágico. O benefício último no budismo é reconhecer a natureza da realidade: para o budismo vivemos em um engano de massa com relação ao que tomamos como real. Ao ver que isto que tomamos não passa de um sonho, ao nos depararmos, por exemplo, com algo "miraculoso", podemos passar a entender essa natureza onírica, e assim deixar de tomar aquilo que é irreal como real. Se, por outro lado, acabamos entendendo que o miraculoso ou o sobrenatural são características da realidade como a percebemos, nesse caso apenas aumentamos o nosso engano.

"A purificação da percepção dualista é a forma clara porém vazia da deidade". Poderias falar sobre esse ponto?

A forma mais elevada de prática de sadhana é a que combina simultaneamente estágio de desenvolvimento com estágio de completude. Assim, o reconhecimento da forma pura da deidade como algo vazio é treinado desde o princípio através de a visualizarmos numa forma "translúcida", e, da mesma forma, a tendência habitual de operar através da dualidade é purificada através da visualização concomitante de si mesmo e dos fenômenos externos como a deidade.

Quando essa tendência está purificada, a deidade naturalmente se manifesta com essas duas qualidades, clareza (luminosidade, estabilidade e nitidez) e vacuidade (ausência de qualquer noção de interno e externo).

Porém a internet não parece ser o local adequado para esclarecimento sobre prática de sadhana. Em geral esse esclarecimento só é adequadamente concedido pelo seu próprio guru.

O que é tantra, afinal? É um conjunto de ensinamentos budistas? Como fazer para praticar o tantra?

Tantra significa continuo, ou tessitura, e significa que a natureza essencial da mente nunca se perde. Também indica a linhagem ininterrupta de ensinamentos de guru a aluno dentro do tempo e também fora do tempo.

Também é o título que se dá a uma classe de textos que lida com esses aspectos, tanto no budismo quanto no hinduísmo.

Tantrayana no budismo é o mesmo que vajrayana e mantrayana. Para praticá-lo você precisa receber uma iniciação de um professor qualificado, que você reconhece como um Buda. Dessa forma você é apresentado a uma mandala de deidades, e pode praticar o meio hábil ensinado pelo lama, chamado “sadhana”. A iniciação é uma mistura de bênção, autorização, compromisso no engajamento na prática, e instrução sobre ela.

A característica principal do tantra, que o diferencia do mahayana em geral (o tantra é uma forma de mahayana) é o uso das aflições mentais como combustíveis para a prática espiritual. Ou seja, raiva, apego, e assim por diante, são reconhecidos, transformados e utilizados na sadhana. Isso não significa que podemos nos deixar levar pelas aflições, o que tem acontecido desde os tempos sem princípio, mas sim que nos comprometemos com sua natureza pura, e usamos esse reconhecimento para transformá-los.

Assim, reconhecer a natureza da raiva, por exemplo, é o revelar de uma sabedoria. O tantra em geral se foca na transmutação das aflições em sabedoria, e o caminho essencial do tantra se foca no reconhecimento da sabedoria auto-ocorrente através da prática de guru ioga.

O tantra é uma exclusividade do vajrayana?

No budismo as duas palavras, e mantrayana, são absolutos sinônimos. É a mesmíssima coisa, com nomes diferentes.

Fora do budismo, acho que a maioria dos hindus que fala em tantra não usa o termo vajrayana, que é uma forma exclusiva dos budistas de nomearem o tantra.

Existe mesmo, dentro do tantrayana, o tal "sexo tântrico"? Ou é apenas uma forma inventada para ganhar dinheiro? Se existe, o que é o sexo tântrico?

No tantra existe o "lavar pratos" tântrico, que é reconhecer a pureza inata em todos os fenômenos. Qualquer coisa, sublime ou extremamente comum, não interessa, pode ser integrada na prática tântrica. O que não existe é uma intensificação de qualquer entretenimento do samsara.

De fato a palavra é muitas vezes diretamente associada com a sexualidade por professores falsos, ou pelo menos é um indício para duvidarmos e fazermos um exame mais minucioso deste pretenso professor.

Em que livros posso ter acesso a leitura sobre como lidar com a sexualidade no vajrayana?

Não creio que existam bons livros sobre o assunto. Mas, por outro lado, qualquer ensinamento budista pode ser aplicado a qualquer aspecto da existência. Portanto, se falta alguma coisa na percepção da pessoa, ela precisa buscar isso com um professor qualificado.

A peculiaridade do vajrayana diz respeito ao uso das aflições, como a raiva e o desejo, como combustíveis da prática espiritual. Este ensinamento está ausente no mahayana, que aplica antídotos para as aflições.

Porém o vajrayana não é tópico de conversa, muito menos na internet, e o ensinamento só é vajrayana e só diz respeito ao vajrayana se acontece dentro da mandala, o compromisso sagrado entre um Buda e seus alunos. Fora disso, existe apenas a palavra "vajrayana", que não quer dizer nada.

Voltando para o mundo em geral, muitas pessoas têm dúvidas sobre sexualidade e perguntam, em geral no contexto mahayana dos ensinamentos do que se chamaria "linhagem vajrayana". Isto é, em todos os grupos vajrayana ou mahayana que já vi. E possivelmente isso ocorra com frequência também no zen e no theravada (ocasionalmente eu mesmo vi perguntas serem expostas e francamente respondidas sobre a questão no zen e no theravada).

Vajrayana é um veículo, não uma linhagem. Mas entendo que você está falando das tradições que contém ensinamentos vajrayana. Estas contém todos os ensinamentos hinayana e mahayana também, portanto em todos os aspectos os veículos não se contradizem.

Mesmo se você encontrar livros sobre o assunto, eu não recomendaria a leitura — leia somente o que seu professor recomendar.

É possível que um mestre passe instruções de prática tantrayana que não sejam através de deidades e sadhanas?

No tantrayana sempre haverá a ilusão pura e o método para atingir a realização, isto é yidam (deidade) e sadhana.

Se você quer dizer que a pessoa vai necessariamente ter um texto ou desenvolver a visualização de uma deidade, nesse caso, não.

Qual a diferença entre sonho lúcido e ioga dos sonhos?

Ioga dos sonhos é um conjunto de métodos do budismo vajrayana que busca facilitar a ocorrência de sonhos lúcidos e que, com uma variedade de métodos, transforma o sonho lúcido numa prática espiritual que pode ajudar no reconhecimento da vacuidade e da natureza da mente.

Os sonhos lúcidos ocorrem naturalmente em muitas pessoas, mas em geral a pessoa não sabe o que fazer com eles, ou eles duram muito pouco, ou ocorrem tão raramente que não passam de uma curiosidade na vida da pessoa. Os métodos do vajrayana buscam intensificar, estabilizar e dar uso a essa experiência no contexto da finalidade budista, que é a liberação e o desenvolvimento de compaixão.

O sonho lúcido é aquele em que o sonhador tem consciência de que está sonhando, mas segue no sonho.

A ioga dos sonhos é praticada necessariamente por todos que seguem o vajrayana ou vai depender das características do praticante e da formação do professor?

Ela é essencial na maioria das linhagens, mas um professor ou outro pode abrir uma exceção.

Os sonhos que temos quando estamos adormecidos têm alguma importância no Budismo?

Podem ter, mas em geral não. Há sonhos basicamente formados de carma, e perto desses, sonhos em que ensinamentos são concedidos, em que há certa clarividência, o equivalente a visões. Esses são pouco importantes. Depois há os sonhos lúcidos, que são especialmente importantes, e existe um treinamento para estabilizá-los, como uma forma de prática de meditação durante o sono. Os grandes praticantes já não sonham.

Os sonhos que temos enquanto dormimos são ilusões dentro da ilusão da vida ou não são diferentes?

Não são essencialmente diferentes, mas são diferentes.

Porque alguns Budas, como Samantabhadra, aparecem nas imagens em união com uma mulher?

Isso é chamado de pai-mãe (yab-yum), e representa a união de compaixão (aspecto masculino) com sabedoria (aspecto feminino). O casal é visto como um Buda, não é um Buda e uma mulher.

O que é a Tara Vermelha?

Tara é um Buda feminino, sua forma vermelha está vinculada principalmente a atividade de magnetização.

Chagdud Rinpoche divulgou a sadhana dessa prática de forma muito extensa por todas as partes por onde ele andou. Era sua prática externa e evidente, e ele manifestava evidentemente as características iluminadas dessa deidade, isto é, ele consumou essa prática completamente.

Qual a diferença entre um buda normal e um feminino?

Buda é um nome do gênero masculino. Portanto, quando se trata de uma mulher que despertou, é preciso adicionar o qualificativo. A diferença é que surge na forma de uma mulher para dar ensinamentos, e não na forma de um homem. Ambos são normais, e fora essa diferença, que surge para lidar com inclinações dos seres a serem ensinados, e não por vontade própria de um Buda, não há diferença.

Posso fazer a prática de Tara Vermelha em casa ou necessitaria irrefutavelmente da presença de um mestre? Como poderia proceder fazendo a prática em casa?

Você pode fazer em casa, mas precisa aprender com uma sanga. Depois que você aprender a fazer a prática e tirar suas dúvidas, você pode fazer a sadhana curta em casa sozinho. A sadhana longa só com a iniciação e com certeza não se aprende fazer uma ou duas vezes, mas é necessário fazer muitas vezes e receber instruções sobre, por exemplo, os mudras, para depois ser possível e apropriado fazer sozinho.

Qual o sentido de existirem deidades iradas numa religião que fala tanto em compaixão?

As deidades iradas são extremamente compassivas, elas não têm nenhuma vontade de prejudicar ou destruir alguém, só a negatividade. E destruir a negatividade é compaixão. Elas pisoteiam o apego ao ego, elas levam as fixações à loucura, elas pulverizam a reificação das aparências, cortam as aortas das quebras de voto, empalam a distração. A mera presença do Heruka faz os obstáculos desmaiarem. Isso é compaixão.

Por que a representação iconográfica dessas deidades iradas às vezes parece tão assustadora?

Por nossa percepção dualista, falta de conexão, ausência de méritos.

Nos tantras externos as deidades são geralmente pacíficas. Nos tantras internos — mais avançados — as deidades são iradas. Em particular os tantras internos da categoria mahayoga envolvem mandalas de muitas deidades iradas, o que se adequa a pessoas muito afortunadas com o defeito a terem muita tendência à conceptualização. Ao se autovisualizar com uma forma assustadora, muitos braços, guirlandas de crânios secos e recém cortados, com cabelos esvoaçantes, muitas cabeças, pisoteando cadáveres, e uma gangue de seres semelhantes como séquito, todos, como numa ação de exército, sobrepujando legiões de maras — impedimentos e obstáculos internos, externos e secretos — isto ocupa tanto a mente de conceptualização obsessiva que essa própria mente se torna ação incessante de compaixão.

O tantra não descarta, mas sim faz uso, de nossas tendências habituais — é um caminho de transmutação. O que nós temos, nós transformamos na deidade — totalmente embasados no refúgio e na bodicita, o desejo de levar todos os seres à iluminação, e lhes trazer benefícios temporários como prioridade secundária. A deidade é uma manifestação de nossa visão pura, de nosso compromisso com nossa própria natureza, exemplificado e corporificado pela linhagem.

Tradicionalmente receber uma iniciação de yogatantra insuperável, de um tantra interno, e fazer prática se autovisualizando como a deidade central de uma mandala de compaixão irada, era reservado aos grandes tantrikas com samaya, compromisso, muito puro — atestado após anos de convívio com um mestre imaculado. Uma prática regular desse tipo promove a iluminação na mesma vida ou no máximo durante o bardo. Porém, se o compromisso é quebrado, se as aparências são reificadas, ou se a pessoa distorce a compaixão e passa a usar a prática como uma desculpa para ser raivosa ou orgulhosa, a pessoa causa grande negatividade e renasce no inferno. Então é um caminho muito rápido para a liberação, mas com quebras de compromisso, um caminho igualmente rápido para o inferno. O próprio medo é um reflexo da raiva, então abandonar o medo é crucial para a prática do tantra.

A face da deidade irada é como a da mãe que está vendo o carro veloz indo na direção de seu filho único. Esse é o atropelamento de todos os seres pelo apego ao eu, pela reificação das aparências. Ela não vai permitir que seu filho seja esmagado pelo samsara. Nós precisamos entender que estamos sendo abraçados pela bondade da linhagem, e o compromisso é levar essa bondade a todos os seres. Repousar nessa bondade é descobrir a intensidade que permite a ação iluminada irrestrita.

O oráculo, no budismo tibetano, é um mestre que "recebe" alguma entidade? O que ele acessa para entrar em transe e fazer previsões?

Sim, ele se comunica com um protetor do darma. Eles são muito raros, mesmo no budismo tibetano. Uma meia dúzia ou menos. Não é um fenômeno importante, o budismo existiria muito bem sem ele — mas as considerações políticas, principalmente, e a proteção com relação a instabilidades sociais, isso faz a necessidade de oráculos — isto é, é para gente em posição de poder, com muita fragilidade por causa disso, como por exemplo o Dalai Lama. O grande iogue que pratica solitário na montanha talvez nunca tenha visto um oráculo na vida. Em todo caso, mesmo o Dalai Lama toma o oráculo como um ministro, alguém que dá a opinião, mas quem deve pensar em termos de sabedoria é ele mesmo, e assim acatar ou não a opinião do oráculo. Isto é, o oráculo é um mero servo do Dalai Lama e do governo tibetano.

Protetor do darma que você se refere é um ser que não existe ao nosso alcance? Como se vivesse em outra dimensão? Pode ser um ser iluminado ou não?

Está ao nosso alcance, ou pelo menos de qualquer um que faça prática de protetores. Pode ser iluminado ou um bodisatva. Alguns professores falam deles metaforicamente, outros gostam de personificá-los como algo semelhante a "espíritos". Todas as formas de budismo aceitam seres nos cinco outros reinos que não o humano com que não temos contato através dos sentidos. Há inclusive animais sutis.

O importante é entender que os pontos essenciais para o budismo são a insatisfação do samsara (todos os seis reinos) e a possibilidade da conquista do estado iluminado através do caminho do bodisatva. Se não se opuserem a isso, e a conceitos tais como impermanência e ausência do eu (além da insatisfatoriedade), então outras disciplinas e práticas são como matemática ou geografia — podem ser úteis em alguns casos, mas não necessariamente para atingir a iluminação como algo direto. A prática de protetores, portanto, existe no contexto de meio hábil para propiciar as condições para a prática espiritual — ela em si só não é a prática principal, não é uma prática exatamente espiritual, mas uma espécie de engenharia das circunstâncias. Se você souber matemática e geografia, você vai posicionar melhor seu barco — mas o objetivo é viajar, não ficar determinando posições.

Assim, a prática de protetores só é crucial no vajrayana — no mahayana e no hinayana existe prática de protetores, mas ela não é essencial, já que as grandes dificuldades surgem no caminho vajrayana. É ali que, ao se trabalhar com as aflições mentais diretamente, podemos ser tomados por elas, e virar demônios, e não praticantes espirituais. Por isso no vajrayana contratamos esses "secretários" para nos dar uns cutucões quando nos desviamos da prática, e para garantirem condições externas e internas adequadas para a prática. Mas aí, é essencial fazer a prática. A prática de protetores só ocorre quando o praticante consegue se autovisualizar como a deidade central da mandala — enquanto ele faz isso, então pode fazer oferendas e comandar as atividades dos protetores.

O que é Mahakala?

É um protetor do darma. Protetores são Budas e Bodisatvas que defendem os ensinamentos de várias formas. Sustentando as atividades, propiciando boas condições para elas, e mesmo evitando que distorções ocorram.

(É possível que Mahakala seja praticado como um yidam em certas linhagens e contextos, mas desconheço.)

O que é o "estado de dissolução e de consumação"?

Podem ser usados como sinônimos, de acordo com a tradução, mas modo geral dissolução da mandala da deidade é uma forma específica de estágio da consumação.

De forma geral, são dois os estágios da prática do vajrayana: desenvolvimento (ou geração), que envolve a prática de visualização, com todos os seus acessórios e etapas (recitação de mantras, por exemplo) ou sem elas, e consumação (ou perfeição, ou completude, ou dissolução) em que a visualização é desfeita e repousa-se no estado natural. Ambos os estágios podem ser mais elaborados ou mais simples, isto é, podem ter mais etapas ou menos etapa. Nas diversas formas de tantra, foca-se mais num ou noutro, ou em ambos ao mesmo tempo, com diferença entre meditação e pós-meditação, ou sem essa diferença no mais elevado deles.

Nesses procedimentos pode haver sadhanas mais ou menos elaboradas. As sadhanas mais elaboradas, de forma geral, são menos sofisticadas. A elaboração serve para aqueles com mais conceptualização e que predominantemente trabalham com o veneno da aversão. A forma menos elaborada é para aqueles que têm mais bem-aventurança e trabalham com a aflição do desejo, e a forma extremamente não elaborada é para aqueles que possuem grande facilidade com a não conceptualidade e cuja contaminação predominante a ser transformada é a ignorância.

Em geral a primeira prática que envolve desenvolvimento e consumação feita é o ngondro. Cada ngondro possui peculiaridades próprias, mas eles em geral possuem formas simples (mais ou menos demoradas, dependendo da prática) desses dois estágios. Tendo treinado com o ngondro, a pessoa passa a praticar uma sadhana “principal”.

A prática começa com uma enorme diversidade de atividades, em particular se focando nos votos de refúgio e bodisatva e em amealhar uma grande quantidade de méritos – com o aspecto de sabedoria breve e coroando esse esforço. Depois, com a naturalidade que deveria advir dessas repetições, refúgio, voto de bodisatva e acumulação de méritos vão ficando menos elaboradas e mais concisas, e a etapa de sabedoria vai ganhando elaboração e demorando mais. É aqui que o estágio do desenvolvimento passa a ser central, embora a consumação também passe a cada vez mais ser focada. Enfim, a consumação é focada muito mais do que os outros estágios, e num determinado ponto se torna simultânea com toda a prática, integralmente, e noutro ponto determinado, também com toda atividade do praticante, formal ou informal, dentro ou fora da sessão. Na verdade, quando falamos em todos esses passos paulatinos, isso não necessariamente ocorre nessa ordem: podemos começar com a instrução de integrar tudo, e ao reparar que nem sempre conseguimos, seguimos a instrução logo anterior que nos pareça possível praticar.

Gradual e direto (o causal e o não causal) não são tidos como opostos, mas na visão da imanência da sabedoria no tantra, ocorrem simultaneamente. Toda a prática, desde o início, repousa no reconhecimento da própria natureza, e a do lama e da sanga, como sendo inseparável do corpo, fala e mente do Buda. Com base nisso, a prática se desenvolve gradual ou instantaneamente, com ou sem esforço, de acordo meramente com o acúmen do praticante.

Ao que se referem os termos externo, interno e secreto na nomenclatura budista ou budista tibetana?

Muitas coisas, de formas diferentes. Um exemplo... externo: mundo; interno: corpo; secreto: mente. Também corresponde aos níveis de corpo, fala e mente. Mudra, mantra e samadhi.

Em termos de obstáculos, externo é o que está fora de nosso controle nesta vida, as circunstâncias mais amplas, tais como epidemias, terremotos, e as mais próximas, doenças, o atraso do trem, ser assaltado. Interno é o que está fora de nosso controle ao longo de várias vidas: hábitos e tendências, aflições mentais. Secreto é o que nos prende desde o início, a ignorância, o não reconhecimento do estado natural.

Também são as nossas falhas evidentes a todos, as que sabemos mas os outros não conhecem bem, e as que nem nós mesmos estamos cientes.

Enfim, eles utilizam esses três níveis para falar de tudo. Refere-se a uma esfera global, impessoal, coletiva, o mundo; a esfera pessoal, própria, particular; e a uma esfera essencial, nem pessoal, nem impessoal — se é que se pode dizer isso.

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